Game of Thrones – Análise completa do 4º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Salve, Justiceiros!

Cá está o Rafa novamente para fazer aquela análise justiceira do episódio mais recente de Game of Thrones. Não viu as minhas análises dos episódios anteriores dessa temporada? Dê uma olhada! Estou deixando o link de todas no final do post.

Na Muralha

Jon se prepara para partir rumo ao sul, mas Brienne, Sansa e Pod aparecem aos portões de Castelo Negro.

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Sansa e Jon não se veem desde a primeira temporada, e na verdade nunca houve um diálogo entre eles na série ou nos livros. De fato, de todas as crianças Stark legítimas, Sansa era a que menos se importava com o bastardo. Mas depois de tudo que a família Stark sofreu, a relação e o reencontro deles tem muito significado, e embora seja difícil ver momentos felizes na série, este certamente é um deles.

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Depois de uma conversa nostálgica entre os dois, Sansa sugere que eles retomem Winterfell. Jon está cansado de lutar (ele tem motivos pra isso) e se recusa. Mas essa conversa ainda não acabou…

Ainda no pátio de Castelo Negro, vemos uma curta conversa entre Davos, Melisandre e Brienne que premoniza mais um grande conflito. Veja bem, você pode não ter percebido, mas cada um desses três tem grandes motivos para odiar os outros:

Brienne amava Renly, que foi morto por Stannis usando a magia de sangue de Melisandre, e embora Davos não concordasse com os métodos utilizados, também sempre foi leal a Stannis.

Davos amava Shireen (a filha de Stannis) como sua própria filha e, embora Davos ainda não saiba disso, Melisandre a queimou viva, num novo ritual para conseguir mais poder para Stannis.

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E finalmente, Brienne confirma que executou Stannis (o último ep. da quinta temporada havia deixado uma pequena dúvida, mas agora foi sanada), o que pode despertar rancor por parte de Melisandre e principalmente de Davos, que eram muito leais a ele (de novo: Davos ainda não sabe que Shireen foi queimada viva com a anuência de Stannis).

No Vale

Desde o começo, essa cena tem um significado latente. O jovem Robert Arryn está treinando sob a tutela de Yohn Royce, quando Mindinho aparece com um presente para o jovem lord: um falcão. Contudo, o falcão é o símbolo da casa Arryn (a casa suserana do Vale), e o fato do falcão estar engaiolado representa o domínio de Mindinho sobre o Vale.

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Não sei quanto a vocês, mas quando o Mindinho entra em cena, eu já espero alguma merda acontecer. Dito e feito, ele e Yohn Royce acusam um ao outro de ter entregado Sansa Stark aos Bolton (algo que, como nós sabemos, foi feito por Mindinho). Yohn Royce é extremamente leal, mas não tem a capacidade de manipulação de Mindinho, e quase é executado.

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Mindinho então conta que Sansa escapou de Winterfell e está indo para a Muralha, levando o jovem Robert a exatamente onde queria: a decisão de usar os cavaleiros do Vale para ajudar Sansa. Isso é algo inédito: até agora, nos livros ou na série, o Vale se manteve absolutamente neutro em relação aos conflitos do reino.

Em Meereen

Um navio com a Harpia nas velas denuncia a chegada de escravagistas a Meereen. Tyrion convidou representantes das cidades de Astapor e Yunkai (as outras duas cidades da Baía dos Escravos, base do antigo Império Ghiscari, que tinha a harpia como símbolo), e de Volantis (a mais antiga das Nove Cidades Livres, que eram colônias do antigo Império Valiriano) para uma negociação.

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Durante a conversa, Tyrion negocia a paz, permitindo que os mestres escravagistas acabem com a escravidão num prazo de sete anos (em vez de imediatamente, como Dany queria), e em troca eles deveriam parar de apoiar os Filhos da Harpia (grupo que vem cometendo numerosos assassinatos em Meereen).

Este acordo obviamente irrita os escravos recém libertados por Dany (incluindo Verme Cinzento e Missandei), mas Tyrion argumenta que eles têm que fazer algum tipo de acordo, ou o desastre vai ser maior ainda, o que é uma grande ilustração de como a política funciona: algumas vezes você precisa ser transigente e escolher entre dois males, tentando descobrir qual é menor.

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Contudo, como Verme Cinzento aponta, Tyrion não conhece de fato a cultura da Baía dos Escravos, e certamente não conhece os horrores de ser um escravo. Vamos ver quanto tempo esse acordo de paz vai durar.

Em Vaes Dothrak

Daario e Jorah rastreiam Daenerys até a cidade sagrada do povo dothraki, e Daario acaba descobrindo que Jorah contraiu Escamagris, uma doença altamente contagiosa e incurável que deixa a carne dura e a pele escamada, com aparência de pedra, além de possivelmente levar à loucura nos estágios mais avançados.

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Os dois se infiltram em Vaes Dothrak e tentam se passar por comerciantes de escravos, mas acabam numa luta e Jorah quase morre. Ele está lento e com menos reflexos, provavelmente em virtude da doença.

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Dany ainda está com as Dosh Kaleen, faz amizade com uma outra viúva que sofreu nas mãos de seu Khal, e acaba encontrando Daario e Jorah, mas os convence de que tentar fugir furtivamente seria inútil (no que ela provavelmente estava certa, pois a ausência dela seria rapidamente notada, e havia uma quantidade enorme de Dothrakis prontos para sair à procura dela). Mas aparentemente ela tem um plano…

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Em Porto Real

Margaery ainda está em poder dos Pardais, dentro do septo. O Alto Pardal lhe conta um pouco sobre sua origem, supostamente tentando convencê-la sobre a superficialidade e a futilidade da vida baseada na riqueza. Ele então permite que ela veja Loras, o irmão, que não está suportando o cativeiro com tanta força e dignidade como ela.

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Na Fortaleza Vermelha, Cersei conversa com Tommen, e ele conta um segredo sobre a conversa que teve com o Alto Pardal no último episódio: o sacerdote pretende submeter Margaery a uma caminhada de humilhação, como fez com Cersei, que então divide essa informação com Olenna e Kevan, convencedo-os a usar o exército dos Tyrell para derrubar o Alto Pardal. Embora haja uma grande tensão entre eles e Cersei, Olenna concorda na esperança de trazer seus netos sãos e salvos, e Kevan concorda na esperança de salvar seu filho Lancel, que sofreu uma lavagem cerebral e se tornou um dos Pardais, que são basicamente fanáticos religiosos.

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Aparentemente, Jaime não sabe que Cersei e Lancel tiveram uma espécie de romance secreto, e a descoberta disso pode finalmente fazê-lo a romper com Cersei, como acontece nos livros.

De toda forma, superficialmente parece que as forças dos Tyrell não terão problemas em subjugar os Pardais, mas tudo está fácil demais e o Alto Pardal é muito inteligente e manipulador. É bem provável que ele tenha contado o que contou a Tommen sabendo exatamente o que aconteceria, e que já tenha uma cartada surpreendente na manga…

Em Pyke

Theon finalmente retorna a Pyke, a fortaleza dos Greyjoy nas Ilhas de Ferro, após todo o seu período como prisioneiro torturado por Ramsey. Yara faz questão de lembrá-lo de suas burradas e dos homens que morreram na tentativa dela de resgatá-lo, apenas para que ele fosse covarde e se recusasse a voltar, como um cachorro que apanha mas não tem coragem de se separar de seu dono.

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Mas Theon reconhece que é um homem quebrado e pretende ajudá-la a se sentar na Cadeira de Pedra do Mar, o trono das Ilhas de Ferro, na Assembleia de Homens Livres (Kingsmoot) que está por vir. Só não sabemos que utilidade Theon poderá ter, pois os Homens de Ferro respeitam apenas a força, e força é a última coisa que Theon tem ou representa no momento.

Em Winterfell

Outra cena que já começa cheia de significado através de imagens: Ramsey recebe Osha (a selvagem que guiava e protegia Rickon) e fala de forma tranquila e agradável, mas ao mesmo tempo usa uma faca bem amolada para descascar uma maçã, uma sutil e cruel ameaça, pois os Bolton são conhecidos por praticar o esfolamento, uma forma de tortura que consiste em arrancar a pele da vítima.

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Osha não se intimida e tenta seduzi-lo para mata-lo, como fez para fugir de Winterfell com Bran e Rickon, mas Ramsey já sabia da técnica dela graças aos segredos que Theon revelou ao ser torturado, e Osha acaba morta pelas mãos do bastardo.

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A morte de Osha em sua primeira e única cena na sexta temporada é mais uma sintomática evidência do rumo que os produtores querem dar para a série: a simplificação do roteiro pela diminuição do número de personagens.

De volta à Muralha…

Edd, Jon, Tormund, Pod, Brienne e Sansa estão à mesa, e a cena começa com uma das coisas mais engraçadas (e legais) que já aconteceu na série, e que gerou um hype enorme na internet essa semana. Primeiro quero lembra-los da cena inicial do episódio: enquanto Brienne entrava cavalgando pelos portões de Castelo Negro, Tormund a olhou com essa expressão:

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E agora, à mesa, Tormund lança seu melhor olhar 43, seduzindo enquanto devora um pedaço de carne no osso.

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O constrangimento de Brienne, por sua vez, é engraçado porque ela simplesmente não sabe como reagir à situação… Ela nunca foi cortejada e nunca atendeu aos padrões de beleza do povo dito civilizado. Mas neste irônico momento, seu tamanho, força e imponência são justamente coisas que despertaram a lascívia do selvagem Tormund.

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Mas esse breve momento cômico acaba quando chega uma carta de Ramsey para Jon, contando que eles estão com Rickon em seu poder, exigindo que Jon devolva Sansa e fazendo todo tipo de ameaças cruéis contra os Stark e contra os selvagens que Jon resgatou além da Muralha.

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Nos livros, essa carta é conhecida como a Carta Rosa, ou a Carta do Bastardo: ela chega antes do assassinato de Jon por seus irmãos da Patrulha e há um grande mistério em volta dela. Há uma teoria popular entre os fãs (assim como tantas outras acerca de GoT), segundo a qual a Carta Rosa não foi escrita por Ramsey, mas sim por Mance Rayder, que ainda está vivo nos livros.

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Nos livros essa teoria faz muito sentido, há vários elementos que colocam a autoria de Ramsey em dúvida, mas na série tudo está mais direto e claro: o sinete que selou a cera parece ser autêntico e a carta foi entregue por um soldado dos Bolton (e não por um corvo). Mais uma vez, a série toma um caminho diferente dos livros, com um roteiro mais simples e direto (o que não necessariamente é um problema).

Então Sansa impele Jon a ir para o sul com os selvagens para salvar Rickon e retomar Winterfell. Eu nunca pensei que veria Sansa dando uma lição de moral em Jon, mas aconteceu. Por um lado, depois de tudo, Jon mais do que merece um descanso, mas ele é o único com condições de liderar uma retomada do Norte, e é Sansa que o faz perceber isso, apontando que não apenas os selvagens o apoiarão, como também as casas leais do Norte, afinal, mesmo bastardo, ele é filho de Ned Stark, um homem que inspirava respeito e lealdade na maioria de seus vassalos.

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Então talvez – apenas talvez – Sor Davos seja mandado para Porto Branco para pedir ajuda dos Manderly (uma das famílias nortenhas mais poderosas), que é algo que acontece nos livros, embora lá ele seja mandado por Stannis, que ainda está vivo.

Tudo isso está preparando o terreno para uma enorme batalha que está sendo chamada na internet pelos fãs de “Bastardbowl”: Jon x Ramsey, os dois bastardos que lutarão pelo Norte.

E de volta a Vaes Dothrak

Daenerys está diante dos Khals reunidos, os líderes de cada um dos Khalasares que compõem o povo Dothraki. Ela está ali para ser julgada por seu crime de não ter retornado para ficar com as Dosh Kaleen depois da morte de Drogo. Você esperaria que alguém na situação dela estivesse humilde e com medo, mas ela está confiante e se impõe sozinha diante de todos aqueles homens, fazendo um discurso sobre seu poder e dizendo que eles não são homens grandes o suficiente para liderar o povo Dothraki, mas ela é.

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Por óbvio, essa insolência é respondida com risadas e ameaças de estupro, que é o que os líderes Dothraki fazem em sua prepotência, mas Dany simplesmente derruba os braseiros, rapidamente causando um incêndio no templo, que é basicamente feito de madeira e palha. Ela e os Khals estão presos ali, pois Jorah e Daario barraram as portas, mas ela é Daenerys, A Não Queimada, e “um verdadeiro dragão não tem medo do fogo, nem é machucado por ele”. Enquanto os homens líderes do povo Dothraki queimam e morrem, ela emerge das chamas nua, mas com sua pele intacta, e todo o povo Dothraki se curva perante ela como uma deusa (lembram de mais alguém que no último episódio foi considerado como um deus?).

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Essa cena parece confirmar que, na série, Dany é imune ao fogo. Nos livros, ela de fato sobreviveu à pira que gerou o nascimento de seus dragões (cena retratada no final da primeira temporada da série), mas o autor George R. R. Martin já deixou bem claro, em uma entrevista, que nos livros:

“Targaryen não são imunes a fogo! O nascimento de dragões de Dany foi único, mágico, maravilhoso, um milagre. Ela é chamada de A Não Queimada porque ela caminhou para dentro das chamas e viveu. Mas seu irmão com certeza não era imune ao ouro fundido.”

De toda forma, foi uma cena bem bacana e cheia de significado. Dany, assim como Jon, está passando por uma espécie de ressureição como personagem (ok, no caso de Jon a ressureição foi um pouco mais literal, mas também há uma transição de personagem ali).

Cumprindo a profecia de Quaithe (aquela sacerdotisa mascarada de Asshai), que disse que “Para ir para frente, você precisa ir para trás”, o renascimento de Dany enquanto ceifa a vida de todos aqueles Khals pode significar o retorno de Dany à violência, fogo e sangue que são o lema da casa Targaryen.

Conclusão:

Estou notando uma tendência nessa sexta temporada que é a morte de muitos personagens para simplificação do enredo. Ok, eu sei o que você vão dizer: GoT sempre teve muitas mortes. Mas reparem bem: os núcleos estão sendo simplificados. Muitos personagens interessantíssimos (bons ou ruins) morreram “desnecessariamente” na série, apenas para deixar seus núcleos mais simples para a grande audiência. Apenas para citar alguns exemplos: Roose Bolton (pai de Ramsey), Green e Pyp (amigos de Jon Snow), Barristam Selmy (guarda real e grande conselheiro de Daenerys)…

A impressão que dá é que os produtores estão tentando deixar o enredo mais simples e direto, principalmente pra quem não lê os livros. Nem vou entrar no mérito de se isso é bom ou não. É uma opção narrativa, ponto. E bem ou mal, esta temporada está sendo bem mais agradável do que a quinta foi. Até agora não houve na sexta temporada nenhum episódio arrastado, monótono ou sem significado.

E agora nós temos Jon e Dany renascidos, um pelo gelo e a outra pelo fogo. Ambos têm seguidores pensando que eles são algum tipo de deus e sacerdotes vermelhos dizendo que eles são o Azor Ahai da profecia ou O Príncipe que foi Prometido. Seja lá qual for o desfecho da saga, lembrem que Game of Thrones é apenas o título do primeiro livro. O nome da saga de fato é Uma canção de Gelo e Fogo.

Veja também:

Game of Thrones: HBO lança o bombástico trailer da 6ª Temporada

Game of Thrones – Análise completa do 1º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Game of Thrones – Análise completa do 2º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Game of Thrones – Análise completa do 3º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.