Embora o Demolidor seja uma criação de Stan Lee e Bill Everett, é inegável que Frank Miller é o autor definitivo do personagem, foi ele que em sua brilhante fase dos anos 80 definiu diversos elementos, como os ninjas, inimigos místicos e a fé católica, que hoje em dia são considerados fundamentais para qualquer um que vá trabalhar com o demônio de Hells Kitchen. Ao longo dos anos, Miller criou várias histórias envolvendo Matt Murdock, alguns verdadeiros clássicos como A Queda de Murdock, outras que mesmo não tendo grande impacto, são verdadeiras pérolas. Esse é o caso de Amor e Guerra, que ele fez ao lado de Bill Sienkiewicz.
Quando Wilson Fisk tenta salvar a mente frágil de sua esposa Vanessa, ele sequestra a esposa de um renomado médico para forçá-lo a realizar o tratamento. Envolvido nessa rede de chantagem, o Demolidor precisa confrontar não só a brutalidade de Fisk, mas também os dilemas morais sobre amor, loucura e sacrifício.
Miller apresenta mais uma história que contrapõe Demolidor e Rei do Crime, mas dessa vez de uma forma mais indireta. Fisk não é movido por um sentimento de vingança contra Murdock, mas sim pelo amor por sua esposa unido à sua falta de escrúpulos para atingir seu objetivo: fazer com que sua amada seja curada não importando que ele tenha que superar ao longo do caminho. O tema do amor e da guerra não fica restrito apenas a esses protagonistas, mas também envolve os coadjuvantes da história, como o psicopata sequestrador que fica obcecado por sua vítima. Isso foge do confronto entre herói e vilão que vemos habitualmente, trazendo mais camadas à história e demonstrando os motivos de Miller ter sido considerado um dos maiores autores de todos os tempos. Tudo isso é aliado a uma narrativa pouco convencional com vários elementos experimentais.
Falando em narrativa pouco convencional com elementos experimentais, Bill Sienkiewicz foi a escolha ideal para ilustrar essa obra, visto que o artista é reconhecido por possuir um estilo bastante único e que recorrentemente apresenta trabalhos com esses aspectos. Ele apresenta uma das mais icônicas representações do Rei do Crime, tanto que foi utilizada no filme Homem-Aranha no Aranhaverso, brinca com a disposição dos quadros nas páginas, alterna entre o real e o onírico e faz com que o leitor fique ansioso para ver o que ele irá fazer na página seguinte.
A edição da Panini possui capa dura e papel couchê, além de um formato maior que segue o padrão de outras publicações de Graphic Novel da Marvel, já que esse era o formato original da publicação nos EUA. Com relação aos extras, está presente uma história curta da Elektra escrita e desenhada por Miller em preto e branco, que vale para ver o trabalho desse grande artista em seu auge criativo. É importante mencionar que a história já havia sido publicada pela Abril em seu selo Graphic Novel em 1988.
Demolidor: Amor e Guerra é mais um exemplo que explica o porquê de Frank Miller ser o escritor definitivo do personagem e também demonstra que em seu auge ele foi um dos maiores quadrinistas de todos os tempos, capaz de alterar entre o tradicional e o experimental de forma natural, além de ter formado um bela dupla com o igualmente talentoso Bill Sienkiewicz. Uma verdadeira pérola no catálogo da Marvel.
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Ficha Técnica
Editora: Panini
Tradução: Ticiane Martins
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 88
Preço: R$50,90
Lucas Araújo
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