Esquadrão Suicida- Caminhando a passos curtos

A Warner está tentando construir um universo DC nos cinemas, após ver o grande sucesso que a Marvel conseguiu em seus filmes. Já nos entregou Homem de Aço e Batman vs Superman, que, embora tenham algumas qualidades, não foram filmes satisfatórios. Agora o estúdio faz uma aposta diferente, saem os heróis e entram os vilões que juntos formam a equipe do Esquadrão Suicida.

Como de costume, antes de tecer meus comentários aqui vai uma breve sinopse: Após a aparição do Superman, a agente Amanda Waller (Viola Davis) está convencida que o governo americano precisa ter sua própria equipe de metahumanos, para combater possíveis ameaças. Para tanto ela cria o projeto do Esquadrão Suicida, onde perigosos vilões encarcerados são obrigados a executar missões a mando do governo. Caso sejam bem-sucedidos, eles têm suas penas abreviadas em 10 anos. Caso contrário, simplesmente morrem. O grupo é autorizado pelo governo após o súbito ataque de Magia (Cara Delevingne), uma das “convocadas” por Amanda, que se volta contra ela. Desta forma, Rick Flagg (Joel Kinnaman) Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), Katana (Karen Fukuhara) El Diablo (Jay Hernandez) e Amarra (Adam Beach) são convocados para a missão. Paralelamente, o Coringa (Jared Leto) aproveita a oportunidade para tentar resgatar o amor de sua vida: Arlequina.

O Esquadrão Suicida é uma equipe pouco popular até mesmo pra quem lê quadrinhos com certa frequência, pois nunca teve muito destaque e é formada por personagens pouco conhecidos. No filme isso já não é completamente verdade, já que temos uma mescla de equipes dos quadrinhos com membros que nunca participaram do Esquadrão, além da presença de grandes atores que chamam a atenção do público.

O filme tem um início muito bom. David Ayer insere maneirismos muito interessantes em sua direção, além de grafismos na apresentação dos personagens que remetem a estética de quadrinhos. Ele também assina o roteiro, que mantém certa linearidade apesar de algumas incongruências, principalmente no nível de poder da ameaça e da equipe que a enfrenta. O filme sofre com um problema de ritmo, pois entre o segundo e terceiro ato entra em um marasmo que pode te fazer olhar no relógio e se perguntar quanto tempo falta pro final. Mesmo que no final o diretor consiga impor o ritmo novamente, o filme não recupera o frescor de seu início.

Quanto às atuações, destaque para três personagens: Pistoleiro, Arlequina e Amanda Waller. Will Smith é sempre Will Smith e por mais que costume forçar um protagonismo em seus filmes (aqui não é muito diferente), aqui ele não incomoda e graças ao seu carisma agrada bastante. Margot Robbie transmite toda a loucura que a Arlequina transborda, as vezes parece um pouco falso mas isso serve para mostrar o esforço da personagem em querer ser louca, em querer ser igual ao seu grande amor. Viola Davis dá um show, sua Amanda Waller está perfeita sendo uma personagem que não tem medo de ninguém e que não hesita em tomar qualquer tipo de decisão que a faça atingir seus objetivos. Gostei também do Capitão Bumerangue, que merecia mais tempo de tela e da interação de El Diablo com o resto da equipe. O Rick Flagg de Joel Kinnaman é um personagem militar muito genérico e nos faz sentir falta de Tom Hardy, que estava no elenco na pré-produção, no filme. Os outros membros da equipe nem merecem menção, pois são bem irrelevantes na trama.

E o Coringa de Jared Leto? Bem, sendo bem justo, o personagem tem bem pouco tempo de tela para uma avaliação mais precisa da atuação de Jared e não há como compará-lo com seu antecessor. O que posso dizer é que gostei do pouco que vi, o ator explorou somente alguns aspectos do personagem e espero que ele tenha oportunidade de explorá-lo ainda mais nos próximos filmes. Ah, antes que eu me esqueça, se você não gostou do visual gângster dele, ao menos dá pra dizer que é condizente com a estética do filme.

A trilha sonora reúne várias músicas super conhecidas, mas que na maioria das vezes são mal utilizadas ou utilizadas de maneira meio óbvia (por exemplo tocar Simpathy for the Devil quando Amanda Waller aparece). Fora que há uma sequência incessante de músicas em uma parte do filme que faz as cenas parecerem uma sequência de videoclipes. É possível perceber também que as refilmagens pelas quais o filme passou afetaram um pouco a narrativa e talvez isso justifique a queda de ritmo que mencionei anteriormente.

No geral, Esquadrão Suicida é um filme que diverte apesar de suas falhas e está bem longe de ser o filme horrível que a maioria dos críticos está apontando por aí. O filme é melhor que Batman Vs Superman e mostra que a Warner entendeu o recado e está, mesmo que a passos muito curtos, tentando achar um novo tom para seus filmes. Vá ao cinema e tire suas próprias conclusões, já que de forma alguma o ingresso será um desperdício de dinheiro.

Nota: 6,5/10

Ficha Técnica

Duração: 130 minutos
Estúdio: Warner Bros. Pictures
Direção:
 David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie, Joel Kinnaman, Viola Davis, Jai Courtney, Karen Fukuhara, Jay Hernandez, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Ike Barinholtz, Scott Eastwood, Cara Delevingne

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.