Jurassic Park – O livro é melhor que o filme?

O livro é sempre melhor que o filme. Essa é a afirmação que costumo ouvir (e as vezes replicar) quando converso sobre filmes adaptados de obras literárias. Um filme nunca consegue explorar todas as características de uma história que originalmente foi publicada em livro, o que é completamente normal devido a diferença entre as mídias. Mas e quando o livro e o filme fornecem experiências diferentes, nem melhor nem pior, abordando aspectos não divergentes de uma mesma história? Nessa situação é possível ter uma experiência mais completa ao consumir as duas obras. Jurassic Park com certeza se encaixa nessa situação.

Você já deve ter visto o filme de Steven Spielberg. Jurassic Park foi uma grande revolução, principalmente no que tange aos efeitos especiais (que continuam bons até hoje). A história do parque de diversões cheio de dinossauros localizado na Isla Nunbar, e criado pelo simpático e bonachão John Hammond, que convida o paleontólogo Alan Grant, a bióloga Ellie Sattler, o matemático Ian Malcolm e seus netos, as crianças Tim e Lex, para avaliarem seu empreendimento foi um dos maiores sucessos dos anos 90.

A narrativa que Michael Crinchton (você deve conhece-lo também por ter criado a série ER- Plantão Médico) emprega em seu livro porém é muito diferente da abordagem Spielberguiana (se não existe essa palavra, considere-a inventada rs). Por mais que o autor também seja um dos responsáveis pela adaptação do livro para um roteiro de cinema, o livro apresenta temas que sequer chegam a ser pincelados no filme. Não temos Alan Grant descobrindo seu desejo de ser pai conforme desenvolve seu relacionamento com os netos de Hammond, nem toda a aura de apreço pelo fantástico que Spielberg insere em muitos de seus filmes e o próprio Hammond deixando de ser um simpático senhor para se tornar uma espécie de versão sinistra de Walt Disney. No livro são tratados temas como espionagem empresarial, teoria do caos, os perigos da prepotência do ser humano, tudo isso numa narrativa com vários elementos de um verdadeiro Thriller.

Michael Crinchton

Crinchton é formado em medicina pela Harvard Medical School e seu conhecimento científico foi essencial para a construção da trama. Você realmente acredita que é possível que dinossauros podem ser trazidos à vida, mesmo que hoje saibamos que muitos conceitos do livro são mera ficção. Ao ouvir Alan Grant falar você se interessa por paleontologia e o mesmo acontece com Ian Malcom e a teoria do Caos, já que a linguagem é bem simples e não torna a leitura cansativa em momento algum. Você deve conhecer Crinchton.

Claro que o livro tem alguns problemas, um deles é a oscilação de personalidade de alguns personagens especialmente Lex. A garota se sente aterrorizada com os dinossauros mas no momento seguinte está dizendo que está com fome ou que é muito chato esperar os dinossauros irem embora. Esse tipo de situação é bastante inverossímil e acaba tirando um pouco o aspecto humano dos personagens.

Quanto a edição, a Aleph está de parabéns. O visual capa preta e contorno das páginas em vermelho chama muito a atenção. A revisão do texto está muito boa, com pouquíssimos erros, e isso deve ser ressaltado já que é fato conhecido o problema com revisão que as publicações brasileiras enfrentam.

Eu aconselho que você leia o livro independente de ter visto o filme ou não. A abordagem é bem diferente e é bem legal conhecer diferentes perspectivas de uma história. Há um gancho no final para a continuação, que já foi lançada pela Aleph com o nome O Mundo Perdido (e que também virou filme nas mãos de Spielberg), que me deixou bastante curioso. Estou ansioso pelo próximo encontro com os dinossauros.

Ficha Técnica

Editora: Aleph
Ano de lançamento: 2015 (edição original 1990)
Páginas: 528
Preço: R$ 49,90
Onde encontrar: Livrarias e lojas especializadas

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.