Deadpool – E não é que a Fox acertou?

Quero iniciar dizendo que não sou um grande fã do Deadpool. Acho a que a criação de Rob Liefield e Fabian Nicieza copiou muitas coisas que já eram feitas nas HQs e muita gente acha que é inovador: as piadas (o Homem- Aranha já fazia isso desde sua criação), a quebra da quarta parede (John Byrne fez isso em sua fase na Mulher-Hulk quase uma década antes) e as altas doses de violência (HQs do Justiceiro já faziam isso nos anos 80). Mas dito isso, afirmo sem sombra de dúvida: Deadpool com certeza é um dos filmes mais divertidos do ano e também das adaptações de HQs.

E qual a história do filme? Bem, Wade Wilson é uma pessoa normal que realiza diversos trabalhos questionáveis em troca de dinheiro e passa suas horas de folga no bar de seu amigo Weasel, apostando em brigas que acontecem no bar. Lá ele acaba conhecendo Vanessa, mulher pela qual se apaixona e começa a manter um relacionamento feliz de certa forma. Porém, tudo isso é interrompido quando Wade descobre possuir câncer terminal.

A única maneira de Wade se curar é se submeter a um processo que ativará seus genes mutantes. Ele aceita se submeter ao procedimento e por causa disso é curado, obtém uma agilidade fora do comum e também passa a possuir a capacidade de se regenerar. Mas os responsáveis pelo procedimento não lhe avisaram sobre os efeitos colaterais que desfiguram completamente o corpo dele. A partir disso, Wade começa a buscar vingança contra os responsáveis pelo procedimento.

A Fox definitivamente se redimiu da versão do personagem que apresentou no péssimo X-Men Origins: Wolverine. Todas as características que o personagem apresenta nas HQs foram transpostas para o filme: o humor desbocado, as altas doses de violência e a quebra da quarta parede.

Deadpool faz piada com tudo durante o filme: fala sobre o orçamento da produção ( que não é grande como outros filmes do estúdio), faz piada com os filmes dos X-Men, com os filmes da Marvel Studios, com a atuação anterior de Ryan Reynolds como Lanterna Verde, referencia outras produções do cinema, utiliza altas doses de humor negro e piadas com teor sexual. Definitivamente você não ficará 5 minutos sem dar uma risada no filme.

As cenas de ação do filme são muito divertidas também e não economizam em violência. Você verá miolos voando, mutilações e ossos quebrados em grande parte delas. Há também algumas cenas de sexo e nudez, e tudo isso justifica a censura alta que o filme recebeu ( R nos EUA e 16 anos no Brasil).

Ryan Reynolds está excelente no papel, o cara nasceu pro Deadpool como Robert Downey Jr. para o Homem de Ferro. Reynolds lutou pela produção do filme e realmente fez tudo valer a pena. Morena Baccarin está muito bem como Vanessa, fazendo um papel que se distancia muito do comum quando se trata de parceiras de super- heróis. Interessante também a presença do X-Men Colossus, que apresenta momentos cômicos devido ao seu senso de bondade e justiça, além de sua ajudante, a mutante Míssil (não confundir com o ex-membro dos X-Men nas HQs), com a qual Deadpool faz várias piadas sobre adolescentes. Os vilões Ajax e Dust são canastrões, mas se adequam perfeitamente ao clima que o filme se propõe a transmitir.

É claro que não posso deixar de falar sobre os pontos negativos do filme. A origem do personagem é contada através de flashbacks, porém achei essas partes meio arrastadas e senti que quebram um pouco a narrativa do filme. O diretor Tim Miller parece não ter conseguido trabalhar muito bem com esse recurso (algo semelhante ao que aconteceu com Zack Snyder em Homem de Aço), o que não desmerece todo seu esforço e bom trabalho em cenas de ação empolgantes e engraçadas. Há também o fato de que o filme não se arrisca muito em questão de roteiro, apresentando soluções e principalmente um final meio clichê, aparentando não ter sabido utilizar toda a liberdade que os envolvidos afirmaram ter para a produção do filme.

Deadpool é um filme honesto muito divertido e que com certeza você deve ver. O filme vai na contramão do movimento de filme de super-heróis para toda família e mostra que há sim como se fazer filmes desse tipo para um gênero mais adulto. Se outros estúdio seguirão essa tendência, teremos que aguardar para ver. Ah, e antes que eu me esqueça, fique até depois dos créditos, com certeza vai valer a pena 😉

Nota: 8/10

Ficha Técnica

Duração: 108 minutos
Estúdio: 20th Century Fox
Direção:
Tim Miller
Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick
Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, Jed Rees, Gina Carano, Stefan Kapicic, Brianna Hildebrand, T.J. Miller, Leslie Uggams, Karan Soni.

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.