Guardiões do Louvre – Propaganda refinada!

Já comentei sobre o trabalho de Jiro Taniguchi por aqui e em como ele é excelente. Taniguchi talvez seja um dos mangakás mais sensíveis que eu já tive contato, mesclando de maneira muito equilibrada a narrativa e filosofia japonesas com um traço mais ocidental. Guardiões do Louvre é mais uma prova do talento de Taniguchi, ainda que com algumas limitações.

A sinopse do quadrinho é a seguinte: Depois de uma excursão pela Europa, um artista japonês faz uma parada em Paris sozinho, com a intenção de visitar os museus da cidade. Mas, acamado em seu hotel devido a febre, ele enfrenta o sofrimento da solidão absoluta em uma terra estrangeira, privado de qualquer recurso ou apoio familiar. Quando a febre baixa um pouco, ele inicia seus passeios e logo se perde nos monumentais salões do Louvre. Lá, descobre muitas facetas do mundo das artes, em uma jornada que oscila entre alucinações febris e realidade. Ele se vê conversando com pintores famosos de diversos períodos da história, sempre guiado pelos… Guardiões do Louvre.

Taniguchi brilha ao recriar obras famosas do Louvre, como a Mona Lisa, em seu traço, ao mesmo tempo em que emprega uma narrativa contemplativa em diversos momentos, fazendo com que o leitor perceba a imensidão do Louvre, os cenários que inspiraram grandes artistas e as conversas entre o protagonista, os Guardiões e os artistas. As cores utilizadas pelo autor também são belíssimas, acentuando a sensibilidade de Taniguchi.

O genial Jiro Taniguchi!

O autor também foi muito inteligente ao inserir no roteiro um elemento muito presente em sua obra: A ligação entre Ocidente e Oriente. Em Guardiões do Louvre, Taniguchi explora os trabalhos de artistas que tiveram grande influência na arte Japonesa, como Van Gogh, mas também de artistas japoneses que foram muito influenciados pela arte ocidental. Além disso, há um momento histórico muito específico representado na HQ que é bastante emocionante e proporciona um dos melhores capítulos do mangá.

Esse trabalho faz parte de uma série encomendada pelo Museu do Louvre para divulgar a instituição, e esse com certeza é o grande ponto fraco do quadrinho. Por mais que tenhamos a inteligência e a bela arte de Taniguchi, o autor não conseguiu tirar o clima de “gibi institucional” da HQ. Sabe aqueles quadrinhos da Turma da Mônica que ganhamos na escola e que falam de assuntos como escovação dos dentes? Então, sinto que esse quadrinho é uma versão, evidentemente muito mais refinada, disso. Falta só o “Visite o Louvre!” no final.

A edição, como já é padrão da editora Pipoca & Nanquim, é muito bonita. Formato gigante, capa dura, papel de alta gramatura, acabamento do título envernizado e um marcado bem bonito de brinde, a edição justifica o preço que tem.

Guardiões do Louvre não é a obra pela qual eu recomendaria que você conhecesse o trabalho de Jiro Taniguchi, já que aqui ele não demonstra todo seu potencial. O clima de HQ institucional, que realmente me incomodou, limita a criatividade do autor, ainda que ele tenha contornado boa parte desse problema de forma muito competente. Para conhecer o trabalho do autor, leia O Homem Que Passeia, o qual já recomendei aqui, já que este é um trabalho que demonstra todo seu potencial. No mais, se você já é fã do autor e quer aprender um pouco mais sobre arte, Guardiões do Louvre é um belo adendo à sua coleção.

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Ficha técnica

Editora : Pipoca & Nanquim
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 136
Preço: R$ 59,90
Onde encontrar: Livrarias e lojas especializadas.

 

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.

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