Recomendação da Semana – Lanterna Verde e Arqueiro Verde

Bem-vindos a mais uma Recomendação da Semana, a coluna na qual recomendamos livros, HQs, filmes, séries e álbuns que achamos interessantes. Hoje recomendarei um quadrinho extremamente importante, que fez críticas sociais numa época em que isto era raro nesta mídia. A recomendação de hoje é Lanterna Verde e Arqueiro Verde, de Dennis O’ Neil e Neal Adams.

É engraçado, porém compreensível, que grandes séries de quadrinhos sempre surgem com um aspecto em comum. Uma revista que não vende muito, a beira do cancelamento e que não tem muito controle editorial. Este é um prato cheio para equipes criativas competentes, que com liberdade conseguem escrever grandes histórias e revitalizam a popularidade do título. Com a revista do Lanterna Verde não foi diferente.

Você se pergunta “Você não está se esquecendo do Arqueiro?”. A resposta é não, já que a proposta original era revitalizar apenas Hal Jordan, porém a dupla criativa responsável decidiu incluir um personagem que servisse como contraponto à Hal. Dentre o panteão da DC, o escolhido foi o até então cópia do Batman com Arco e Flecha, Arqueiro Verde.

Hal Jordan enxerga o mundo como preto e branco, bom e mau e não compreende as nuances que existem. Quando ele entra no caminho de Oliver Queen, este mostra que há muitas áreas cinzas e que nem sempre o bem e o mau se apresenta de forma clara.

Para dar prosseguimento a este aprendizado os dois se unem em uma road trip pelos Estados Unidos, onde eles presenciarão as mazelas daquele país, como o racismo, o desrespeito com a comunidade indígena, o uso de drogas por jovens etc. Por essa temática, esse foi um dos primeiros quadrinhos a desafiar o Comics Code Authority (o sistema de censura aos quadrinhos vigente na época), conforme expliquei neste texto.

Não pense que os autores tratam Hal como um completo idiota e Oliver como o sábio da dupla, pois a questão não é tão simples. Ambos evoluem durante a jornada, já que o roteiro deixa claro a hipocrisia de Oliver em alguns momentos como, por exemplo, o icônico momento no qual seu parceiro Roy Harper (o Ricardito) utiliza drogas por se sentir abandonado por seu mentor.

Posso soar repetitivo mas quero novamente ressaltar o trabalho da dupla criativa responsável por esta fase. O’ Neil constrói um roteiro consistente, crítico e extremamente relevante até os dias de hoje, além de definir traços da personalidade dos personagens que persistem até hoje. Fica clara a influência de seu trabalho em autores posteriores como Frank Miller. Neal Adams constrói uma arte de alto nível, com closes cinematográficas e uma narrativa que enfatiza muito bem o ritmo do roteiro de O’ Neil, deixando clara também sua influência para diversos artistas, tanto contemporâneos quanto posteriores.

Uma das capas mais famosas de todos os tempos.

A Panini recém republicou a fase completa em 3 volumes de capa cartonada, que possuem um preço bem atrativo, então não deve ser difícil de encontrar. Enfatizo novamente que você leia está fase que é uma das mais memoráveis e importantes dos quadrinhos de super-heróis.

Já leu esta fase? O que achou? Deixe sua opinião aí nos comentários. Nossa coluna de Recomendações volta na próxima semana.

Ficha Técnica

Editora : Panini
Ano de lançamento: 2017
Páginas: 3 volumes com 132 páginas em média
Preço: R$23,90 (cada volume)
Onde encontrar: Bancas, livrarias e lojas especializadas

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.

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