Você se lembra qual foi seu primeiro contato com Dragon Ball? Se você tem mais ou menos a minha idade, entre os 25 e 35 anos, talvez essa seja uma pergunta bem difícil de responder. Eu particularmente não consigo lembrar de uma época da minha vida em que eu não sabia da existência da obra de Akira Toriyama. Em uma pesquisa rápida, vi que o anime estreou em 1996 no SBT, então isso faz total sentido.
Acordar cedo aos sábados para ouvir a clássica “Vamos conquistar as Esferas do Dragão…”, comprar as revistas Ultra Jovem pra saber mais sobre o anime, dar prejuízo aos meus pais no dentista de tanto mascar chiclete só pra poder completar os clássicos álbuns de figurinha da Parati, as discussões na escola sobre o último episódio que passou na tv, os jogos de videogame de Super Nintendo e PS1 que tinham personagens que não conhecíamos, já que durante anos vimos a saga Freeza repetitivamente pois a Band não tinha os episódios restantes (ficávamos nos perguntando “quem é esse monstro cor de rosa? e esse outro que parece um diabo e tem um m marcado na testa? e essa transformação do Goku que tem um cabelo que chega na cintura?”), os bonecos que você conseguia encontrar em qualquer barraquinha, enfim, tudo isso e muito mais fez parte da minha vida e com certeza moldou muito do que eu sou.


Através de Goku, o protagonista da obra, Toriyama buscava passar uma mensagem simples e poderosa em meio a piadas e lutas eletrizantes: Com esforço e a ajuda dos amigos você pode superar as mais diversas dificuldades e seguir em frente. E devido a seus multi talentos, ele também conseguiu tornar outras de suas obras famosas, como o engraçadíssimo Dr. Slump e Sandland, e se aventurar por outras mídias, como os games, afinal, quem aí nunca ao menos ouviu falar de coisas como Chrono Trigger e Dragon Quest?

Hoje os perfis oficiais de Dragon Ball comunicaram que Akira Toryama faleceu no dia 1 de Março deste ano. Eu não sou muito sentimental, mas admito que essa notícia me impactou bastante. Fico me perguntando o motivo de estar sentindo tanto o falecimento de alguém que nem sabia da minha existência, parece até que perdi um parente. Mas acho que esse é o poder da arte, o impacto do trabalho do cara foi tão grande na minha vida que com sua partida sinto que perdi algo muito importante que faz parte de quem eu sou. É algo que nos faz confrontar tanto a nossa própria finitude quanto a de tudo que gostamos.
Toriyama é um dos meus autores favoritos e até me arrependo de ter comentado tão pouco sobre ele por aqui ao longo dos anos. Talvez pelo sentimento de onipresença que comentei antes eu sentisse que não precisava falar, já que ele estava sempre permeando qualquer discussão sobre quadrinhos. Eu estou lendo Dragon Ball, assim como outras de suas obras, e elas devem aparecer por aqui em algum momento daqui pra frente, sem dúvidas.
Esse é um texto que escrevi sem pensar muito, pode estar com alguns erros ou repetitivo e um pouco confuso, mas é a minha tentativa de prestar homenagem a este grande gênio. Obrigado por tudo, Akira Toriyama! Como disse Eichiro Oda, autor de One Piece, na homenagem que fez para seu mestre: “espero que o céu seja um mundo agradável tal como você o imaginou”.
Quero também deixar aqui uma tira que não saiu da minha cabeça hoje pensando no que aconteceu. É uma homenagem de Jeff Smith, autor de Bone, à Will Eisner, na época do falecimento desse outro grande gênio dos quadrinhos. Acredito que ela também sirva perfeitamente para o Akira Toryama:
Lucas Araújo
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