Recomendação da Semana – Os Leões de Bagdá

Bem-vindos a mais uma Recomendação da Semana, a coluna na qual recomendamos livros, HQs, filmes, séries e álbuns que achamos interessantes. A recomendação de hoje é uma obra que mistura fábulas com realismo fantástico, discutindo a liberdade utilizando animais falantes vivendo em um ambiente devastado pela guerra. A recomendação de hoje é Os Leões de Bagdá, quadrinho escrito por Brian K. Vaughan e desenhado por Niko Henrichon.

Baseado em uma história real, Leões de Bagdá narra a história de um grupo de quatro leões que fugiram do zoológico de Bagdah no ano de 2003, em plena invasão do Iraque. Com sua recém conquistada liberdade, os leões procuram sobreviver em meio ao caos que assola o país, ao mesmo tempo que se questionam sobre o que está acontecendo e o porquê de eles terem sido libertados.

O grupo de leões é composto por Zill, o patriarca do grupo que cresceu na natureza e mesmo sentindo falta da liberdade de seu passado, se sente confortável em viver no zoológico. Noor, uma leoa que não se lembra da vida na natureza, mas que mesmo assim acredita que esta seja melhor do que a vida no zoológico. Safa, a mais velha do grupo, que quase foi morta por um leão nos tempos da vida na natureza (ficando cega durante o incidente), e que não se importa em ceder sua liberdade para ter a segurança proporcionada pelo zoológico. Por fim, temos Ali, o filhote de Zilli e Noor, o único que nunca conheceu a vida na natureza e para quem a liberdade é uma perspectiva totalmente nova.

Como você pôde perceber, cada personagem tem uma visão diferente sobre o conceito de liberdade. Muito mais que uma simples história de animais falantes, Leôes de Bagdá personifica nos leões arquétipos do próprio povo iraquiano, que divergiam sobre o governo de Saddam Hussein, o terrível ditador que governava o país, e a interferência dos EUA na região. Esse tipo de simbolismo não se restringe apenas aos leões, mas outros animais que vão aparecendo também exercem essa função da história, lembrando bastante obras como Revolução dos Bichos e Maus.

Brian K. Vaughan é hábil em fazer com que o leitor reflita sobre os acontecimentos ocorridos no Iraque, mas sem tomar um lado na discussão. Ele nunca condena ou apoia a ação americana na região, já que esse não era seu propósito. A questão principal da obra é: A Liberdade continua sendo verdadeira mesmo quando é dada e não conquistada?

O autor também procura explorar o sofrimento do povo iraquiano através dos animais, mostrando um pouco do passado de cada um, fazendo com que o leitor se apegue cada vez mais a eles. Isso é importante para a catarse presente no final da história, o qual não irei comentar aqui, mas adianto que é bastante emocionante.

A arte de Niko Henrichon é um negócio difícil de ser descrito em palavras. Cada quadro é lindo, e o artista é muito hábil em construir splash pages que nos dão uma noção da beleza da região no qual a história se passa. Cada personagem tem identidade própria no traço de Henrichon, algo que é muito importante para dar voz a cada um deles. Espero que mais trabalhos desse artista sejam lançados por aqui.

A edição da Panini é muito bonita, em capa dura, papel couchê e um trabalho de revisão correto. Os extras da edição são muito interessantes, pois detalham o processo de concepção da história, com a proposta original de Vaughan pra série, o roteiro propriamente dito, estudos de personagem feito por Henrichon, etc. Um verdadeiro prato cheio para aqueles que se interessam por bastidores dos quadrinhos.

Os Leões de Bagdá é uma obra que deveria ser lida e mais divulgada. Ao trazer questionamento interessantes, faz com que o leitor reflita sobre diversos temas que sempre são atuais em nossa sociedade (para o bem e para o mal). Você já leu? O que achou? Deixe sua opinião aí nos comentários.

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Ficha técnica

Editora :  Panini
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 168
Preço: R$ 59,00

 

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.

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