Salve, Justiceiros!
Que primeiro episódio foi esse, hein?
Como eu sempre ressalto, aqui no Justiça Geek estamos divididos em especialidades, e eu sou o fanático por Game of Thrones. Enquanto meus colegas da redação estão roendo as unhas pelas estreias dos filmes de super heróis (não que eu não esteja um pouco, também…), eu não aguentava mais esperar pela estréia de GoT, e quando aquela épica música de abertura composta por Ramin Djawadi começa a tocar, dá até um arrepio!
Vários núcleos foram abordados nesse primeiro episódio. Vamos analisar brevemente o que aconteceu em cada um e as implicações para a história.
O episódio começa na Muralha (pra ser mais preciso, no exato ponto onde a quinta temporada terminou), mas o surpreendente desfecho do episódio também foi por lá, então vamos deixar pra falar desse núcleo no final do artigo.
Em Winterfell
O castelo é a antiga sede da casa Stark, mas o seriado trata de nos lembrar na primeira tomada que quem o controla agora são os Bolton, nos mostrando o estandarte do homem esfolado sendo carregado por um soldado montado do lado de fora dos muros.
Ramsey (agora um Bolton legitimado, e não mais um bastardo) lamenta a morte de Myranda, sua amante, sabendo que a morte dela está relacionada com a fuga de sua esposa, Sansa, e de Theon. Seu pai, Roose Bolton, o repreende por ter permitido que essa fuga acontecesse, além de deixar claro seu desprezo pela vitória de Ramsey sobre as forças de Stannis Baratheon, tudo isso num tom calmo de alguém que fala da receita de um bolo. Michael McElhatton, o ator que interpreta Roose Bolton, vem sendo extremamente competente nisso desde o começo da série (aliás, só eu acho foda a voz grave e imperturbável desse cara?).
O envolvimento de Sansa com o núcleo dos Boltons na série foi um dos pontos mais criticados da quinta temporada, tanto pela cena do estupro, quanto pela mudança da história em relação aos livros (nos livros, Sansa ainda está saindo do Ninho da Água com Mindinho, ou seja, não chega a ir para Winterfell depois do domínio dos Bolton).
Mas eu achei essa uma das melhores adaptações do roteiro. Nos livros, a vítima do casamento forçado com Ramsey (e consequentemente do estupro) é Jeyne Poole (filha do antigo intendente de Winterfell), que também está sendo forçada pelos Bolton a se passar por Arya Stark. O que os produtores da série fizeram foi terminar mais rápido o núcleo da Sansa (que é meio sem graça nos livros, pra ser sincero) e colocá-la no núcleo dos Bolton, que fica mais interessante com a presença dela e principalmente mais fácil para as pessoas que não leram os livros entenderem essa grande confusão de personagens.
A cena final de Sansa na quinta temporada (o pulo da muralha do castelo junto com Theon) é justamente o que acontece com Jeyne Poole em sua última cena nos livros (ficou faltando apenas a participação de Mance Rayder na fuga, que seria sensacional). No entanto, nos livros Jeyne e Theon chegam ao acampamento de Stannis, o que não será possível para Sansa, já que Ramsey devastou o que restava das forças de Stannis e Brienne supostamente o matou no final da quinta temporada (será mesmo?).
De toda forma, a cena pula para Sansa e Theon fugindo pela neve. Eles logo são encontrados pelo grupo de busca enviado por Ramsey, mas Brienne e Podric aparecem heroicamente para salvá-los. A batalha é curta e emocionate, mas a coreografia da luta de espadas deixa muito a desejar (aliás, esse é um problema recorrente demais, pra uma série que em outros aspectos é tão bem produzida… não custava nada colocar um coreógrafo de lutas mais competente…).
E após essa entrada triunfal, Brienne mais uma vez se ajoelha e oferece seus serviços a Sansa (pra quem não lembra, ela já havia feito isso enquanto Sansa ainda estava com Mindinho). Desta vez, Sansa aceita.
O rito do juramento de fidelidade entre um cavaleiro e seu senhor é algo bonito e cheio de significado. Sansa obviamente sabe disso, provavelmente já presenciou acontecendo, mas não sabe as palavras de cor, e por isso é ajudada por Podric. Pessoalmente, adorei a cena.
Em Porto Real
Jaime havia ído para Dorne para resgatar Myrcella, mas retorna com seu corpo sem vida, num navio dornês. A conversa entre ele e Cersei é terna e reconciliadora. Isso representa mais uma mudança grande em relação aos livros, mas é mais aceitável.
Não vejo como isso pode alterar muito a história da Cersei, mas muda completamente o destino do próprio Jaime. Nos livros, ele estava caminhando para uma redenção e mudança de personalidade (o que era possivelmente uma das maiores evoluções em um personagem da saga), mas isso incluía um afastamento de Cersei, causado pelas traições de sua irmã-amante. Na série, ele está praticamente dando um passo para trás nessa redenção. Vamos ver no que vai dar.
Enquanto isso, Margaery Tyrell ainda está presa no Septo de Baelor, enquanto o Alto Septão (conhecido como Alto Pardal) tenta extrair dela uma confissão pela acusação falso testemunho no inquérito feito pelo Septão sobre seu irmão, Loras Tyrell. A permanência de Margaery em cárcere é uma coisa bem sem lógica na série, considerando o poder militar dos Tyrell. Nos livros, ela fica presa apenas até o retorno de seu pai à capital, então parece que esse será justamente o desenrolar da história para ela na série também. Veremos.
Em Dorne
As cenas ocorridas com os personagens dorneses estão entre as mais relevantes do episódio, e eu vou explicar o porquê: trata-se da mudança mais drástica em relação ao seguimento da história nos livros.
Se você não leu os livros, vou resumir pra você como acontece: o Príncipe Doran Martell, chefe de estado de Dorne, nos livros tem três filhos: Arianne, Quentyn e Trystane. E nos livros, Doran é um gênio estrategista, que aparenta ser covarde e excessivamente cauteloso, mas come pelas beiradas enquanto planeja altas paradas. Ao longo da história dos livros, é revelado que Doran pretendia casar Arianne com Viserys Targaryen (o irmão mais velho de Daenerys, lembram?) para colocá-la no trono de ferro. Arianne, sem saber dos planos do pai, rapta Myrcella e planeja coroá-la como Rainha, mas o plano dá errado e Myrcella acaba com o rosto desfigurado durante uma batalha. Paralelamente, com a morte de Viserys, os planos mudam e Doran envia seu segundo filho, Quentin, para cortejar Daenerys e honrar o pacto que havia sido feito com Dorne. Quentyn é rejeitado por Daenerys e tenta capturar os dois dragões que estavam no poço, mas acaba sendo queimado e morre pouco depois. Os dragões ficam soltos e começam a tocar o puteiro em Mereen.
Tá estranhando não ter visto nada disso na série? Pois é, nós também. Estamos tentando ser tolerantes e assumir que os livros e a série constituem universos paralelos e que tudo vai acontecer de forma diferente, mas o fato é que o núcleo de Dorne, um dos mais legais dos livros, foi desfigurado, infelizmente. Doran Martell foi retratado como um pateta que é assassinado por não conseguir prever a traição de Ellaria Sand (ex-amante de Oberyn), e Aero Hotah, que deveria ser um dos melhores guerreiros dos Sete Reinos, foi morto por uma faquinha nas costas. A cena é decepcionantemente mal feita.
Além disso, o próprio Trystane morreu pelas mãos das Serpentes da Areia (as filhas bastardas de Oberyn). Sim, elas existem nos livros, mas são personagens mais bem trabalhados e atuam de formas diferentes. Outra cena mal feita, apenas para dar fim a um personagem que os produtores não mais julgavam necessário.
Quanto a Arianne e Quentyn, simplesmente não existem na série. Uma pena.
A consequência de tudo isso é que Dorne provavelmente irá atuar de uma forma muito mais agressiva na disputa por Westeros. Enquanto nos livros Doran é cauteloso e discreto, atuando nas sombras e escondendo seus atos bem planejados, Ellaria dá a entender que vai chutar o pau da barraca, e talvez até declarar guerra aberta. No entanto, com tamanha subversão dos personagens, fica difícil dizer o que pode acontecer com esse núcleo.
Em Meereen
Nos livros, Tyrion ainda não encontrou Daenerys, mas está muito perto disso. E tanto nos livros quanto na série, tudo indica que ele vai exercer um papal importante, ajudando na administração de Meereen, que é o que ele faz melhor. E o fato de Varys estar ali também é bom, porque ele é um personagem muito importante nos livros (supostamente o grande arquiteto de algumas das maiores paradas que acontecem), então precisa ser melhor desenvolvido na série.
Na curta cena em Meereen, Tyrion e Varys caminham pelas ruas como pessoas comuns, e presenciam parte do discurso de um sacerdote vermelho de R’hllor (o mesmo deus cultuado por Melisandre) dirigido às pessoas comuns da cidade. A fé de R’hllor, também chamado Senhor da Luz, é forte em Essos, mais do que em Westeros, e essa cena certamente indica que ela será mostrada de novo na série.
Esse sacerdote discursando para as pessoas pode inclusive ser Moqorro, outro personagem importante dos livros que ainda não apareceu na série. Por um lado, ele não tem nada a ver com a descrição de Moqorro nos livros; por outro, sabemos que os produtores da série preferem ignorar as descrições dos personagens mais exóticos de Essos, possivelmente por considerarem que a audiência não os aceitaria da forma extravagante como são descritos nos livros.
E um dado momento, fica claro que Tyrion e Varys estão sendo observados, e logo após presenciam um alvoroço causado pelo incêndio, certamente criminoso, de todos os navios no porto.
No Grande Mar de Grama
Jorah e Daario estão em busca de Daenerys, seguindo rastros de ossos derretidos deixados pelo dragão Drogo, e encontram o local onde ela foi capturada pela horda Dothraki. Durante essa busca, acontece uma conversa interessante entre os dois sobre o interesse de Jorah por Daenerys, mas é algo que não poderia estar mais longe de acontecer nos livros.
No último livro, Jorah ainda está escravizado, junto com Tyrion, nas mãos dos Segundos Filhos (uma irmandade de mercenários), ao passo que Daario foi entregue por Daenerys como refém para os nobres de Yunkai, que estão sitiando a cidade de Meereen. Jorah também não contrai Escamagris (isso nos livros acontece com um outro personagem que ainda não apareceu na série).
Essa mudança de roteiro também acaba suavizando bastante o personagem de Jorah. Nos livros, ele demonstra o seu lado mais cruel e sem empatia, maltratando Tyrion enquanto os dois estão viajando juntos, algo que certamente diminuiria a popularidade do personagem na série.
Paralelamente, Daenerys caminha como escrava em meio à horda Dothraki, e sabiamente esconde o fato de que fala a língua deles, demonstrando isso apenas quando está diante de Khal Moro. Ela então revela que é a viúva de Khal Drogo, o que por um lado a protege das violências que sofreria, mas ao mesmo tempo a condena, pelos costumes Dothraki, a passar o resto de seus dias em Vaes Dothrak junto com as demais viúvas e Khals mortos.
Achei esse desenrolar bem lógico e coerente, e talvez bem próximo do que acontecerá nos livros. Ao mesmo tempo, me parece que isso facilita bastante a vida de quem quer que vá resgatá-la (na série, provavelmente serão Jorah e Daario). Afinal, deve ser mais fácil entrar em Vaes Dothrak para resgatar uma viúva do que enfrentar um Khalasar inteiro para roubar uma escrava super valorizada. Veremos nos próximos episódios.
Em Braavos
Arya começa um treinamento cega. Essa parte está razoavelmente fiel aos livros. Este treinamento é parte do que ela deve passar para se tornar um dos assassinos sem rosto. Como uma mendiga, desprezada na rua pelas pessoas em geral, ela é atacada por uma acólita do templo do Deus das Muitas Faces e leva uma surra, que se repetirá no dia seguinte a não ser que ela aprenda a lutar confiando apenas em seus outros sentidos.
Contudo, temo que vá haver mudanças em breve neste núcleo, pois ela não tem interagido muito com os outros núcleos da série, e isso pode fazer com que a audiência perca o interesse na personagem. Essa interação possivelmente acontecerá com Sam Tarly, até porque é algo que de fato acontece nos livros. Sam deverá passar por Braavos em sua ída para a Cidadela, onde deverá iniciar seu treinamento como Meister.
E finalmente, na Muralha
No começo do episódio, Sor Davos e Edd Doloroso (um dos amigos mais fiéis a Jon) encontram o corpo do jovem comandante assassinado no pátio de Castelo Negro, e o levam para um quarto, junto com o punhado de homens em quem podem confiar. Edd pensa apenas em vingança imediata contra Alliser Thorne, mas a experiência de Sor Davos recomenda cautela e um pedido de ajuda ao grupo de selvagens que devem a vida a Jon Snow. Melisandre aparece e demonstra sua desolação com a morte de Jon. É a última coisa que ela esperava, indo contra as promessas vindas de suas visões no fogo.
Diante dos demais irmãos da patrulha, Alliser Thorne assume a responsabilidade pelo assassinato do Senhor Comandante Jon Snow, juntamente com os demais oficiais que conspiraram para o crime, mas justifica sua atitude pelos supostos atos de Jon que poderiam trazer o fim à Patrulha da Noite. Ele se aproveita do fato de que todos no sul, e especialmente os patrulheiros, tem um grande preconceito em relação ao povo além da muralha, o de que a popularidade de Jon já estava abalada após investir recursos da Patrulha para resgatar os selvagens em Durolar.
No fim do episódio, Edd ainda não voltou com ajuda dos selvagens, e Alliser Thorne vai à porta do quarto onde Sor Davos, Fantasma e alguns patrulheiros guardam o corpo de Jon. Thorne oferece termos de rendição, mas Sor Davos e os patrulheiros ali suspeitam de uma armadilha. A única saída é ganhar tempo enquanto Edd não volta.
Pessoalmente, acredito que os produtores da série vão segurar o suspense sobre o desenrolar desta situação por mais um ou dois episódios, mas vamos ver. A prévia do próximo episódio já mostrou que os Bolton pretendem atacar Castelo Negro (já que é o lugar mais provável para onde Sansa pode ir), então talvez tudo aconteça ao mesmo tempo no terceiro episódio numa grande batalha entre a Patrulha, os selvagens e os Bolton, e no meio de toda essa confusão Jon deve se levantar triunfalmente, erguido dos mortos pelo poder de Melisandre.
Na última cena do episódio, tivemos uma revelação surpreendente, que muitos dos fãs mais assíduos vem dizendo que já era previsível: Melisandre é na verdade uma velha anciã, possivelmente com centenas de anos, e o que a mantém com a aparência jovem e bela é o poder de ilusão concedido pelo Senhor da Luz, concentrado no adorno de rubi que ela usa no pescoço.
Ainda que isso fosse algo já anunciado por uma série de dicas na série e principalmente nos livros, foi uma grande revelação para todos, leitores e não leitores. E na minha opinião, um excelente desfecho para o primeiro episódio: a cena foi fantástica e dramática na medida certa.
Um dos possíveis desdobramentos disso é que talvez Melisandre passe sua imortalidade para Jon, mais ou menos como Beric Dondarrion fez por Catelyn Stark nos livros. Aliás, essa seria uma explicação para os produtores da série não terem incluído a Senhora Coração de Pedra (Catelyn ressuscitada) na série, pois isso roubaria a grande surpresa que será a ressurreição de Jon pelas mãos de Melisandre.
Ou talvez ela consiga ressuscitá-lo sem dar a própria vida (como Thoros de Myr fez diversas vezes por Beric Dondarrion). Será?
Conclusão
Foi um bom episódio. Algumas coisas ficaram abaixo da expectativa, algumas mudanças de roteiro e desvirtuamento de personagens revoltaram (mais uma vez) os fãs dos livros, mas no geral considero que foi um bom começo, e talvez essa seja uma excelente sexta temporada (pra remediar a falta de sal da quinta).
Ressalto aqui novamente minha tristeza por não ter visto nem sombra dos Greyjoy nesse primeiro episódio. Bran também não foi mostrado, mas aí é mais compreensível: a participação dele vai ser muito bombástica, não dava pra liberar assim tão cedo…
É isso, galera!
Concordam com a nossa análise?
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Rafael Esteque
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