Game of Thrones – Análise completa do 3º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Salve, Justiceiros!

Essa terceira temporada de GoT está sendo, na minha opinião, uma das melhores, se não a melhor até agora. Vejam por esse terceiro episódio: mesmo não tendo uma revelação bombástica, como as que chamaram a atenção nos dois primeiros, foi um episódio extremamente relevante, no qual a história de diversos núcleos avançou de forma interessante para preparar conflitos que estão por vir.

Vamos ao que interessa:

Na Muralha

O terceiro episódio começa exatamente onde o segundo parou, com Jon se erguendo dos Mortos. Sor Davos, mesmo tendo expressamente pedido a Melisandre que tentasse trazê-lo de volta, está incrédulo, e os demais, patrulheiros e selvagens, acreditam que ele é, nas palavras de Tormund, “algum tipo de deus”. E se você parar pra pensar, Jon é meio que o “Jesus” de Westeros: um homem justo, traído por seus amigos, morto e renascido – a receita de um personagem messiânico. Não está muito claro ainda o que significa ele ser esse salvador, mas aparentemente tem a ver com lutar contra os Outros.

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Tudo indica que Jon voltou da mesma forma que Beric Dondarrion, o que nos leva a concluir que, assim como Beric, Jon terá perdido parte de sua identidade e/ou memórias.

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No Mar, indo para o Sul

Finalmente vemos de novo Sam, que no último episódio da quinta temporada havia pedido a Jon autorização para ir para a Cidadela, uma espécie de universidade onde ele pode estudar para se tornar um meister. A Cidadela fica na cidade de Vilavelha, nas terras da Campina (território dos Tyrell, lembram?), a sudoeste de Westeros. Além de se tornar um meistre para ajudar a Patrulha da Noite, Sam espera poder pesquisar nas bibliotecas da Cidadela sobre os Caminhantes Brancos.

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Então Sam, Goiva e o bebê (filho do selvagem Craster) estão num navio contornando o continente de Westeros. Mas a Cidadela não aceita mulheres, então Sam planeja passar em Monte Chifre, a sede da família Tarly, para deixar Goiva e o bebê (do qual ele alegará ser o pai) com a mãe e a irmã. Esse será um encontro interessante, considerando que o pai de Sam, Randyl Tarly, o considera um covarde indigno do nome da família, razão pela qual o obrigou a abdicar de seus direitos de herdeiro e ingressar na Patrulha da Noite.

Além da Muralha / Torre da Alegria

Mais uma vez, Bran está no meio de uma de suas visões, induzidas por Bloodraven (o feiticeiro também chamado de Corvo de Três Olhos).

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Desta vez, a visão é da luta na Torre da Alegria, um dos momentos mais importantes e icônicos dos livros, que os fãs aguardavam há muito para ver na série. Nos livros, temos contato com essa cena pelas memórias do próprio Ned Stark, enquanto na série a vemos sob a perspectiva de Bran. Esse evento aconteceu há aproximadamente 20 anos, durante a Rebelião de Robert, pela qual este se tornou rei.

Mas vamos recapitular esse trecho da história, principalmente para quem não leu os livros: a rebelião começou quando Rhaegar Targaryen, filho do Rei Louco, raptou Lyanna Stark, que era noiva de Robert Baratheon, ou pelo menos é assim que a história é contada, a princípio – durante a saga vamos recebendo vários indícios de que não foi bem assim. De toda forma, Rhaegar e seu pai morreram na rebelião e Robert se tornou Rei de Westeros.

Nesse ponto começa a visão de Bran: Ned chega na Torre da Alegria resgatar sua irmã depois da morte dos Targaryen, ou seja, com a rebelião já praticamente acabada. Ele está acompanhado por um grupo de cinco homens leais a ele, incluindo Howland Reed (pai de Meera e Jojen Reed), e encontra a torre guardada por dois cavaleiros da Guarda Real, incluindo o legendário Sor Arthur Dayne, possivelmente o melhor espadachim que Westeros já viu.

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Embora Ned e seus companheiros tenham uma grande vantagem numérica, acabam levando uma surra e o próprio Ned quase morre, sendo salvo apenas porque Howland se levanta e apunhala Arthur Dayne pelas costas no último momento. Dessa forma, Ned e Howland são os únicos sobreviventes do combate.

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Bran sempre ouvira falar desse famoso combate, acreditando que seu pai havia vencido Arthur Dayne de forma honrada, e fica muito decepcionado ao descobrir como as coisas de fato aconteceram. Sobre o que mais Ned pode ter mentido?

Depois da luta vem a parte mais importante: Ned houve o grito de Lyanna vindo da Torre, e não sabemos o que está acontecendo com ela lá. Ela está morrendo? Está sozinha? Quando Ned começa a subir a Torre,  Bran chama por ele, e surpreendentemente Ned parece poder ouvir – o que possivelmente significa que Bran não apenas pode ver o passado como também interagir com ele.

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Mas justo quando estamos para descobrir o que vem a seguir, Bloodraven interrompe a visão e eles voltam para seus corpos na caverna no Norte, além da Muralha, o que foi frustrante para muita gente assistindo, pois esta cena está relacionada com a maior teoria dos fãs sobre o universo de Game of Thrones: a de que Lyanna e Rhaegar são os verdadeiros pais de Jon Snow (muito provavelmente você já ouviu falar dessa teoria, mas se não ouviu, aguarde, pois farei no futuro um post apenas sobre ela). Aparentemente teremos que esperar mais alguns episódios para ver a continuação dessa visão do passado.

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A cena termina com Bran indagando qual o sentido de tudo isso, ao que Bloodraven responde vagamente que “ele tem que aprender tudo”.

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A despeito da decepção de não ver a visão até a conclusão da situação, devo dizer que fiquei feliz pelo modo como a cena foi feita, pois foi a melhor luta de espadas mostrada na série até o momento, e algumas outras que deveriam ter sido impressionantes nas temporadas anteriores foram na verdade bem meia boca. Mas Arthur Dayne foi representado com competência: um espadachim lendário e extremamente habilidoso.

Em Vaes Dothrak

Daenerys chega em Vaes Dothrak, a cidade sagrada do povo Dothraki (foi aqui que ela comeu aquele coração de cavalo na primeira temporada, lembram?). Agora ela encontra as Dosh Khaleen, que são as viúvas dos Khals mortos.

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Pelos costumes dos Dothraki, todas as viúvas de Khals mortos devem ir para Vaes Dothrak e passar lá o resto de seus dias, coisa que Dany obviamente não fez. Ela descobre por essas mulheres que seu destino será decidido durante uma grande reunião de todos os khalasares, que determinará se ela pode ficar por lá ou se deve ser punida (a natureza da punição não ficou clara).

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Contudo, conhecendo o potencial de Daenerys para conseguir aliados e o fato de que seu dragão Drogon está em algum lugar por perto, essa pode ser uma ótima oportunidade para ela na verdade dominar a situação e ganhar de presente um enorme exército Dothraki, que seria providencial na luta de Meereen contra as demais cidades escravocratas.

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Em Meereen

Varys interroga Vala, a prostituta que trabalhou com os Filhos da Harpia para matar alguns dos Imaculados na última temporada, e descobre que os Filhos da Harpia são financiados por todas as outras cidades escravocratas: Volantis, Astapor e Yunkai, sendo que as duas últimas haviam sido conquistadas por Daenerys, mas foram retomadas pelos mestres escravistas.

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Quando Varys compartilha essas informações com Tyrion, Verme Cinzento e Missandei (o pequeno conselho que está regendo a cidade na ausência de Dany), eles constatam a iminência da guerra aberta de Meereen com as outras cidades.

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Em Porto Real

Na capital, vemos três cenas:

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No laboratório de Qyburn, o ex-meistre fiel a Cersei, vemos as crianças que trabalhavam como espiãs para Varys (os “pequenos passarinhos”, como ele as chamava). Qyburn tenta comprá-las com doces para que passem a trabalhar para ele, como Varys fazia, e aparentemente tem êxito. A aparição delas nesse momento sugere que elas vão ter uma importância em algum evento no final da temporada (leitores dos livros provavelmente já sabem do que estou falando).

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Ainda no laboratório, Cersei aparece com Jaime e Sor Robert Strong (o zumbi de Gregor Clegane), e eles tem uma conversa sobre o julgamento de Cersei que está por vir. Ela obviamente exigirá um julgamento por combate e Sor Robert será seu campeão; a grande questão é quem será o campeão da Fé dos Sete. Há uma teoria dos fãs dos livros de que o campeão da Fé pode ser Sandor Clegane, que não morreu e estaria convertido (e francamente, essa luta seria épica). Nos curso dos livros essa teoria faz bastante sentido, mas na série ainda é cedo pra dizer, embora seja quase certo que Sandor na verdade não morreu.

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Em seguida, Cersei e Jaime tentam participar da reunião do Pequeno Conselho, atualmente composto por Kevan Lannister (irmão de Tywin), Olenna Tyrell e Mace Tyrell (avó e pai de Margaery Tyrell, respectivamente) e o grão-meistre Pycelle. Kevan, na posição de Mão do Rei, impede que Cersei e Jaime participem e encerra a reunião, gerando um atrito que certamente terá consequências em breve.

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Finalmente, no Septo de Baelor, Tommen tenta impor respeito e exige que Cersei seja autorizada a visitar a sepultura de Myrcella. Contudo, o Alto Septão é manipulador e rapidamente domina Tommen pela própria fragilidade emocional derivada de sua insegurança sobre sua relação com a mãe e sobre suas responsabilidades como rei.

Nessa e em outras oportunidades já foi demonstrado como o atual Alto Septão é inteligente e manipulador, mas o real propósito dele ainda é um mistério.

Em Braavos

Arya continua seu treinamento, aprendendo a superar as dificuldades da cegueira e confiar em seus outros sentidos, detectar venenos pelo cheiro, mentir, e no final ela recebe sua visão de volta.

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Uma observação: a série dá a entender em dado momento que ela fica cega como punição por ter matado uma pessoa que não devia. Embora nos livros ela também faça isso (com outro personagem), lá fica bem claro que a cegueira seria parte do treinamento de qualquer forma.

Em Winterfell

Lord “Pequeno” Jon Umber vai a Winterfel para juntar forças com Ramsey, mas se nega a dobrar o joelho e fazer qualquer juramento. Para provar sua lealdade, no entando, Jon Umber traz um presente: Rickon, o último herdeiro homem da casa Stark (uma vez que todos pensam que Bran está morto). Para provar que aquele é Rickon, Umber traz a cabeça de Cão Felpudo, o lobo atroz de Rickon.

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Há quem diga que a cabeça aparentemente é muito pequena para pertencer a um lobo atroz, o que poderia significar que Cão Felpudo ainda está vivo e os Umber continuam secretamente leais aos Stark. Eu gostaria muito de acreditar nessa hipótese, mas não acho que faça muito sentido, principalmente porque se os Umber fossem de fato leais, não arriscariam colocar a vida de Rickon em risco apenas para enganar Ramsey, por mais mirabolante que o plano fosse.

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De volta à Muralha

Assim como os dois primeiros episódios, o terceiro começou na Muralha e terminou lá também.

Jon executa as principais pessoas responsáveis por seu assassinato: Sor Alliser Thorne, Bowen Marsh, Othell Yarwyck e Olly (na verdade, havia pelo menos dez homens na cena de assassinato e, ainda que você diga que foram esses quatro que planejaram a traição, Jon levou mais do que quatro facadas, mas vamos ignorar esse erro de continuidade…).

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Apesar da traição de Olly, é difícil não compartilhar a dor de Jon ao ter que executá-lo, pois havia ali uma relação paternal, ou no mínimo fraternal. Além disso, Olly é uma criança que viu seus pais serem mortos por selvagens, o que torna completamente compreensível o ódio do menino pelo povo do outro lado da Muralha.

Após a execução, Jon entrega o comando da Patrulha da Noite a Edd e diz que sua patrulha chegou ao fim. Com efeito, o juramento da patrulha diz justamente que “A noite chega, e agora começa a minha vigia. Não terminará até a minha morte (…)”. Uma vez que Jon morreu e voltou, tecnicamente pode-se interpretar que ele não está quebrando seus votos.

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De toda forma, provavelmente o que ele pretende agora é ir para Winterfell para finalmente ter sua vingança sobre os Bolton e tentar salvar o que restou de sua família.

Conclusão

Como eu disse a princípio, embora esse terceiro episódio não tenha tido grandes revelações, como os dois primeiros, foi intenso e desenvolveu bem diversos núcleos da série onde o conflito está prestes a acontecer. Além disso, teve com certeza a melhor luta de espadas de toda a série até agora, numa das cenas mais icônicas da própria saga.

Vamos esperar apenas que o resto da temporada continue nessa boa levada.

Ficaram com alguma dúvida sobre esses dois primeiros episódios? Deixem aqui nos comentários e ficaremos felizes em esclarecer!

Deixem também sua opinião sobre este episódio!

Veja também:

Game of Thrones: HBO lança o bombástico trailer da 6ª Temporada

Game of Thrones – Análise completa do 1º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Game of Thrones – Análise completa do 2º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.