Homem-Aranha: De Volta ao Lar – O filme do Aranha que você sempre quis ver!

O Homem-Aranha é um dos personagens mais famosos de todos os tempos, mas é triste perceber como ele foi bastante mal tratado durante sua existência, seja em fases horrorosas dos quadrinhos, seja em filmes que quase conseguiram matar a marca do personagem nos cinemas. Depois da parceria entre Marvel e Sony, que possibilitou a divertida aparição do personagem em Capitão América – Guerra Civil e também a produção de um novo filme solo, a esperança dos fãs foi novamente posta à prova. Dito isto, é inegável que Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o filme que todo fã do aracnídeo sonhou em ver.

Antes de entrar na análise do filme, aqui vai uma breve sinopse: Depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter Parker voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre  surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa não será tão fácil como ele imaginava.

O filme não se propõe a ser o melhor filme de super-heróis de todos os tempos e este com certeza é um de seus maiores acertos. Aqui acompanhamos uma aventura simples e contida de Peter Parker, tendo que equilibrar suas atividades escolares, seus problemas como adolescente e sua atividade como supe-herói. Eu diria que assistir a este filme é como ler uma boa história mensal do personagem.

Tom Holland apresenta um excelente Peter Parker, aquele garoto em início de carreira com milhões de problemas para resolver. Quando atua como Homem-Aranha ele realmente encarna o amigão da vizinhança, evitando crimes, tirando gatos de árvores, orientando o caminho correto para uma idosa perdida. Nada de tentar salvar o mundo, nem de batalhas cósmicas, aspectos muito grandiosos que não combinam nada com o personagem. Ele é o herói do Queens e isso é o mais importante pra ele no momento.

Todo o núcleo escolar do Peter também funciona muito bem. A interação de Peter com Ned (Jacob Batalon), seu melhor amigo, é divertidíssima, a relação dos dois com a excêntrica Michele (Zendaya) funciona, sua paixão por Liz Allen (Laura Harrier) é muito característica de um adolescente e até mesmo o bullyng um pouco diferente realizado por Flash Thompson (Tony Revolori), que foi muito criticado antes da estreia do filme, se faz efetivo dentro do contexto no qual eles estão inseridos.

O colégio aliás tem muito destaque no filme, é como se Jon Watts, diretor do filme, fizesse um filme de adolescentes no melhor estilo John Hughes que por acaso possui um super-herói inserido na trama. As referências ao diretor famoso por filmes do gênero nos anos 80 é explícita, e o filme acerta muito ao conseguir equilibrar um clima mais leve característico deste tipo de obra com partes mais tensas.

O elenco da escola funciona muito bem.

Por falar em tensão, é interessante notar como o vilão deste filme é bem construído. O Abutre interpretado por Michael Keaton, que está em uma bela ascendente em sua carreira alías, é muito interessante, ele possui motivações que não entram no clichê de dominar o mundo. Ele é um cara que tenta ganhar a vida com um negócio ilegal e que vê o Homem-Aranha como um obstáculo em seu trabalho. O filme acerta ao iniciar a história com o vilão, para que você conheça seus problemas, motivações e sua ligação com Tony Stark (Robert Downey Jr.).

O Homem de Ferro aliás funciona como uma espécie de mentor para Peter, mas não se preocupe porque não temos um excesso da presença do personagem no filme como os trailers nos fizeram acreditar, assim como não temos a substituição do tio Ben. Ele funciona como uma espécie de inspiração para Peter, não pelo seu modo de ser mas sim por sua atividade como herói. É uma relação interessante.

Há outros dois coadjuvantes que rendem momentos muito divertidos durante o filme, são eles Happy Hogan, interpretado por Jon Favreau, e a tia May interpretada por Marisa Tomei. Enquanto Happy é uma espécie de babá de Peter, May funciona como a tia super protetora, que passou por um grande trauma e não quer que nada semelhante aconteça com seu sobrinho.

A tia May é uma das pessoas mais importantes para Peter.

Uma coisa que deve ser ressaltada é o roteiro bem redondo do filme, que mesmo não sendo nada inovador, apresenta surpresas muito bem vindas para o espectador. O que impressiona é que 6 roteiristas mexeram neste trabalho e sabemos o quanto isso pode ser perigoso para a coerência de uma história.

E os pontos negativos? Bem, como o filme não se arrisca muito é até difícil encontrá-los, porém eles não são inexistentes. A direção de Jon Watts é muito genérica, bem feijão com arroz, e não inova em nada. Ao menos não compromete o andamento da história. A trilha sonora tem seus momentos, mas não apresenta um tema marcante para o personagem (a não ser a releitura da música clássica). A fotografia é simples, básica e se parece com inúmeros outros filmes da Marvel, ao menos isso faz com que você sinta que este personagem está no mesmo universo, porém estes aspectos técnicos deveriam ser melhor trabalhados.

Homem – Aranha – De Volta Ao Lar é divertido, remete ao quadrinhos clássicos de Stan Lee e Steve Ditko, assim como a fase Ultimate escrita por Bendis, reanima os fãs do personagem e te segura à história do início ao fim. Um ótimo filme que me fez ficar ansioso por suas continuações. Vá até o cinema mais próximo e assista-o!

P.S. : Fique até o final da sessão, pois o filme possui duas cenas pós créditos e a segunda é uma das mais divertidas que a Marvel já fez.

Nota: 8,5/10

Ficha Técnica

Duração: 133 minutos
Estúdio: Columbia Pictures, Marvel Studios
Direção:
Jon Watts
Roteiro: Jonathan M. Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris McKenna, Erik Sommers
Elenco: Tom Holland, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Zendaya, Michael Keaton, Jacob Batalon, Laura Harrier, Donald Glover, Tony Revolori, Bokeem Woodbine

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.