Embora pouco publicado no Brasil, Michael Moorcock é um dos maiores nomes da literatura de fantasia, sendo equiparado a autores como J.R.R Tolkien e Robert Howard. Através de Elric, sua maior criação, Moorcock estabeleceu o termo Espada e Feitiçaria com histórias protagonizadas por um personagem que foge bastante do arquétipo de herói, sendo muito mais próximo a um vilão na verdade. Quando uma equipe formada pelos roteiristas Julien Blondel e Jean-Luc Cano e os artistas Didier Poli, Robin Recht, Julien Telo, Jean Bastide se reuniu para produzir uma adaptação em quadrinhos de algumas das histórias de Elric para a editora francesa Glénat, acabaram criando a adaptação definitiva do personagem. E foi essa obra que a editora Mythos trouxe para o Brasil em dois volumes com os nomes O Trono de Rubi e O Lobo Branco.
Elric é o imperador de Menilboné, um reino que já viveu dias melhores, mas que agora está em plena decadência, sendo confrontado tanto por reinos que os cercam quanto por sua própria população, já que o imperador apresenta certa fragilidade física. Isso incentiva que seu primo, Yyrkoon, comece a conspirar para tomar o controle do reino, o que levará Elric a buscar auxílio de forças das trevas inexoráveis e a vagar pelo mundo em busca de conhecimentos que revelarão segredos do passado de sua linhagem e abalarão seu futuro.
A dupla Julien Blondel e Jean-Luc Cano é muito competente em construir um roteiro que, ao mesmo tempo que captura a essência do Elric, consegue apresentar uma nova perspectiva do personagem, adicionando elementos que segundo o próprio criador do personagem, melhoram aspectos da obra original. Os personagens tem profundidade, a mitologia é riquíssima, a trama é épica e prende o leitor em cada virada de página, uma ótima combinação para uma história de fantasia.
Com relação à arte, tantos nomes envolvidos podem dar a impressão de que há uma certa irregularidade, mas não se deixe enganar. Ter tantos artistas talentosos nas páginas do quadrinho foi uma ótima escolha, é como se cada quadro fosse pensado e revisado, atingindo um alto nível de qualidade. Os cenários são impressionantes, os personagens são bem delineados e expressam a diversidade desse mundo e há um cuidado com relação às vestimentas que fazem com que o leitor fique mergulhado na história. Aliás, os artistas buscaram influência nas obras do Clive Barker para compor o visual dos melniboneanos, o que combinou muito bem.
Caso você precise de outras análises para atestar a qualidade da obra, as edições da Mythos apresentam textos do criador Michael Moorcock, Alan Moore, Neil Gaiman e Jean-Pierre Dionnet, co-fundador da renomada revista Métal Hurlant, afirmando que essa é a adaptação definitiva do personagem e que até apresentou melhoras que o próprio Moorcock gostaria de ter implementado. Não é todo dia que você vê tantos grandes nomes elogiando uma obra, né?
Por falar na publicação da Mythos, a editora compilou dois álbuns em cada edição em seu selo Gold Edition, sendo eles O Trono de Rubi, Stormbringer, O Lobo Branco e A Cidade que Sonha, com cada uma das edições com o nome do seu respectivo primeiro álbum. As publicações possuem capa dura, papel couché de alta gramatura e são recheadas de extras, que envolvem textos introdutórios dos autores já mencionados e detalhes sobre o processo de criação da equipe envolvida na obra.
O Trono de Rubi e O Lobo Branco são publicações ideais para quem gosta de histórias épicas de fantasia, mesmo para aqueles que não estão familiarizados com a obra de Moorcock. Espero que essa mesma equipe criativa possa produzir mais histórias de Elric, os fãs de bons quadrinhos agradecem.
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Ficha técnica
Editora: Mythos
Tradução: Helcio de Carvalho, Jotapê Martins e Octavio Aragão
Ano de lançamento: 2017 (O Trono de Rubi) e 2021 (O Lobo Branco)
Páginas: 124 (O Trono de Rubi) e 132 (O Lobo Branco)
Preço: R$99,90 (O Trono de Rubi) e R$109,90 (O Lobo Branco)
Lucas Araújo
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