Guardiões da Galáxia Vol. 2 – Obrigado James Gunn!

Eu já comentei em resenhas anteriores que criar expectativas é muito perigoso. Ao consumir um produto, seja um filme, livro, HQ ou série, caso você tenha criado altas expectativas e as mesmas não sejam plenamente atingidas, sua decepção pode ser grande. Ao mesmo tempo, caso as expectativas sejam atingidas isso lhe trará uma satisfação imensurável. O primeiro filme dessa franquia veio sem muito alarde, sem nenhuma expectativa e surpreendeu a todos. A pergunta que ficou é: Será que a sequência manteria o nível? Ao assistir Guardiões da Galáxia Vol. 2 é possível afirmar três coisas: O filme é melhor que seu antecessor, esse é o melhor filme relacionado a quadrinhos do ano e James Gunn foi um grande achado para a Marvel.

Neste filme os Guardiões continuam a executar algumas missões pelo universo, como a proteção de baterias muito importantes para uma raça alienígena. Essas missões são interrompidas no momento em que Ego, um planeta vivo, aparece para a equipe e se revela como pai de Peter Quill, o Senhor das Estrelas. Este acontecimento faz com que a equipe se separe por um tempo, fato que James Gunn utiliza para aprofundar ainda mais os personagens.

Relações familiares são o principal mote do filme, principalmente as paternais. Não só com relação à Quill e Ego, como também entre Quill e Yondu, Nebulosa e Gamora com Thanos, além de Drax e sua família perdida. Porém, por mais que essas relações estejam muito presentes no filme, não há excesso de drama pois ao mesmo tempo que Gunn, também roteirista do filme, insere esta questão dramática ele também apresenta altas doses de comédia e diversão, que não deixa o ritmo do filme cair em nenhum momento.

Por falar em James Gunn, sua direção faz com que você se sinta lendo uma excelente História em Quadrinhos. Os planos que ele faz em alguns momentos lembram bastante quadros de uma HQ, assim como as cores gritantes lembram as colorizações das HQs da época de Jack Kirby. Ele demonstra ter um grande conhecimento dos personagens com os quais está trabalhando, assim como realiza mudanças muito bem vindas que representam o trabalho de uma boa adaptação. A forma com que ele representa Ego, sendo fiel ao personagem mas ao mesmo tempo tornando o relacionamento com os personagens mais compreensível, é coisa de quem sabe o que está fazendo.

Falando em personagens, eles continuam sensacionais. O Peter Quill interpretado por Chris Pratt tem um carisma que pode rivalizar com Tony Stark no Universo Cinematográfico Marvel. O personagem continua muito divertido, mas também demonstra uma face mais dramática que é uma adição muito bem-vinda. A interação entre ele, Stark e Peter Parker é algo que estou muito ansioso em ver.

O relacionamento entre Peter Quill e seu pai é um dos pontos principais da trama.

Zoë Saldaña apresenta uma interpretação que honra o título de Gamora como a mulher mais perigosa da Galáxia. Ao mesmo tempo em que é sensibilizada por Peter Quill, também jura que vai matá-lo. A química da atriz com a interprete de Nebulosa, Karen Gillan, também é muito interessante e ajuda a construir a relação entre as duas, que por mais que tentem se matar boa parte do filme, acabam agindo como verdadeiras irmãs.

Dave Bautista é com certeza um dos destaques do filme interpretando Drax. A conhecida falta de sutileza do personagem atinge seu ápice nesse filme e proporciona algumas das cenas mais divertidas do longa, principalmente em suas interações com Mantis, interpretada por Pom Klementieff. Há também uma cena bem tocante na qual a tristeza do personagem por ter perdido sua família é muito bem explorada.

Uma dupla que me surpreendeu apresentando uma excelente interação foi a formada por Rocket Raccoon, dublado por Bradley Cooper, e Yondu, interpretado por Michael Rooker. Os personagens demonstram muitos pontos em comuns, aprendem um com outro e evoluem bastante ao longo do filme. Aliás a interpretação de Rooker pode ser considerada um dos pontos altos do filme por sua sensibilidade em alguns momentos.

Claro que ainda temos o Baby Groot, dublado por Vin Diesel, que é definitivamente uma das coisas mais engraçadas da Galáxia. Porém, quero falar de dois atores que são ícones dos anos 80 e que executaram muito bem seus papéis. Kurt Russel está muito bem como Ego, agindo como uma criatura que é apaixonada pela vida, porém muito egoísta inclusive com seu filho (o nome pode não ser uma coincidência). É mais um dos atores que tiveram sua carreira ressuscitada por Quentin Tarantino. O outro ator sobre qual quero falar obviamente é Sylvester Stallone, que por mais que não tenha um papel muito grande na trama (o qual não revelarei pois pode ser spoiler), demonstra estar bem à vontade e empolgado em estar em um filme de super-heróis. Espero que ele apareça em mais produções Marvel daqui pra frente.

Falando em anos 80, preciso voltar a falar sobre o trabalho de James Gunn. A trilha sonora, que remete muito a essa época, foi escolhida totalmente pelo diretor/roteirista, que já afirmou em entrevistas que pensa nas músicas enquanto está escrevendo uma cena. Aqui elas possuem uma função narrativa muito importante, aliás uma das músicas permeia o filme inteiro com sua letra. Isso demonstra muito cuidado na elaboração do roteiro, que por mais que não seja inovador, cumpre seu papel de entreter o expectador.

Temos também referências à essa década em uma participação especial muito bem encaixada e divertida, na batalha entre naves que lembra muito jogos antigos e em diversas referências à cultura Pop, inclusive na batalha final.

Você deve estar se perguntando “mas e aí, o filme não tem pontos negativos?”. Sinceramente, não encontrei nada que se encaixasse como negativo ao ver o filme. Tudo é bem encaixado, bem trabalhado, todos os personagens tem seu espaço, James Gunn demonstra que sabe trabalhar com equipes. Nem o suposto exagero de piadas que vi ser comentado por aí, pra mim isso não existe já que o filme segue a mesma proposta do primeiro, aliás ampliando-a e por isso se torna melhor que o antecessor.

Não tenho mais nada a dizer a não ser: Vá ver esse filme no cinema! Eu não me divertia tanto em uma sessão desde o episódio 7 de Star Wars e muito provavelmente assistirei mais uma vez ao filme. Ah, antes que eu me esqueça, fique até o final porque o filme realmente tem 5 cenas pós créditos, algumas um belo fan service para os mais atentos, outras muito engraçadas. E aqui também temos o melhor cameo do Stan Lee. Filme totalmente imperdível!

Nota: 10/10

Ficha Técnica

Duração: 137 minutos
Estúdio: Marvel Studios
Direção:
 James Gunn
Roteiro: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Michael Rooker, Karen Gillan, Elizabeth Debicki, Pom Klementieff, Chris Sullivan, Sean Gunn, Sylvester Stallone, Glenn Close, Kurt Russell, Michael Rosembaum, Miley Cyrus (não,você não leu errado), Ving Rhames e Michelle Yeoh

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.