Entre os dias 4 e 6 de dezembro rolou a CCXP Worlds, a oitava edição da CCXP e a primeira de forma virtual, devido a pandemia pela qual estamos passando que impede a realização de eventos presenciais. Pude acompanhar o evento nesses três dias e, como tradicionalmente faço, contarei um pouco sobre o que vi por lá.
Esse ano, devido a todos os acontecimentos pelos quais passamos, a organização do evento teve a ideia de realiza-lo de forma virtual e possibilitando que boa parte de seu conteúdo fosse acessado de forma gratuita, o que permitiu que essa fosse a CCXP mais acessível para aqueles que sempre quiseram saber um pouco sobre como é estar no evento, mas que não tinham tido a oportunidade de ir nos anos anteriores.
Sempre que vou ao evento, foco na área dos artistas, que nesse ano recebeu o nome Artist Valley, onde gosto de conversar com quadrinistas, pegar autógrafos, comprar quadrinhos e prints. Essa dinâmica acaba um pouco prejudicada no formato digital, mas a organização merece elogios por providenciar uma plataforma na qual era bem fácil encontrar seus artistas favoritos, conversar com eles através de um chat e adquirir os produtos, ainda que a questão do frete fosse um grande impeditivo em algumas ocasiões, mas é algo que não está sob o controle nem do evento nem dos artistas. Muito por conta disso, acabei passando menos tempo nesta área do evento.
Entretanto, por ter mais tempo sobrando, pude acompanhar diversos painéis nos diferentes palcos que a plataforma fornecia, algo que é bem difícil de se fazer no evento físico por questão de logística. Entre os destaques, menciono o painel sobre Moonshadow com os autores J.M. DeMatteis e Jon J. Muth, com mediação do jornalista Roberto Sadovski, no qual eles conversaram sobre o processo criativo da história, a importância da obra para o mercado, suas carreiras e o que se pode esperar deles nos próximos anos. O painel com Garth Ennis, também mediado por Sadovski, no qual o autor falou sobre The Boys, Preacher, Hellblazer e sua renomada série Justiceiro Max, suas influências para esses trabalhos e como ele constrói suas histórias. O painel com Nei Gaiman, com mediação de Marcelo Forlani, em que o autor britânico discorreu sobre sua carreira, as adaptações audiovisuais de suas obras, a vindoura série de Sandman na Netflix, além de sua relação com os fãs brasileiros. O painel com Todd McFarlane, com mediação de Affonso Solano, no qual o autor comentou sobre a origem da Image, Homem-Aranha e Spawn, principalmente sobre seu próximo filme. O painel sobre Gideon Falls que reuniu, pela primeira vez, Jeff Lemire e Andrea Sorrentino, com mediação do quadrinista Pedro Cobiaco. E também o painel de Art Spiegelman, o autor de Maus, mediado por Érico Assis, no qual ele comentou sobre sua brilhante carreira. Houveram também as excelentes masterclass, verdadeiras aulas sobre quadrinhos, com detaque para Mark Waid, que falou sobre a construção de roteiro de quadrinhos, e Jill Thompson, que falou sobre sua técnica de pintura.
A CCXP também é um local para anúncios de novidades e esse ano não foi diferente. No painel da Mauricio de Sousa Produções o editor Sidney Gusman anunciou as quatro Graphic MSP de 2021, sendo elas, em ordem de lançamento, o retorno de Orlandeli fazendo uma história de Chico Bento (o que me deixou muito feliz, já que Arvorada é minha história favorita dessa coleção), Franjinha de Vitor Cafaggi, Magali de Lu Cafaggi (o preview está lindo, foi o que me deixou mais ansioso pra ler), e a volta de Eduardo Ferigato fazendo uma nova história de Piteco. A Panini também fez diversos anúncios de publicações Marvel, DC, Disney, Mangás e Bonelli, como o ominibus dos Eternos de Jack Kirby, uma coleção que reunirá todas as histórias da Marvel dos anos 60 em ordem cronológica, a versão absolute do Monstro do Pântano de Alan Moore, o ominibus do Homem Animal de Grant Morrison, assim como a republicação dos X-Men do mesmo autor, Superman de John Byrne, a continuação dos Titãs de Marv Wolfman, entre outros títulos que deixaram os leitores empolgados, ainda que tenham havido críticas sobre alguns formatos e títulos que não foram lembrados (alguém aí falou Flash do Mark Waid?).
Comparada as outras experiências virtuais que tivemos esse ano, San Diego Comic Con e DC Fandome, a CCXP Worlds se saiu muito melhor, tanto em conteúdo quanto em tecnologia. É claro que ainda não substitui a experiência presencial, mas esta foi uma boa oportunidade de o evento incluir mais pessoas e espero que tenhamos passado por esse momento difícil para que em 2021 possamos ter novamente a edição presencial. Estou ansioso por isso.
Lucas Araújo
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