Creio que todo mundo gosta de uma boa história de aventura, ainda mais quando se pode aprender um pouco mais sobre o mundo com ela. O maior expoente desse estilo de história está nos cinemas, na excelente franquia Indiana Jones (bom, vamos ignorar o quarto filme né?), mas também é possível encontrar tramas protagonizadas por aventureiros em outras obras como na literatura, através de Allan Quatermain, e também nos quadrinhos. O renomado quadrinista italiano Sergio Toppi utilizou esse arquétipo e o misturou com um pouco de James Bond para criar O Colecionador, personagem com o qual o autor mais trabalhou e que foi publicado por aqui de forma integral pela editora Figura.
O Colecionador é um misterioso milionário que viaja aos confins do mundo atrás de objetos para a sua extraordinária coleção. Não lhe interessa objetos que tenham valor de mercado, seja por sua antiguidade ou beleza, mas sim aqueles que tenham algum significado especial para ele. São alguns desses objetos que dão nomes às aventuras compiladas nesse volume: O calumet de pedra vermelha, O obelisco da terra de Punt, A lágrima de Timur Leng, O Cetro de Muiredeagh e O colar de Padmasumbawa.
O roteiro de Toppi busca a diversão em histórias não muito rebuscadas no aspecto narrativo, mas que apresentam certas doses de antropologia que aprofundam as culturas com as quais o protagonista tem contato. O autor eleva ao máximo o estereótipo de personagem aventureiro e corajoso, tornando o Colecionador praticamente invencível, já que ele é versado em armas, conhecimento histórico e artes místicas, sempre conseguindo o que procura não importando os obstáculos encontrados no meio do caminho.
Com relação à arte, cada página é um verdadeiro desbunde. Toppi é um dos mais talentosos desenhistas que os quadrinhos já tiveram, quanto a isso não há dúvida, mas é impressionante como ele tem a capacidade de imprimir texturas em cada quadro, de forma que parece que os personagens e as paisagens foram entalhados nas páginas e não desenhador com nanquim, e também perceber como sua arte evoluiu ao longo dos anos, já que há um bom espaçamento entre a primeira e última história. Além de toda beleza de seu traço, o artista também impõe uma narrativa arrojada que traz uma boa dinâmica para as histórias, prendendo a atenção do leitor não só pelo aspecto da apresentação de novas culturas, mas também pelo ritmo das tramas.
A edição publicada pela Figura é muito bela, em capa dura e com papel de boa gramatura, e um competente trabalho editorial. Com relação aos extras, há uma interessante introdução feita por Alexandre Linck, Professor de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem (UNISUL) e apresentador do canal Quadrinhos da Sarjeta, no qual ele se aprofunda sobre a carreira de Sergio Toppi e suas inspirações para as histórias presentes nesse álbum.
O Colecionador é uma boa oportunidade de se conhecer o trabalho de Sergio Toppi, para aqueles que ainda não o tenham feito, e também poder apreciar o talento desse grande mestre dos quadrinhos. Se o nome dele estiver em uma capa, você deveria no mínimo ter curiosidade de ler a obra, sempre vale a pena.
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Ficha técnica
Editora: Figura
Tradução: Maria Clara Carneiro
Ano de lançamento: 2021
Páginas: 268
Preço: R$96,00
Lucas Araújo
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