Os personagens da Disney possuem forte presença no imaginário popular, principalmente quando falamos de Mickey, Minnie, Pateta, João Bafo-de-Onça e outros que estão presentes nas mais diversas mídias que consumimos desde crianças, como animações, jogos e quadrinhos. É até difícil de acreditar que mesmo depois de tanto tempo autores consigam extrair histórias e apresentar novas abordagens para esses personagens, mas é o que vemos na iniciativa apresentada pela editora francesa Glénat, que num acordo inédito conseguiu convencer a Disney a delegar seus personagens a diversos grandes autores europeus para que eles pudessem, com maior liberdade, criar novas histórias com o camundongo mais famoso do mundo e sua turma. É o que vemos em Mickey e o Oceano Perdido, quadrinho com roteiro de Denis-Pierre Filippi, arte de Silvio Camboni e cores de Gaspar Yvan e Jessica Bodart, primeiro lançamento do selo Disney BD que a editora Panini traz para o Brasil.
A sinopse da obra, com ambientação steampunk, é simples mas ao mesmo tempo intrigante: O mundo finalmente encontra a paz depois dos anos terríveis do “Grande Conflito”. Mickey, Minnie e Pateta trabalham no resgate de fontes tecnológicas remanescentes da guerra. E, como se a vida não fosse dura o bastante, eles ainda enfrentam a concorrência desleal de João Bafo-de-Onça. Um dia, ao responder a um anúncio, nossos heróis localizam um estranho cubo nas profundezas marinhas – um objeto aparentemente inofensivo que se revelará cheio de poderes inconfessáveis!
O roteiro de Denis-Pierre Filippi é direto, o autor não constrói uma trama complexa, ele estabelece uma rota do ponto A ao ponto B e segue a história nessa direção. Ele acerta na ambientação e na aventura com influência do que há de melhor no gênero, como Indiana Jones, entretanto há certa conveniência entre os acontecimentos que diminui o impacto da história, trazendo uma certa sensação de preguiça por parte do escritor. Claro que ainda estamos falando de um quadrinho Disney e não é de se esperar algo muito rebuscado da trama, porém Filippi poderia ter elaborado melhores justificativas para alguns acontecimentos que movem a trama.
É inegável que o grande atrativo dessa obra é o trabalho artístico apresentado em cada página, sejam os belos e detalhados cenários de Silvio Camboni, misturados a um interessante trabalho de narrativa, e a criatividade no design de maquinários e roupas, sejam as cores espetaculares proporcionadas pela dupla Gaspar Yvan e Jessica Bodart que engrandece ainda mais o traço de Camboni. O leitor pode contemplar cada quadro como se fosse uma obra de arte e ficará maravilhado a cada virada de página, o que sempre proporciona uma agradável surpresa. É visível como os artistas se empenharam em apresentar um grande trabalho e usaram cada hora gasta no projeto com maestria.
A publicação da editora Panini possui formato europeu, capa dura, papel couché de boa gramatura e alguns poucos extras, que envolvem alguns rascunhos da produção da obra e de peças publicitárias. Quanto ao trabalho de edição, a revisão é competente, não encontrei nenhum problema ao longo da leitura.
Mickey e o Oceano Perdido é aquele tipo de quadrinho que todo leitor gosta, uma aventura descompromissada bem produzida que pode funcionar como uma ótima porta de entrada para os quadrinhos, devido à popularidade dos personagens envolvidos. Pelo o que foi mostrado aqui, o selo Disney BD é algo que você deveria ficar de olho, é sempre bom ver boas histórias envolvendo personagens tão queridos.
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Ficha técnica
Editora: Panini
Tradução: Júlio de Andrade Filho
Ano de lançamento: 2021
Páginas: 72
Preço: R$59,90
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Lucas Araújo
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