Namor – As Profundezas – E se Lovecraft escrevesse um quadrinho da Marvel?

Já mencionei em outros textos que, para autores que tenham um pouco mais de criatividade, os super-heróis possibilitam a criação de vários estilos de história, que fogem do simples confronto entre herói e vilão regados a socos e splash pages. Peter Milligan, embora não seja um autor muito comentado e até certo ponto subestimado, é uma dessas mentes criativas que vez ou outra procuram produzir algo um pouco diferente envolvendo esse tipo de personagem. É o que ele faz em Namor – As Profundezas, quadrinho que ele produziu ao lado do artista croata Esad Ribic e que foi publicado por aqui pela Panini.

Você deve conhecer Namor, seja como clássico inimigo do Quarteto Fantástico, membro dos Illuminati, nos Defensores ou por sua representação cinematográfica. Em As Profundezas temos uma abordagem diferente do personagem, em que ele é tratado como uma espécie de lenda, assim como a Atlântida, lugar o qual ele é o monarca. Na trama vemos uma tripulação liderada por um cientista que tem o objetivo de investigar o desaparecimento de outra tripulação que tinha a missão de descobrir se o mito da Atlântida é real. Quanto mais esses homens chegam às profundezas do mar, mais eles são envoltos em mistérios que os farão questionar a própria sanidade, sempre cercados por uma figura cujo a existência rompe as barreiras da imaginação.

Muito influenciado por H.P. Lovecraft e com algumas pitadas de Arthur C. Clark em seu Encontro com Rama, Milligan constrói uma trama permeada pelo terror em que seus personagens vão perdendo a lucidez conforme avançam em seu objetivo. Chama a atenção a forma com que ele faz com que a presença de Namor seja sentida durante toda a história, mesmo que sua breve aparição de fato ocorra somente em um determinado momento, o que torna a história ainda mais apavorante.

A arte de Esad Ribic mantém a consistência vista em seus outros trabalhos, com um estilo aquarelado que traz um certo realismo, mas que faz uma bela mescla com o fantástico. Narrativamente, o artista croata consegue manter a trama de forma cadenciada e apresentar o clima cada vez mais claustrofóbico conforme os personagens chegam a lugares cada vez mais profundos. Sua representação do Namor, menos fantástica e mais aterrorizante e lovecraftiana, é uma das mais interessantes que o personagem já teve.

A edição mais recente da Panini reúne as cinco partes da minissérie originalmente publicada em 2008 e  possui capa dura e papel couché. o trabalho editorial é competente, visto que há uma introdução que faz um pequeno resumo da trajetória do Namor e extras que envolvem biografia dos autores, uma lista de grandes histórias envolvendo o personagem, um longo histórico dele e também detalhes dos bastidores da produção de As Profundezas, que enriquece bastante a experiência de leitura.

Namor – As Profundezas é um quadrinho que demonstra que autores talentosos podem trazer abordagens diferentes para os super-heróis, fazendo com que os leitores os vejam sob outra perspectiva. Um respiro de criatividade em uma indústria que devido ao seu ritmo de produção sufoca cada vez mais histórias como essa. Leia e divirta-se.

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Ficha Técnica

Editora: Panini
Tradução: Marcelo Soares e Leandro Luigi Del Manto
Ano de lançamento: 2022
Páginas: 136
Preço: R$66,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.