Game of Thrones – Análise completa do 5º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Salve, Justiceiros!

Esse foi mais um episódio de GoT com muita coisa grande acontecendo, tem muita coisa pra analisar e comentar, então vamos ao que interessa:

Em Castelo Negro / Vila Toupeira

Sansa está em Castelo Negro e recebe uma mensagem de Mindinho, dizendo para encontra-lo em Vila Toupeira, uma pequena vila ao sul da Muralha.

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A garota o confronta por tê-la entregado aos Bolton, e Mindinho pede desculpas, dizendo que não sabia da crueldade de Ramsey, e por incrível que pareça, nesse ponto ele aparentemente está falando a verdade.

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Mindinho ama Sansa, ainda que de um jeito doentio. Além disso, ele é um estrategista, e Sansa é uma de suas peças mais valiosas no jogo dos tronos. Mindinho e Sansa sabiam que os Bolton haviam traído os Stark, mas ele acreditava que Stannis (que na época ainda estava na Muralha) tiraria os Bolton de Winterfell. Pra refrescar a memória de vocês, há uma cena no episódio 04 da quinta temporada em que Mindinho diz as seguintes palavras a Sansa, nas criptas de Winterfell:

“Stannis tem um exército maior. Ele é o melhor comandante militar de Westeros. Um homem de apostas colocaria o seu dinheiro em Stannis. E por acaso eu sou um homem de apostas.”

Mas como sabemos, a experiência militar de Stannis não serviu de nada no terreno gélido nortista, e ele foi derrotado pela neve, o que restou de suas forças foi surrado por Ramsey, e por fim sua vida foi tirada por Brienne.

Mindinho acreditava que ainda que isso acontecesse, Sansa seria capaz de dominar Ramsey. Naquela época, Sansa tinha medo de Roose Bolton. Mas se dependesse apenas de Roose Bolton (um homem frio, calculista, traidor e sem escrúpulos, mas não necessariamente cruel), ela não teria sofrido dessa forma. Mas Ramsey é o elemento imprevisível da situação: cruel, sádico e louco. Com toda sua inteligência e estratégia, Mindinho não pôde prever isso, e por essa razão, além do estranho amor que ele tem por Sansa, podemos acreditar que o pedido de desculpas dele é sincero. Ele pode estar usando Sansa para seus objetivos políticos, como sempre, mas nesse momento ele se apresenta a Sansa desprotegido e desarmado, sinceramente arrependido, pois pelo erro dele ela foi estuprada, espancada e humilhada por Ramsey.

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Mindinho é um personagem bastante complexo, e um dos mais profundos da história. Esse encontro acontece nas ruídas do bordel de Vila Toupeira, que é frequentado pelos irmãos da Patrulha da Noite, assim como ele encontrou Catelyn Stark (mãe de Sansa) e Olenna Tyrell num bordel em Porto Real. A prostituição é um tema importante na história de Mindinho. A própria situação de Mindinho entregando Sansa aos Bolton é quase uma “cafetinagem”. Muito da história de Mindinho está relacionada com seu desejo amoroso e sexual por Catelyn, seu domínio igualmente sexual e amoroso sobre Lysa (irmã de Catelyn), o que por sua vez está associado aos seus sentimentos de poder e autoestima. Uma de suas falas mais significativas é “Eu vão vou lutar contra eles, eu vou fodê-los. Isso é o que eu sei, isso é o que eu sou.” Na mente de Mindinho, o sexo está profundamente relacionado ao poder e ao controle.

Além disso, se você pensar bem, não é difícil se identificar com Mindinho. Ele nasceu pobre, sem nome e foi obrigado a assistir os nobres fazendo coisas que ele nunca poderia. Se apaixonou por Catelyn, mas foi surrado e humilhado por seu pretendente Brandon Stark (irmão mais velho de Ned), e mesmo que isso não tivesse acontecido, ele nunca poderia ficar com Catelyn pelo simples fato de não ser nobre. As únicas armas de Mindinho no mundo são sua astúcia e inteligência. Embora isso não justifique sua falta de escrúpulos, você consegue no mínimo entender o que o levou a ser como é.

De toda forma, Mindinho oferece a Sansa o poder dos cavaleiros do Vale, mas ela recusa, e ela provavelmente está certa em não confiar nele. Mas esses cavaleiros provavelmente irão aparecer na batalha de Winterfell de qualquer forma.

Ele também traz a notícia de que os Tully, liderados por Brynden Peixe Negro (tio de Catelyn), retomaram Correrio, e poderia apoiar Sansa no Norte, o que seria uma grande ajuda.

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E por fim, na saída, Mindinho tenta plantar a semente da dúvida em Sansa sobre a confiança em seu meio irmão Jon, e aparentemente consegue…

Em Braavos

Arya mostra grandes melhoras em sua técnica de luta com bastão, embora a utilidade de uma luta aberta seja questionável para assassinos tão furtivos como os Homens sem Rosto… Além disso, a acólita parece nutrir algum tipo de rancor por Arya, mas por enquanto não temos como saber se é legítimo ou se é só mais uma tentativa de provocação emocional que faz parte do treinamento.

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Um membro com o rosto de Jaqen aparece e conta para Arya a história de como os Homens sem Rosto surgiram. Foi há centenas de anos em Valyria, o império dos Senhors dos Dragões originais, que governou a maior parte do mundo conhecido através do poder de seus dragões e escravos. Nos livros, aprendemos que os escravos mineravam ouro sob as montanhas vulcânicas chamadas de Quatorze Chamas, e que o trabalho nas minas era tão quente e pesado que os escravos rezavam por um fim do seu sofrimento. O primeiro Homem sem Rosto foi alguém que dava aos escravos o presente da morte. Arya diz que ele deveria ter matado os mestres e não os escravos, e Jaqen (ou seja lá quem esteja usando o rosto de Jaqen) diz que o primeiro Homem sem Rosto traria o presente da morte aos mestres também. Uma teoria popular entre os fãs (mais uma, dentre as dezenas que já citamos nessa coluna…) diz que os Homens sem Rosto causaram a Perdição de Valyria, a massiva catástrofe que subitamente destruiu o Império Valyriano há cerca de 400 anos. Se for verdade que os Homens se Rosto estiveram por trás da queda de Valyria, pode ser que eles não gostem muito de Daenerys

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Arya recebe a ordem de matar uma atriz, então ela vai a uma peça para descobrir mais sobre seu alvo. Essa é uma cena fantástica, pois além de mostrar um teatro popular divertido os camponeses, retrata a visão que os camponeses têm do jogo dos tronos. Os camponeses vivem suas vidas simples e quase sem significado para os grandes senhores, então é natural que a visão deles seja distorcida e que eles encontrem algum conforto em rir das tragédias dos poderosos sendo retratadas de forma jocosa e cômica.

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Mas a cena que está sendo interpretada pelos artistas é justamente a morte do Rei Robert, seguida pela curta regência e consequente morte de Ned, de modo que Arya é forçada a passar de novo pelo horror de ver seu pai sendo decapitado. Provavelmente isso é um teste cuidadosamente planejado pelos Homens sem Rosto: para se tornar ninguém, Arya precisa se desvincular de suas emoções relacionadas a essas memórias, das pessoas que ela ama, de quem ela é.

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Logo após, Arya espiona a atriz Crane, a quem deve matar, embora pareça ser uma pessoa decente. De volta ao templo, Arya manifesta sua dúvida sobre cometer esse assassinato e especula que a “contratante” possa ser uma outra atriz que tem inveja de Lady Crane. Mas se ela quer ser um membro dos Homens sem Rosto, ela não deve se importar e tampouco fazer questionamentos, ela deve apenas obedecer cegamente. Novamente, ela está sendo testada. Será que ela será capaz de desistir de seu senso de justiça?

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Além da Muralha

Bran está em mais uma de suas visões, que traz mais uma revelação bombástica: os Filhos da Floresta criaram os Caminhantes Brancos (os Outros) como uma arma para combater os Primeiros Homens, na época em que estes últimos invadiam Westeros, cerca de 10 mil anos atrás.

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A história de Westeros conta que em um dado momento, os Filhos da Floresta e os Primeiros homens fizeram um pacto de paz, possivelmente para se unir contra os Caminhantes Brancos. Essa cena sugere que o motivo do pacto foi o fato de que os Filhos da Floresta não conseguiram controlar sua criação, os Caminhantes Brancos.

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Há muito para ser explicado ainda, mas pudemos ver também que o Vidro de Dragão (obsidiana) foi usado na criação dos Caminhantes Brancos. Ou seja, a arma mais eficaz contra eles é a própria coisa que os criou. Mas a obsidiana não afeta os zumbis da mesma forma, então talvez as coisas tenham fugido do controle dos Filhos da Floresta justamente quando os Caminhantes Brancos começaram a levantar os zumbis… (apenas uma suposição minha)

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Além disso, o ser humano que foi transformado no primeiro Caminhante Branco parece ser o Rei da Noite (o líder dos Outros até hoje), o que quer dizer que ele tem milhares de anos de idade (isso explica por que houve milhares de anos de intervalo entre os ataques dos Outros). A mesma observação pode ser feita em relação a Folha, a Filha da Floresta que interage com Bran no presente, embora de toda forma isso não se aplique aos livros, pois lá é dito que Folha tem “apenas” duzentos anos de idade.

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Outro detalhe: o padrão das pedras em volta da árvore onde os Outros foram criados é o mesmo padrão de corpos que os Outros deixaram após a batalha na terceira temporada, em que eles derrotaram a Patrulha da Noite no Punho dos Primeiros Homens. Parece que os Outros imitam os símbolos usados por seus criadores.

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Por fim, essa revelação bombástica pode não acontecer dessa forma nos livros. Como os leitores dos livros sabem, os Caminhantes Brancos são beeem diferentes e mais misteriosos nos livros do que a versão apresentada na série.

Nas Ilhas de Ferro

Os Homens de Ferro finalmente realizam o Kingsmoot, a Assembléia dos Homens Livres. Yara fala sobre trazer novamente a grandeza das Ilhas de Ferro, e quando um capitão a questiona por ser mulher, Theon a apoia. Parece tudo certo, até que Euron aparece, faz piada de Yara e Theon e abertamente admite ter matado o Rei Balon, seu irmão. Ele diz aos capitães que irá conseguir a aliança de Daenerys, a Rainha dos Dragões, para dominar Westeros, e com essa promessa ele vira o novo Rei das Ilhas de Ferro.

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Essa cena é muito mais legal nos livros. Lá Euron é um pirata carismático, misterioso e meio louco (alguma semelhança com algo que já vimos no cinema?), e além de trazer presentes para os capitães, ele tem uma corneta mágica que supostamente veio das ruínas de Valyria e lhe dará o poder de controlar dragões. Infelizmente não vemos nada disso na série.

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O discurso de Yara nos livros também é muito melhor: lá ela fala de como as recentes campanhas militares dos Homens de Ferro foram fracassadas, e acredita que seria mais vantajoso para as Ilhas de Ferro fazer um acordo de paz com o Norte em troca de terras.

Enfim, a versão da série para o Kingsmoot é ok, mas nem de longe interessante como nos livros. A única mudança interessante é que nos livros Theon não está na Assembléia, e na série é legal que ele esteja lá para apoiar Yara.

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Logo depois da derrota, Yara e Theon foge com os melhores navios, e Euron diz que irá caçá-los e ordena que mil novos navios sejam construídos (como se isso fosse algo simples e rápido de fazer…). O que acontecerá agora, aparentemente, é uma corrida para ver quem chega a Daenerys primeiro.

Em Vaes Dothrak

Daenerys e Jorah tem uma reunião emotiva em que ela finalmente o perdoa e comanda que ele encontre uma cura para sua Escamagris, o que será a nova motivação de Jorah, que praticamente já tinha perdido a vontade de viver.

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Nos livros, pelo menos, não existe cura para essa doença mortal, mas pode ser que Jorah acabe conseguindo ajuda com um sacerdote de R’hllor para queimar seu braço infectado num ritual de fogo. Algo parecido acontece nos livros com outro personagem: Victarion Greyjoy (outro tio de Yara e Theon) tem uma ferida infectada no braço (embora não seja causada por Escamagris) e tem seu braço queimado por um sacerdote vermelho.

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Dany então cavalga em direção a Meereen, com seu novo e imenso Khalasar.

Em Meereen

Varys aponta que o acordo de paz feito por Tyrion com os mestres escravagistas parece estar funcionando, mas Tyrion acha que eles ainda podem ter problemas de “Relações Públicas”, já que o povo ainda não sabe que foi o governo de Daenerys que trouxe a paz. Eles então convocam Kinvara, a alta sacerdotisa vermelha de Volantis, que concorda em “espalhar a palavra” de Daenerys, pois acredita que ela seja Azor Ahai, o profetizado salvador do mundo.

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Nos livros esse núcleo é bem mais complexo: além do fato de Tyrion não estar (ainda) governando Meereen (na verdade ele ainda está escravizado junto com Jorah), o sumo sacerdote de R’hllor em Volantis é um homem chamado Benerro, que secretamente envia um outro sacerdote, Moqorro, como emissário para falar com Daenerys, mas o navio de Moqorro naufraga e ele acaba se juntando a Victarion, de quem cura uma infecção na mão usando um ritual de fogo (como mencionei acima). Ou seja, a série está um passo além dos livros e deu uma bela simplificada no núcleo, mas isso não é necessariamente ruim.

Na minha análise do primeiro episódio dessa temporada, eu havia cogitado a possibilidade de que o sacerdote vermelho que apareceu discursando em Meereen fosse Moqorro, mas isso caiu por terra agora.

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De toda forma, Varys contesta a afirmação de Kinvara de que Dany é Azor Ahai, dizendo que que Melisandre, uma outra sacerdotisa vermelha, já fez a mesma afirmação sobre Stannis Baratheon e agora sobre Jon Snow. Mas Kinvare rebate, falando da castração de Varys quando ele era uma criança. Varys teve sua genitália arrancada e queimada num ritual, e lembra de ter ouvido uma voz vindo das chamas. Kinvara afirma saber o que a voz dizia e de quem ela era, e Varys, que normalmente é tão frio e controlado, fica realmente abalado.

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Nota: Varys e Mindinho são os dois personagens mais manipuladores, tanto nos livros como na série. Ambos são o poder controlador que reside nos segredos e nas sombras, e nesse episódio vimos de uma vez os dois sendo confrontados e ficando abalados, o que pode significar uma mudança nas estruturas de poder da série.

Novamente Além da Muralha

O Corvo de Sangue está adormecido e Bran aproveita para adentrar sua mente, e volta ao lugar onde ele viu os Outros sendo criados. Mas agora o lugar esta tomado pela neve, e ele encontra o que parecem ser os líderes dos Caminhantes Brancos, incluindo o Rei da Noite, que foi transformado pelos Filhos da Floresta na visão anterior (que, como dissemos, era de um acontecimento mais de dez mil anos antes do tempo presente).

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De alguma forma, o Rei da Noite toca o braço de Bran dentro da visão, deixando uma marca em sua carne real, quebrando a proteção que impedia que os Outros entrassem na caverna. Agora o treinamento de Bran tem que terminar rápido, embora ele não esteja pronto, como o Corvo de Sangue diz claramente.

Castelo Negro

Vemos conselho estratégico formado por Jon, Sansa, Davos, Tormund, Brienne, Edd e Melisandre, discutindo sobre quais casas nortistas irão apoiá-los. Os Bolton já tem os Umber e os Karstark, que são duas das maiores, mais Jon e Sansa ainda podem conseguir o apoio dos Manderly, Glover, Mormont, Cerwyn, Hornwood, Tallhart e outras menores.

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Sansa também fala dos Tully, que embora não sejam nortistas, poderiam ser uma grande ajuda, mas ela mente para esconder seu encontro com Mindinho. Não fica claro ainda por que Sansa contou essa mentira, uma vez que ela parece confiar em Jon. Talvez ela apenas queira manter Mindinho fora de tudo isso.

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Depois dessa reunião, Sansa comanda que Brienne vá falar com seu tio Peixe Negro em Correrio. Entrementes, Brienne não confia em Melisandre e Davos, e questiona por que Sansa mentiu para Jon, mas a garota fica sem resposta. Além disso, depois do lançamento do episódio, alguns fãs tem especulado que o fato de Brienne ir para Correrio pode significar que ela irá encontrar no caminho um importante personagem dos livros que até agora foi negligenciado na série: a Senhora Coração de Pedra. Se você por acaso não leu os livros e ainda não sabe quem é essa personagem, não vou dar esse grande spoiler aqui pois pode ser uma surpresa bacana para o fim dessa temporada. Sinceramente espero que aconteça, mas não tenho grandes esperanças.

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Todos partem para recrutar esses aliados, deixando Edd no comando de Castelo Negro, e Jon faz uma piadinha sobre “não deixar a Muralha cair”, o que ironicamente pode acabar acontecendo, se algumas teorias de fãs estiverem certas…

Mas antes de pularmos para o próximo núcleo, reparem só no sorrisão de Tormund para Brienne:

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Mais uma vez além da Muralha

Meera e Hodor fazem os preparativos para partir enquanto o Corvo de Sangue leva Bran para uma última visão. Logo os Outros estão na porta da caverna e começam a invadir. Meera tenta desesperadamente acordar Bran, para que ele entre no corpo de Hodor para ajuda-los a fugir. Bran não acorda, mas ouve os gritos de Meera dentro da visão – ele está novamente em Winterfell, no momento em que seu pai está partindo para o Vale, e ali também está presente Willys, o jovem cavalariço que virá a ser Hodor. Bran então “warga” no corpo de Hodor a partir da visão do passado.

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A caverna está sendo invadida por zumbis, os Filhos da Floresta morrem um por um. Um Caminhante Branco aparece e Meera consegue mata-lo com uma lança de obsidiana, mas o número de zumbis aparecendo é muito grande e Verão se sacrifica para dar ao grupo tempo de fugir.

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Leitores, acreditem em mim quando digo que fiquei PUTO nessa parte. Sério, soquei a mesa. A morte do Verão não teve outro motivo que não fosse facilitar a vida dos produtores da série na gravação das cenas do núcleo de Bran, ignorou todo o significado dos lobos atrozes das crianças Stark na história, e além de tudo não faz sentido, porque ainda que o número de zumbis fosse grande, eles não conseguiriam subjugar um lobo atroz tão facilmente como foi mostrado na cena.

Mas respirando fundo e continuando:

O corpo do Corvo de Sangue fica desprotegido e ele é morto pelo Rei da Noite, fazendo com que ele desapareça também da visão do passado que ocorre paralelamente. No tempo presente, Folha (possivelmente a última dos Filhos da Floresta) também se sacrifica para que o grupo continue. Eles saem da caverna por uma porta de madeira e Meera passa a puxar o trenó com o corpo de Bran, dizendo a Hodor para segurar a porta. Na visão do passado, o grito de Meera é novamente ouvido por Bran, que novamente warga no corpo de Hodor através de sua contraparte no passado, o jovem Willys, que entra em colapso, caindo no chão enquanto repete a ordem que lhe foi dada: “Hold the Door” (“segure a porta”, em inglês).

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Então, numa triste epifania, descobrimos finalmente a história e o motivo do vocabulário de Hodor se limitar a “Hodor”: trata-se de uma aglutinação das palavras que foram a última ordem que ele recebeu.

HOld the DOoR

HOld DOoR

HO-DOoR

HODOR…

Hodor…

Willys era uma criança feliz e saudável que teve sua mente e sua vida inteira roubadas. Cada palavra que ele disse pelo resto da vida foi uma premonição de sua morte, embora todos à sua volta tratassem isso como algo engraçado. Ele aparentemente nunca teve escolha. Será que toda a vida ele sabia a forma como iria morrer? Ou ele foi apenas um homem deficiente usado por um esquema que ele sequer entendia? Pior: ele provavelmente irá se levantar como zumbi, forçado a servir numa luta que não era dele, mesmo após a morte.

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A primeira coisa que muitos fãs se perguntaram (eu inclusive) foi se essa grande revelação era algo exclusivo da série, mas na noite de segunda-feira após a estreia do episódio, o autor George R. R. Martin foi questionado sobre isso numa entrevista, e confirmou que foi ele quem deu a informação aos produtores da série.

O autor disse ainda que a revelação nos livros terá um contexto diferente, ou seja, o nome irá significar a mesma coisa (Hold the Door), mas será revelado numa situação bem diferente da que a série retratou. Ele disse ainda que teve a idéia em 1991, quando começou a escrever o primeiro livro da série, e ficou triste de ver a série revelando o segredo antes dele.

Voltando à morte de Verão, é triste ver como os produtores da série ignoram o significado e a importância dos lobos atrozes na história. Nos livros, fica implícito que os lobos foram enviados pelos deuses para proteger as crianças Stark (nós bem sabemos como elas iriam precisar), e todos compartilhavam uma conexão muito forte com seu respectivo dono. Vento Cinzento ajudou a formar a imagem de Robb como Rei do Norte e assegurar a lealdade de alguns de seus vassalos; Verão e Cão Felpudo salvaram a vida de Bran e Rickon muitas vezes.

Dois dos lobos de fato morrem nos livros: Vento Cinzento e Lady. Mas mesmo suas mortes têm grande significado. Se Robb tivesse confiado nos instintos de Vento Cinzento, talvez não tivesse morrido no Casamento Vermelho. E se Ned tivesse tido mais coragem de peitar Robert e Cersei, em vez de ceifar a vida de Lady, talvez Sansa não o tivesse traído, contando seus planos diretamente para Cersei. Além disso, se Jon tivesse escutado o alerta de Fantasma, talvez não tivesse morrido pela traição alguns de seus irmãos da Patrulha.

Mas a morte de Cão Felpudo e Verão na série foi desnecessária e desrespeitosa. Sobraram vivos apenas Fantasma e Nymeria, sendo que esta última dificilmente irá aparecer na série novamente.

Não tão frustrante, mas ainda assim com grandes consequências, é a morte do Corvo de Sangue. Ele é um dos personagens mais poderosos, velhos e sábios da história, e ainda assim não descobrimos quase nada sobre ele antes que ele morresse na série. Nos livros, sabemos que ele é um velho bastardo Targaryen de mais de cem anos de idade que no passado já foi Lorde Comandante da Patrulha da Noite, mas além disso também sabemos muito pouco. Como ele se mesclou à árvore sagrada na caverna? O que ele sabe? Quais são seus objetivos?

E até onde sabemos, os Filhos da Floresta dentro da caverna eram os últimos sobreviventes dessa raça no mundo. Se isto se confirmar, eles acabaram de ser extintos na série.

Corvo de Sangue… Verão… Folha… Hodor… todos mortos por culpa de Bran. Uma cagada homérica com a qual ele terá que lidar para o resto da vida. No caso de Hodor, Bran conseguiu numa tacada só destruir o passado, o presente e o futuro. E agora, com a marca do Rei da Noite em seu braço, será que Bran poderá voltar para o sul? Possivelmente, fazendo isso ele permitirá que os Outros atravessem o bloqueio mágico da Muralha, assim como eles atravessaram o bloqueio mágico da caverna.

E mesmo agora, ele e Meera estão no meio do nada, com um exército de Caminhantes Brancos e zumbis atrás deles. Eles vão precisar de ajuda, que provavelmente virá de uma figura misteriosa vestida de preto que apareceu nos trailers. Será o Mãos Frias? Será Benjen Stark, tio de Bran e Jon? Ou uma combinação dos dois, como a série tende a fazer? O próximo episódio nos dirá.

Conclusão

Wow, esse episódio foi de tirar o fôlego! O plot twist do final, com a revelação da história de Hodor, é provavelmente a cena mais chocante da série desde o Casamento Vermelho e a luta de Oberyn com o Montanha.

A revelação de que os Caminhantes Brancos são soldados criados pelos Filho da Floresta para lutar contra os humanos também é algo grande com muitas implicações.

Sobre a morte de Verão, só tristeza. De todas as mortes “desnecessárias” na série, essa foi provavelmente a mais frustrante pra mim. Mas toquemos o barco… pelo menos essa sexta temporada está valendo a pena. Estamos apenas na metade, e todos os episódios até agora foram interessantes, a maioria com grandes revelações.

Vamos ver o que o próximo domingo trará.

Veja também:

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Game of Thrones – Análise completa do 3º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.