Salve, Justiceiros e fãs da Guerra dos Tronos!
Cá estamos nós começando mais uma temporada da série mais aguardada de todos os tempos, e junto com as emoções dos novos episódios (que agora definitivamente ultrapassaram os livros), vocês terão toda semana uma análise minha dos pontos mais importantes de cada semana. Eu, Rafael, o cara que adora falar das paradas medievais nesse site rs…
Os textos dessa série serão postados simultaneamente no Cena Medieval, meu site sobre medievalismo. Se você curte esse tipo de coisa, passa lá pra conhecer também! 😉
Vamos então à análise do primeiro episódio dessa sétima temporada.
A regra é a simplificação do roteiro. Os produtores antes ficavam divididos entre a grande complexidade da história original dos livros e uma abordagem mais simplificada, mas ainda assim eram personagens demais e histórias paralelas demais para o grande público, de modo que cada vez mais, ao longo das temporadas, o roteiro foi ficando objetivo, linear e fácil de acompanhar.
Vamos por partes:
A cena final, embora dê nome ao episódio e seja o que esperamos por anos, acaba sendo também bem simples. Mas não deixa de ser grandiosa, gloriosa, épica e empolgante. Essa cena representa o começo do fim da história, pois Daenerys finalmente chegou em Westeros, algo para o que a sua vida inteira a preparou, e está prestes a começar sua campanha de conquista, partindo de Pedra do Dragão, o mesmo ponto de partida de seus ancestrais conquistadores.
A cena de Cersei e Jaime talvez tenha dado uma dica sobre como ela morrerá na série: estrangulada pelo próprio irmão. Reparem que quando os dois estão sobre o mapa de Westeros, ela está sobre a região do Gargalo (adaptação do inglês Neck, que signifca pescoço) e ele aparece sobre a região dos Dedos. Essas posições em si poderiam não significar nada, mas vão de encontro a uma das teorias mais discutidas pelos fãs a partir de informações dos livros (pesquisem sobre a profecia de Maggy a Rã). Além disso, os produtores da série já mostraram em diversas oportunidades como gostam de brincar com semiótica, então eu não me surpreenderei se essa questão do mapa realmente tiver sido uma dica.
Jon e Sansa tiveram seu primeiro pequeno conflito, que já havia sido sugerido desde o final da temporada anterior, e provavelmente ainda vamos vê-los brigando um pouco mais, sob a influência de Mindinho.
Finalmente, as partes mais interessantes do episódio, aquelas belas sutilezas narrativas que comentei no começo, estão nas cenas de Arya e de Sandor, o Cão de Caça.
Enquanto envenena algumas dezenas de Freys, Arya, usando a pele e a voz de Lorde Waler Frey, fala sobre o Casamento Vermelho, no qual seu irmão Robb e sua mãe Catelyn morreram (entre muitos outros), e parece visivelmente feliz e satisfeita com a vingança. Mas isso foi realmente justiça?
As principais mentes que arquitetaram o Casamento Vermelho – Walder Frey, Tywin Lannister, Roose Bolton, Lothar Frey e Black Walder – já estão todas mortas. Será que todos esses Freys que Arya envenenou nessa cena eram realmente culpados? Os livros promovem uma discussão similar com a personagem Senhora Coração de Pedra (Catelyn ressucitada) que mata todos os Freys que encontra, mas não fica muito claro se todas as pessoas que ela mata são realmente culpadas (essa Catelyn vingativa dos livros inclusive tenta enforcar Brienne e Pod, e infelizmente não saberemos o que aconteceu até que o próximo livro seja publicado).
Enfim, as cenas nos livros da Senhora Coração de Pedra nos fazem questionar se a vingança violenta é correta, e de forma similar na série somos levados a questionar a vingança de Arya quando ela encontra um grupo de soldados Lannister (incluindo o personagem multiclasse Ed Sheeran, guerreiro/bardo hahaha).
Esses soldados Lannister dividem com ela a pouca comida que têm. Eles mostram que têm sonhos, famílias esperando por eles e humanidade. Provavelmente fizeram coisas ruins, mas as circunstâncias em que Arya os encontra a ensinam que eles também são pessoas que merecem viver, e talvez o mesmo fosse verdade em relação a alguns dos Freys que ela envenenou na cena anterior.
O caminho de Arya, com todo o sofrimento pelo qual passou, a transformou numa assassina fria e vingativa, o que a coloca em direta contraposição com Sandor, um personagem com o qual ela tem uma profunda relação.
Sandor de certa forma está fazendo o caminho oposto de Arya. Ele nos foi apresentado no começo da história como um assassino frio e mercenário, mas desde que foi derrotado por Brienne e se separou de Arya, começou uma caminhada de redenção. Na última temporada, nós o vimos numa breve relação bucólica com uma comunidade de camponeses, mas ele foi levado novamente ao caminho do ódio quando esses inocentes foram chacinados por soldados.
Nesse primeiro episódio da nova temporada, Sandor reencontra outros inocentes, mas a morte destes foi indiretamente causada por ele próprio. Na quarta temporada, enquanto viajava com Arya, o Cão de Caça roubou um velho fazendeiro e sua pequena filha, deixando-os para morrer quando o inverno chegasse. Por ironia do destino ou capricho dos deuses, ele agora volta à mesma fazenda com a Irmandade sem Estandartes e encontra os cadáveres. Mesmo aparentemente arrependido, tudo que ele pode fazer agora é enterrar os dois corpos.
Sandor desenvolveu alguma humanidade e respeito pela vida, e provavelmente estará entre os heróis dos conflitos que estão por vir. Arya evoluiu no sentido oposto, desenvolvendo habilidades mortíferas e alimentando seus desejos de vingança. Será interessante ver o reencontro desses dois personagens, se ele chegar a acontecer. E a contraposição das cenas dos dois foi para mim a parte mais interessante do roteiro desse episódio.
O título do segundo episódio será Stormborn, ou seja, Nascida da Tormenta, um dos muitos títulos de Daenerys, indicando que o ep. será mais focado nela. Depois de assistirem, passem por aqui para conferir a resenha do Justiça Geek! 😉
Teve uma impressão diferente desse primeiro ep.? Deixe sua opinião aqui nos comentários!
Rafael Esteque
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