O Irlandês – Um verdadeiro Dream Team!

Martin Scorsese sem dúvidas é um dos maiores nomes da história do cinema. Obras como Taxi Driver, Touro Indomável, Bons Companheiros, entre outras, mudaram a história do cinema e consolidaram um estilo que surgiu no movimento da nova Holywood. O Irlandês, seu mais novo filme, veio para demonstrar que o diretor não perdeu a força com a idade e segue sendo um dos maiores nomes da sétima arte.

Este filme tem um certo valor sentimental para mim. Desde que Scorsese anunciou que tinha a ideia de um projeto que reuniria Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci (alguns dos meus atores favoritos), há cerca de dez anos, eu acompanhei cada notícia relacionada ao projeto. Cada percalço que o diretor enfrentou para financiá-lo até que a Netflix apostasse na empreitada me deixava cada vez mais ansioso, já que, como grande apreciador de filmes que abordam a máfia, pensava que esse seria o melhor filme do gênero já feito.

Bom, e sobre o que trata O Irlandês? Conhecido como “O Irlandês”, Frank Sheeran (Robert De Niro) é um veterano de guerra cheio de condecorações que concilia a vida de caminhoneiro com a de assassino de aluguel número um da máfia, após contato com o chefão Russell Bufalino (Joe Pesci). Promovido a líder sindical, ele torna-se o principal suspeito quando o mais famoso ex-presidente da associação, Jimmy Hoffa (Al Pacino) desaparece misteriosamente.

Falando sobre atuações, todas são de altíssimo nível, o que já era de se esperar pelo fato de três vencedores do Oscar como protagonistas. De Niro Tem uma atuação consistente, um pouco mais contida ao construir um personagem que é bem-sucedido em ascender no crime organizado, mas que enfrenta diversos problemas familiares, como a rejeição de suas filhas. Esses problemas familiares somados a perda de grandes amigos marca o personagem, fazendo com que o expectador se comova com a situação dele ao final da vida, ainda que repudie boa parte de suas ações.

Joe Pesci apresenta um trabalho muito diferente o baixinho esquentado que estamos acostumados em ver em sua parceria com Scorsese. Aqui ele é um dos chefes da máfia, apresentando uma postura mais austera e paternal, perfeita para remediar os conflitos tão frequentes no meio em que ele está inserido. A sua química com De Niro é evidente, elevando ainda mais o nível de atuação, e fico feliz por ele ter voltado da aposentadoria para fazer parte desta história.

Mesmo com a ótima atuação desses dois gigantes, Al Pacino consegue ser o grande destaque do filme. Utilizando todos os trejeitos pelos quais ficou conhecido, seu personagem é enérgico, super carismático e muito forte. É um verdadeiro líder que não tem medo de desafiar quem quer que seja para defender o que considera certo, ao mesmo tempo que é bastante sensível e amigável com aqueles que estão próximos, é uma pessoa que sabe como valorizar os laços afetivos que possui. Pacino com certeza vai ser um forte candidato á estatueta do Oscar no ano que vem.

E é claro que todas essas atuações são muito bem orquestradas por Martin Scorsese em uma impactante história. Sua direção continua afiada, conduzindo a história como um verdadeiro mestre e apresentando os maneirismos tradicionais de seus trabalhos em um filme com três horas e meia, mas que não cansa em nenhum momento. É muito interessante também como ele consegue alternar a perspectiva da história para que o expectador observe várias facetas dos personagens.

Algo que também é importante mencionar, é que foi responsável por aumentar os custos do projeto e chamar certa atenção, é o incrível trabalho de rejuvenescimento digital feito nos atores, que são mostrados em diversos momentos de suas vidas. É bastante impressionante, abrindo várias possibilidades para futuras produções. Ainda assim, Scorsese não foca muito nesse deslumbramento e usa o recurso de maneira muito precisa em sua narrativa, não deixando que este se transforme em um mero aspecto técnico para vender o filme.

A maquiagem digital é realmente impressionante.

Posso dizer que fiquei completamente satisfeito ao ver O Irlandês, assim como tenho certeza que qualquer apreciador de bons filmes irá se maravilhar ao assistir essa obra-prima. Unindo atuações espetaculares com uma direção excepcional, o filme mostra como a Netflix novamente acertou ao apostar em um grande idealizador e criou um verdadeiro evento. Espero que isso se torne uma tendência, a sétima arte agradece.

Um time de lendas do cinema!

Nota: 10/10

Ficha Técnica

Duração: 209 minutos
Estúdio: Netflix
Direção:
Martin Scorsese
Roteiro: Steven Zaillian (baseado no livro de Charles Brandt, I Heard You Paint Houses: Frank “The Irishman” Sheeran & Closing the Case on Jimmy Hoffa)
Elenco: Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, Harvey Keitel, Bobby Cannavale, Stephen Graham, Kathrine Narducci, Anna Paquin,Domenick Lombardozzi, Ray Romano

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.