Particularmente, nunca fui um grande fã dos Eternos. A equipe criada por Jack Kirby tem bons conceitos, mas raramente tinham espaço para serem explorados, muitas vezes eram utilizados como meros coadjuvantes em histórias de outros personagens. Entretanto, recentemente o roteirista Kieron Gillen e o desenhista Esad Ribic assumiram a revista da equipe, trazendo uma nova abordagem que finalmente demonstra todo o potencial de Ikaris, Sersi, Thena, Gilgamesh, Druig, Phastos, Duende, entre outros. Em Só A Morte É Eterna, encadernado lançado pela Panini, temos o primeiro arco dessa nova fase.
Nas seis primeiras edições dessa fase presentes nesse encadernado somos apresentados a uma história na qual os Eternos terão que encarar a mudança. Alguém está matando os Eternos por um motivo desconhecido, utilizando de métodos que somente alguém da mesma raça que eles poderia dispor. Isso não seria um problema tão grande, já que eles podem ser facilmente trazidos de volta pela Máquina, porém o assassino, ou alguém que o está ajudando, a danifica, o que torna a morte de qualquer um deles irreversível. Eles primeiro suspeitam dos Deviantes, seus inimigos desde o início dos tempos, mas logo percebem que dessa vez nem tudo é tão preto e branco. Ao mesmo tempo, os Eternos têm que lidar com a busca de um novo propósito para sua existência.
Gillen é um roteirista que vem se destacando, principalmente por seus trabalhos autorais, e aqui ele faz algo que considero essencial em boas histórias de super-heróis: Apresenta um objetivo para os personagens que vai muito além da simples batalha contra o vilão. É interessante como ele utiliza um modelo clássico de história de investigação para prender a atenção do leitor e ir apresentando os elementos da mitologia dos Eternos, seja por meio da própria história, seja por textos e gráficos ( o que lembra o trabalho de Jonathan Hickman de certa forma). Ele desenvolve muito bem cada um dos membros da equipe e acerta bastante ao utilizar a Máquina (uma espécie de entidade tecnológica que auxilia os Eternos em várias questões) como narradora da história. Não quero estragar a experiência de leitura, mas é preciso dizer que a trama tem um plot twist sensacional, que fará com que você queira ler o próximo arco imediatamente.
A arte de Esad Ribic é belíssima, com um estilo que combina muito com os personagens, misturando o épico e o realista. É incrível como ele consegue usar esse estilo de arte pintada simulado pelo digital e uma narrativa fluida, ao mesmo tempo que consegue manter isso numa revista mensal sem atrasar. As capas também são sensacionais, um verdadeiro convite para que o leitor conheça a série.
A edição da Panini possui capa cartonada e papel lwc, sem extras. A editora acertou em apostar em um formato mais econômico para essa série, isso dará a oportunidade para que mais leitores possam conhecê-la.
Eternos – Só A Morte É Eterna é um ótimo quadrinho de super-heróis, pois desperta o interesse do leitor por personagens que até então nunca haviam sido bem desenvolvidos. Com o recente destaque que a equipe teve, inclusive com um filme dirigido pela vencedora do Oscar Chloe Zhao, é possível que tenhamos cada vez mais boas histórias deles. Se a Marvel continuar dando liberdade para que Kieron Gillen continue explorando a equipe, isso é praticamente uma certeza.
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Ficha técnica
Editora: Panini
Tradução: Rodrigo Oliveira
Ano de lançamento: 2021
Páginas: 152
Preço: R$31,90
Lucas Araújo
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