Game of Thrones – Análise completa do 2º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Salve, Justiceiros!

Muita coisa aconteceu nesse segundo episódio, incluindo uma das maiores revelações da série até o momento (que você já deve saber mesmo que não tenha assistido – todo mundo só fala disso!). Então, sem mais delongas, vamos à análise do episódio por núcleos:

Além da Muralha

O episódio começa com Bran, em seu treinamento com Bloodraven (conhecido nos livros como o Corvo de Três Olhos). Pra quem não lembra, Bran o havia encontrado no último episódio da quarta temporada (sim, Bran ficou sumido durante a quinta inteira!), e o Bloodraven é de alguma forma conectado com os Antigos Deuses do Norte e os Filhos da Floresta (que são, numa comparação simples, algo como os elfos de Westeros).

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E embora o Bloodraven tenha aparecido por meros dois minutos na quarta temporada, os mais atentos devem ter percebido que não apenas o ator foi trocado, como tanto ele quanto Bran receberam cortes de cabelo (!?!) que, dado o contexto da cena, seriam absolutamente desnecessários… Ah, a atriz que fazia Folha, Filha da Floresta, foi mudada também (continuidade mandou um abraço).

Bran está lá para ser treinado na tal visão verde (ou sonho verde), que é a habilidade de ver eventos do passado, presente ou futuro através de sonhos, e os corpos físicos de ambos estão em pleno transe, enquanto suas mentes estão imersas no mesmo sonho verde: uma visão de Winterfell na época em que Ned Stark, pai de Bran, era criança. Aparecem também versões jovens de Benjen Stark, Sor Rodrik Cassel, a Velha Ama (que já era velha na época), um jovem Hodor (que é chamado de Wylis e fala!) e, principalmente, Lyanna Stark.

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Os produtores da série foram muito competentes nessa cena, que é tomada por sutis detalhes visuais cuidadosamente colocados ali. Lyanna chega cavalgando com maestria (nos livros, ela é lembrada por isso).

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Da esquerda para direita, versões jovens de: Benjen, Ned, Lyanna e Rodrik

E Ned, após derrubar Benjen, afetuosamente o segura pela nuca e diz “Mantenha seu escudo alto, ou farei sua cabeça soar como um sino”, as exatas palavras, na exata situação, que Jon disse para Olly no 1º episódio da 5ª temporada.

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Jon sem dúvida aprendeu essas palavras de Robb ou do próprio Ned enquanto treinava no pátio de Winterfell. Isso significa que Jon travava Olly como um filho ou irmão, o que faz a traição de Olly ainda mais triste 🙁

Além disso, a cena mostra Meera Reed do lado de fora da caverna, sentindo a dor da morte do irmão, além da frustração de estar presa ali. Folha (a Filha da Floresta) diz que “Bran não vai ficar aqui para sempre”, o que vai contra uma difundida teoria entre os fãs de que Bran irá se tornar o Bloodraven (e portanto ficar pra sempre na caverna), mas pode também ter sido uma escorregada de roteiro.

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De toda forma, muito da história de Game of Thrones nos livros é contada através de memórias dos personagens, e os produtores haviam relutado em usar o recurso de flashbacks até hoje (exceto pela cena de Cersei jovem com a bruxa no começo da quinta temporada). No entanto, há muitos personagens importantíssimos para a trama que, no começo da história, já estão mortos. Lyanna Stark é um deles, e ela aparece pela primeira vez nessa visão de Bran.

Espero que nesta sexta temporada eles utilizem as cenas de Bran para fazer isso mais vezes, explorando os acontecimentos passados da história – e ao que tudo indica, isso será feito já no próximo episódio (vejam o trailer), com a cena da Torre da Alegria, o local onde Lyanna estava supostamente cativa após ser raptada por Rhaegar Targaryen. Ned vai até lá para resgatá-la com alguns companheiros (incluindo Howland Reed, pai de Jojen e Meera), e tem uma luta épica com três espadachins lendários, membros da guarda real que estavam protegendo a torre. E tudo isso possivelmente culminará com a resolução de um dos maiores mistérios da série: quem é a mãe de Jon Snow.

Na Muralha

Alliser Thorne está prestes a invadir o quarto onde Sor Davos e alguns patrulheiros leais guardam o corpo de Jon Snow, mas os selvagens invadem Castelo Negro, liderados por Edd Doloroso e Tormund, e com o apoio do gigante Wun Wun. A luta sequer acontece, pois a vantagem dos invasores é evidente, e Alliser Throne é preso juntamente com os demais traidores.

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Ver os selvagens no controle de Castelo Negro é algo histórico, até onde sabemos inédito na história de Westeros. Voltaremos à Muralha no fim do episódio…

Em Porto Real

Nas ruas, um homem comum difama Cersei, apenas para ter a cabeça esmagada por Sor Robert Strong, que obviamente é o zumbi reanimado de Sor Gregor Clegane.

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Tommen proíbe Cersei de ir ao funeral de Myrcella, e diz a Jaime que fez isso para protegê-la. Depois ele pede perdão à mãe e pede que ela o ensine como ser forte, o que obviamente vai dar merda.

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Ainda no Septo de Baelor, Jaime ameaça o Alto Septão, mas é ameaçado de volta, ao que o velho diz (referindo-se ao povo comum que apenas assiste o jogo dos tronos das famílias ricas) “cada um de nós é pobre e sem poder, mas juntos podemos destruir um império”.

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“Cada um de nós é pobre e sem poder, mas juntos podemos destruir um império…”

Considero essa uma das frases mais significativas já ditas no seriado. A perspectiva das minorias sociais de Westeros vem sendo cada vez mais abordada na série, e não por acaso a próxima cena é…

Em Meereen

Onde Tyrion, Varys, Missandei e Verme Cinzento têm uma reunião estratégica. Varys informa que as outras duas cidades escravagistas da Baía dos Escravos, Yunkai e Astapor, foram retomadas pelos escravagistas (que haviam levado belas surras de Daenerys). Nos livros, essa situação leva ao cerco de Meereen, o que ainda pode acontecer na série.

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Então Tyrion decide descer ao porão e tirar as correntes dos dragões que ainda estão lá, Viserion e Rhaegal. E surpreendentemente, ele não é queimado vivo como acontece com Quentyn Martell nos livros (não lembra quem é Quentyn Martell? Veja meus comentários sobre a cena de Dorne na análise do primeiro episódio).

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O ponto mais relevante desta cena é a fácil conexão de Tyrion com os dragões. Existe uma teoria dos fãs da qual eu nunca fui partidário, segundo a qual Tyrion não seria filho de Tywin, mas do Rei Louco Aerys Targaryen – falarei mais desta teoria num artigo específico. Embora eu considere que esta teoria faz pouco sentido nos livros e que, se confirmada, estragaria um pouco a história, o fato é que ela explicaria essa facilidade que Tyrion tem com os dragões (e também corroboraria a hipótese de ele ser uma das “três cabeças do dragão”, das quais a profecia fala). É possível ainda que o seriado vá por um caminho e os livros por outro. O tempo e os próximos episódios dirão.

Em Braavos

Arya é confrontada novamente pela acólita do templo e leva outra surra, mas demonstra que começou a aprender uma importante lição: na Guilda dos Homens sem Rosto, os membros não se apegam às suas antigas identidades, nem aos seus antigos valores, o que significa que se ela quiser ser uma assassina da guilda, deverá esquecer sua famosa lista de nomes.

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Em Winterfell

Walda dá à luz um menino, que por ser legítimo desde nascer, é uma ameaça a Ramsey (que nasceu bastardo e depois de adulto foi legitimado). Então Ramsey demonstra um pouco mais de sua crueldade, esfaqueando o pai e dando a madrasta e o meio-irmão recém-nascido de comida para os cães ferozes do canil (como se já não houvesse motivos suficientes para Ramsey ser um personagem odiado).

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E embora a morte de Roose Bolton pelas mãos do filho possa soar como justiça irônica para alguns fãs (já que Roose foi o principal responsável pelo Casamento Vermelho), é no mínimo estranho que ele tenha sido pego de supresa por Ramsey. Nos livros, vemos um Roose Bolton muito mais inteligente, que com facilidade controla e manipula seu inescrupuloso bastardo.

Ramsey está no controle de Winterfell agora, supostamente com o apoio das casas Umber, Manderly, e Karstark. A sede dos Umber é a fortaleza chamada Última Lareira, para onde a selvagem Osha e Rickon Stark foram na quarta temporada. A julgar pelo trailer do próximo episódio, é possível que os Umber vão oferecer Rickon como refém para Ramsey.

E em algum lugar perto de Winterfell, Brienne conta para Sansa que encontrou Arya, viva e captiva, mas que ela desapareceu. É a primeira notícia que Sansa tem da irmã desde a primeira temporada. A guerreira omite o fato de que o homem que mantinha Arya captiva era Sandor Clegane, o Cão de Caça, o que certamente teria causado uma forte impressão em Sansa, devido a seus traumáticos encontros anteriores com o Cão.

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Sansa se arrepende de não ter seguido Brienne na primeira vez em que os serviços da guerreira foram oferecidos – pra começar, ela não teria sido casada à força e estuprada por Ramsey. Ela então conversa com Theon e ele revela sua decisão de ir para as Ilhas de Ferro, agora que Sansa está segura com Brienne.

Nas Ilhas de Ferro

E FINALMENTE o seriado nos leva de novo a um dos núcleos mais interessantes da história, completamente negligenciado durante a quinta temporada.

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Uma tempestade cai sobre o castelo de Pyke, e o Rei Balon Greyjoy recebe de sua filha Yara a notícia de que a casa nortista Glover recuperou a fortaleza do Bosque Profundo, o que significa o fim da invasão iniciada pelos homens de ferro.

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Balon teria insistido nos ataques ao norte, mas logo após essa conversa ele encontra seu irmão mais novo Euron, que o joga da ponte de corda para a morte no mar revolto (Euron havia acabado de retornar de um longo exílio imposto pelo próprio Balon).

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Isso significa que as Ilhas de Ferro precisam de um novo rei, mas pelos costumes dos Homens de Ferro a sucessão não é necessariamente hereditária: deve ser realizada uma Assembleia de Homens Livres (ou Kingsmoot, em inglês). Balon teria apoiado Yara, que poderia se tornar a primeira governante mulher da Ilhas de Ferro, mas com sua morte prematura, a candidatura da filha fica prejudicada.

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Aeron Greyjoy, o sacerdote do Deus Afogado que deverá convocar o Kingsmoot

Os candidatos do Kingsmoot serão certamente Euron (ninguém sabe que ele é o assassino de Balon), Yara e possivelmente mais um que deverá aparecer no próximo episódio. Theon talvez esteja envolvido na cena, uma vez que está indo para as Ilhas de Ferro.

De volta à Muralha…

Melisandre está devastada e perdeu sua fé. Mais uma vez, os produtores da série foram atentos com as sutilezas visuais da cena: ela está usando peles e o fogo da lareira para se proteger do frio, sendo que até então era o poder do Senhor da Luz que a mantinha aquecida, e permitia que ela usasse roupas leves enquanto outros sofriam com o frio.

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Ironicamente, quem vem incentivá-la a sair de seu estado depressivo é Sor Davos. Embora ele tenha sido o maior crítico às posições de Melisandre e não seja devoto de nenhum dos muitos deuses existentes, ele a presenciou manifestar verdadeiro poder (como quando, por exemplo, ela pariu um demônio de sombras para matar Renly Baratheon), e pede que ela use seu poder para trazer Jon Snow de volta.

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Os leitores dos livros esperam por esse momento há uns cinco anos, desde que o último livro foi lançado, e imaginavam a ressureição de Jon como algo grandioso envolvendo um grande ritual. Mas surpreendentemente, exigiu apenas um corte de cabelo e umas palavras cabalísticas ditas sem muita esperança por Melisandre e supresa: a última cena do episódio nos mostra Jon abrindo os olhos, ofegante!

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A simplicidade do ritual até que faz sentido, considerando que Thoros de Myr nunca entendeu como conseguia reviver Beric Dondarrion cada vez que ele morria. E a lembrança das várias ressureições de Beric nos fazem pensar: será que Jon agora poderá reviver múltiplas vezes, sempre for morto?

De toda forma, a cada vez que Beric era trazido de volta, ele perdia um pouco mais de si mesmo, de sua identidade. Esqueceu de seu castelo, de sua esposa, “vivendo” apenas para liderar a Irmandande sem Estandartes em sua missão de ajudar o povo comum durante a guerra.

Sobre o assunto da ressureição, o autor George Martin declarou em 2011:

“Eu acho que se você está trazendo um personagem de volta, um personagem que passou por morte, esta é uma experiência transformadora (…). Meus personagens que voltam da morte mudam para pior. De certa forma, eles não são sequer os mesmos personagens. O corpo pode estar se movendo, mas algum aspecto do espírito é alterado ou transformado, e eles perderam alguma coisa.”

Ou seja, mesmo que Jon esteja de volta, podemos esperar que ele tenha perdido algo. Talvez ele não se lembre mais de Ygritte, de Sam ou de seus irmãos, e viva apenas com um propósito de terminar sua missão de proteger Westeros dos caminhantes brancos. Bom, pelo menos podemos esperar algo assim nos livros… quanto à série, que tende a ser mais simples, pode ser que os produtores decidam que ele deve retornar tal qual era: o herói querido da audiência. Os próximos episódios dirão.

Conclusão

Wow, foram apenas dois episódios até agora e muita coisa relevante aconteceu! Essa temporada promete, e já no próximo episódio teremos a cena da Torre da Alegria (possivelmente no formato de uma nova visão de Bran), na qual possivelmente descobriremos a verdadeira origem de Jon Snow.

Ademais, a órdem das cenas neste episódio seguiu mais do que nunca uma sequência bem lógica: cada novo núcleo mostrado estava linkado à cena anterior de alguma forma. Créditos para o diretor deste episódio, Jeremy Podeswa.

É isso, galera!

Ficaram com alguma dúvida sobre esses dois primeiros episódios? Deixem aqui nos comentários e ficaremos felizes em esclarecer!

Deixem também sua opinião sobre este episódio!

Veja também:

Game of Thrones: HBO lança o bombástico trailer da 6ª Temporada

Game of Thrones – Análise completa do 1º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.