Recomendação da Semana – Blue Note – Os Últimos Dias da Lei Seca

Bem-vindos a mais uma Recomendação da Semana, a coluna na qual recomendamos livros, HQs, filmes, séries e álbuns que achamos interessantes. A recomendação de hoje é um quadrinho que abrange um período bastante interessante da história dos EUA, sob duas perspectivas bem diferentes, porém bastante complementares. A recomendação de hoje é Blue Note – Os Últimos Dias da Lei Seca, quadrinho escrito por Mathieu Mariolle e desenhado por Mikaël Bourgouin.

Pense no seguinte contexto: Início da década de 1930, os EUA tentam se recuperar da maior crise econômica de sua história até então, ao mesmo tempo que a Lei Seca, que proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas no país, está em vigor. Em meio a um clima de desesperança da sociedade, mafiosos se aproveitam disso para enriquecer com o contrabando de bebidas pelo país, criando uma grande fortuna e poderosa rede de influência, que se espalhou por diversos negócios, como a música e o boxe. E é sob a perspectiva de um boxeador, Jack Doyle, e um músico, o violonista R.J., que acompanhamos a história de Blue Note.

A história de Jack Doyle é muito parecida com diversas outras que já vimos em obras Hollywoodianas, como o ótimo Cinderella Man (A Luta pela Esperança, aqui no Brasil) estrelado por Russel Crowe. Jack é um boxeador que teve muito sucesso no passado, mas entrou em decadência, chegando ao ponto de disputar lutas ilegais para se manter fazendo o que gosta. Ele tem a oportunidade de voltar aos ringues profissionais, mas logo se depara em um meio controlado por mafiosos, com lutas compradas e muita chantagem envolvida para que ele mantenha os resultados que beneficiarão os apostadores ligados aos mafiosos que financiam as lutas.

R.J. é um talentoso violonista de Blues, que quer gravar um disco para disseminar sua música. Ele vive tocando em clubes noturnos, que são muito movimentados, já que é lá que as pessoas vão para beber, já que a maioria pertence à mafiosos e possuem proteção da polícia, e se divertir. Ele finalmente consegue realizar o sonho de fazer uma gravação, mas aprenderá de forma cruel que a máfia o considera apenas uma mercadoria, que deve se sujeitar as vontades de seu dono.

O roteiro de Mathieu Mariolle é muito bem estruturado, pois as histórias dos protagonistas se passam paralelamente, mas se cruzam em alguns momentos importantes. Como a obra é dividida em dois capítulos, cada um focado em um dos protagonistas, temos perspectivas diferentes sobre os mesmos acontecimentos. Alguns personagens seguem estereótipos dos quais é difícil fugir, mas todos são muito bem caracterizados e possuem voz própria.

A arte de Mikaël Bourgouin é estonteante, super detalhada e precisa em construir a atmosfera da Nova York dos anos 1930. O artista mistura realismo e caricatura para construir a figura dos personagens, o que traz fluidez à sua narrativa, que é excelente. A maneira como o artista representa as músicas executadas durante a história é magnífica e as lutas de boxes são as mais bem construídas que eu já vi em um quadrinho. O cara é um gênio.

O trabalho da Mythos é bastante competente. A publicação faz parte do selo Gold Edition, que tem como foco publicar obras europeias recentes em formato de luxo, e isso fica evidente ao ter o material em mãos. Em capa dura, papel Off Set de alta gramatura (que aumenta o clima de época da obra) e formato 31,2 x 23,4, a obra é bastante imponente. Como puxão de orelha, ficam os pequenos erros de revisão e a grafia incorreta do nome do roteirista na quarta capa do quadrinho. Nada que comprometa a qualidade da obra.

Blue Note é um quadrinho indispensável para fãs de música, boxe, histórias de máfia ou apenas interessados em boas narrativas. Com diversas referências (você achou que o nome R.J. era por acaso), a obra irá instigar o leitor durante toda sua duração. Simplesmente indispensável.

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Ficha técnica

Editora :  Mythos
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 148
Preço: R$ 89,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.