Game of Thrones – Análise completa do 9º episódio da 6ª Temporada, com spoilers!

Salve, Justiceiros!

O episódio 09 é sempre o mais emocionante da temporada, ainda que não seja o mais significativo em termos de enredo, e a Batalha dos Bastardos é um dos eventos mais aguardados da série.

O episódio inteiro é dividido em apenas dois núcleos: Meereen (onde os plots de Dany e Tyrion finalmente se encontram de novo) e Winterfell (onde os plots the Jon, Sansa, e Ramsey se encontram). A maior parte do tempo de tela é gasto com a batalha no Norte, mas vocês devem se lembrar que o último episódio também havia deixado uma batalha prestes a acontecer do outro lado do mar, no continente de Essos, e nesse episódio nós vemos as duas.

Mas mais do que tudo, este foi um episódio das mulheres. Daenerys e Sansa brilharam, e Yara apareceu pouco, mas numa cena icônica que mostrou o início da aliança com Dany.

Em Meereen

Os dez primeiros minutos de episódio são dedicados a Meereen, e podemos dizer que são dez minutos de tirar o fôlego. A cidade está sob o violento ataque naval das outras três cidades em conjunto: Yunkai, Astapor e Volantis.

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Como vocês devem lembrar, Yunkai e Astapor fazem parte da Baía dos Escravos, juntamente com Meereen. As três cidades escravagistas foram conquistadas por Daenerys, mas depois que ela se fixou em Meereen, as outras duas se rebelaram e voltaram a ser escravagistas.

Volantis, por sua vez, é uma das Nove Cidades Livres, dentre as nove a mais próxima da Baía dos Escravos, e uma peça fundamental do comércio escravagista. Por isso, embora Volantis não tenha sido atacada ou conquistada por Daenerys, a cidade se aliou às outras duas para acabar com a Mãe dos Dragões.

Como vocês devem lembrar, também, Tyrion havia feito (no ep. 4) um acordo de paz com os representantes das três cidades inimigas, pelo que foi criticado por Verme Cinzento, Missandei e, de forma mais velada, até por Varys. Este ataque naval representa a quebra deste acordo, pois os representantes dessas cidades perceberam que Daenerys estava longe, e sem ela a cidade era fraca.

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Mas Dany acabou de voltar, com o maior de seus dragões (agora mais obediente) e uma horda Dothraki mais leal do que nunca. Antes de começar a agir, ela confronta Tyrion, que está acuado e obviamente constrangido: este massivo ataque que a cidade está sofrendo é consequência de uma cagada dele, que tentou arrogantemente aplicar sua diplomacia Westerosi a uma cultura muito diferente. Ainda assim, ele encontra coragem para discordar de Dany, invocando as memórias da tirania do pai dela, o Rei Louco Aerys, para convencê-las de que destruir as cidades inimigas (e agora ela tem poder pra isso) não seria a melhor solução, pois inocentes morreriam.

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O resto da cena dispensa comentários: é basicamente uma sequência impressionante de ação em que Daenerys, Nascida na Tormenta, A Não Queimada, Mãe de Dragões, Quebradora de Correntes, usa todo o seu poder para defender Meereen e dominar a frota atacante.

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Em Winterfell

Nas planícies em frente ao castelo, os bastardos e suas delegações se encontram para aquela típica conversa e troca de ameaças antes da batalha. O objetivo de Jon é provocar Ramsey para uma batalha em campo aberto, pois ele não tem condições de fazer um cerco à fortaleza mais forte do Norte. Ramsey fará isso, mas ainda assim ele tem mais que o dobro de homens.

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No conselho de guerra, vemos Jon dizendo que trincheiras serão feitas para evitar ataques pelos flancos, e nesse ponto até parece que ele tem um plano inteligente em mente, mas infelizmente veremos que não. Embora Sansa não entenda nada sobre batalhas (ela não foi treinada durante a vida para isso, como ele), ela tenta alertá-lo sobre as armadilhas de Ramsey, e ele ignora. Sansa também está sendo bastante egoísta neste momento, pois ela tem uma informação privilegiada que será crucial, mas veremos isso logo mais.

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Jon pede ainda conselhos a Melisandre, talvez na esperança de alguma ajuda sobrenatural, mas sem êxito. Ele ordena ainda que, caso morra, não seja trazido de volta. É quase como se ele estivesse ansioso pra morrer.

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Num local com resquícios de uma pira, Davos (que ainda não sabe que Shireen foi queimada viva) encontra o brinquedo de madeira que ele havia dado à menina, e começa a linkar os fatos.

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Novamente em Meereen

Um dos diálogos mais legais da série, talvez: Theon e Yara estão diante de Daenerys, que mantém Tyrion como primeiro conselheiro, a despeito da cagada anterior dele.

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E os dois irmãos conseguem impressionar Dany ao dizer que procuram uma aliança com ela não para colocar Theon no trono das Ilhas de Ferro, mas para colocar Yara. Obviamente Dany se identifica com isso, pois ela própria já sofreu afrontas, preconceitos e desrespeitos por ser mulher, sendo obrigada reiteradas vezes a demonstrar sua força. E Yara ainda observa, de forma inteligente, que ambas são filhas de péssimos governantes, o que aumenta a empatia entre as duas.

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Em troca do suporte deles, Daenerys concorda em reconhecer a independência das Ilhas de Ferro frente aos Sete Reinos (que assim não serão mais sete, obviamente), mas exige que eles renunciem à violência das pilhagens e saques, que é o próprio modo de vida dos Homens de Ferro. Sem opção, eles concordam.

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E antes de selar o acordo, Dany ainda olha deliberadamente para Tyrion, procurando a aprovação dele. Isso tem um grande significado: ela abertamente confia nele. Infelizmente a série não desenvolveu bem a relação que levaria a essa confiança, mas é legal que ela esteja ali, pois Dany precisa desesperadamente de alguém com a experiência administrativa de Tyrion.

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Novamente em Winterfell, a tão esperada Batalha dos Bastardos

O exército de Jon é constrangedoramente menor.

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Antes que o confronto de verdade começa, vemos Ramsey aparecer com Rickon. Ele levanta a faca ameaçadoramente, mas apenas corda as cordas que prendiam o rapaz. Nesse momento, olhos mais atentos podem já ter reparado em um detalhe: na mão direita, Ramsey está usando um tipo de luva especial que protege apenas os três dedos do meio. Luva de arqueiro, que protege justamente os dedos que vão puxar a corda do arco.

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Logo vemos por que: ele deixa Rickon correr em direção ao outro lado do campo, em direção a Jon. Em sua crueldade sádica, Ramsey dá a Rickon em seus momentos finais de vida a esperança de salvação, e a Jon a esperança de salvar o irmão. Obviamente, Jon não alcança Rickon a tempo (a distância foi friamente calculada por Ramsey), e Rickon morre com uma flechada nas costas (como muitas pessoas já previam que aconteceria nesse ep., de uma forma ou de outra).

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Aqui eu quero fazer uma observação para os fãs: muita gente criticou e chamou Rickon de burro nas redes sociais por correr em linha reta, quando sabemos que a melhor forma de evitar um tiro de qualquer tipo de arma a distância é correr em zigue-zague. Mas primeiro, nós apenas sabemos disso por assistir muitos filmes e coisas do tipo (coisa que Rickon não fez), e segundo, tenho certeza de que ninguém que faz essas críticas já teve que correr em zigue-zague pra salvar a própria vida, ameaçada por um arqueiro ;). Pessoalmente, achei bem coerente Rickon correr em linha reta: ele estava desesperado, e não tinha treinamento de combate. Estranho seria se ele tivesse essa noção…

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Mas enfim, ele morreu. Obviamente isso despertou a ira de Jon (exatamente o que Ramsey queria), que avançou sozinho para as tropas inimigas. Aí começa a verdadeira burrice que me indignou nesse episódio. Parecia que tudo que Jon queria era morrer lutando.

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Eu tinha esperança de ver uma super-mega-estratégia inteligente elaborada por Jon (armadilhas no terreno, táticas de guerrilha na floresta, arqueiros escondidos, whatever). Diga-se de passagem, uma estratégia assim seria a ÚNICA forma de um exército de 3 mil homens vencer um de 6 mil. Se Jon tivesse mais cavalos e armas, tudo bem, mas era exatamente o contrário – Ramsey levava vantagem em todos os aspectos numéricos. Não havia a mínima possibilidade do exército de Jon vencer atacando de frente, mas ainda assim foi exatamente o que ele fez.

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Dito isso, devo dizer que, a despeito da incoerência que destaquei acima, essa cena foi surpreendentemente bem produzida. A sequência em que vemos Jon no centro da batalha, lutando, matando e desviando de lâminas e de cavalos, é provavelmente a cena de batalha medieval mais bem feita já vista em telas, seja de televisão ou cinema.

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E o inevitável aconteceu: as forças de Jon foram cercadas pelas de Ramsey. Parecia o fim, até que, tal qual os cavaleiros de Rohan salvaram o dia na Batalha dos Campos de Pelennor, os cavaleiros do Vale aparecem para salvar o dia e, com o elemento surpresa e um maciço ataque montado, facilmente quebram o cerco.

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Nesse ponto, constatamos o egoísmo de Sansa. Jon não fazia idéia da possibilidade de que os Cavaleiros do Vale entrassem no conflito; se fizesse, poderia ter feito muitas outras escolhas estratégicas, como postergar a batalha para dar tempo das forças do Vale chegarem (ele mesmo disse, no início do episódio, que estava indo para a luta agora por não ter esperança de conseguir mais números). Ou até mais simples: os cavaleiros do Vale poderiam ter aparecido de surpresa, exatamente como aconteceu, mas Jon poderia ter montado o plano de forma a resistir por mais tempo, ainda que cercado pelas forças de Ramsey. O que importa é que, se algo desse tipo tivesse sido feito, centenas ou milhares de vidas dos homens fieis a Jon teriam sido poupadas, então a morte dessa galera vai pra conta da Sansa.

Por outro lado, se Sansa não tivesse pedido ajuda de Mindinho, Jon não teria vencido a batalha, então a vitória também pertence a ela.

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E Ramsey, que apenas observava de longe a sangrenta batalha, bate em retirada para buscar abrigo nos muros de Winterfell. Mas logo descobrimos que aríetes não são tão eficientes quanto um único gigante do norte. Wun-wun dá a vida para quebrar os portões, permitindo que as forças de Jon entrem facilmente e subjuguem o pouco que sobrou das forças de Ramsey dentro do castelo. E para a felicidade dos fãs (#TeamJon!), Jon amassa a cara de Ramsey com os punhos.

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A batalha está vencida e o que resta no episódio são detalhes.

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Vemos Sor Davos observando Melisandre de longe, após deduzir que a morte de Shireen está na conta da sacerdotisa.

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E na cena final, o que sobrou de Ramsey após a surra que ele levou é devorado pelos seus próprios cães de caça, enquanto Sansa assiste. Vingança doce nesse final de temporada, para Sansa e para todas as outras vítimas da crueldade de Ramsey.

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Conclusão

Como eu disse inicialmente, esse foi um episódio das mulheres, principalmente Dany e Sansa, que definiram favoravelmente o destino de duas grandes batalhas, ainda que, como apontei acima, a postura de Sansa possa ter criticada, pois ela escondeu de Jon uma informação crucial, que poderia ter mudado completamente o modo como as coisas aconteceram.

E Jon, apesar de corajoso e leal, também decepcionou bastante no que diz respeito a inteligência e estratégia militar. Parece que, de fato, o Jon Snow da série não sabe de nada (bem diferente do Jon Snow dos livros, que é bastante sensato).

Mas no fim das contas, o objtivo desse episódio era nos impressionar com cenas de batalhas de tirar o fôlego, e isso com certeza ele fez. Nos resta aguardar e assistir a Season Finale neste domingo, com as surpresas que ela com certeza trará (e com os suspenses que certamente deixará para a próxima temporada).

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.