Papo rápido sobre Luke Cage

Salve justiceiros!

Estavam sentindo uma certa ausência de conteúdo sobre Luke Cage por aqui? Pois é, na nossa equipe as opiniões foram bem divididas e poucos membros do nosso corpo editorial assistiram a série. Isso impossibilitou a gravação de um cast sobre a série e até mesmo um review mais elaborado (como fizemos sobre Demolidor). Bem, pra não passar em branco, vou comentar um pouco com vocês sobre os pontos que me agradaram e o que não gostei na série. Haverá muitos spoilers no texto, então fica aqui o aviso.

É inegável que as séries da Marvel na Netflix sempre apresentam grandes vilões. Wilson Fisk, de Demolidor, e Killgrave, de Jessica Jones, foram grandes pilares da narrativa e do sucesso em suas respectivas séries e o Cornell “Cottonmouth” Stokes interpretado por Mahershala Ali mantém essa tradição. Um vilão com profundidade e carisma que rouba a cena sempre que aparece. Você sente a morte dele, principalmente porque seus substitutos não conseguem prender tanto a atenção do expectador.

A Misty Knight também é uma personagem excelente e muito bem interpretada por Simone Missick. Ela chega a ter uma trama paralela própria, que as vezes se entrelaça com a de Luke Cage, e em muitos momentos chega a ser co-protagonista da série. Espero que ela também apareça na série do Punho de Ferro, já que nos quadrinhos os personagens tem uma forte ligação e já chegaram a ter um relacionamento amoroso. E que venha o braço biônico!

Outro elemento de destaque na série é sua trilha sonora. Sério, essa é a melhor trilha sonora de uma produção Marvel ao lado de Guardiões da Galáxia. Soul, Funk e Hip Hop se intercalam e ajudam a criar o clima “Black Exploitation” que a série tenta evocar dos quadrinhos. A trilha, através das letras, ajuda a contar a história e é parte essencial da trama. Ah e está disponível gratuitamente no Spotify, então dá uma escutada lá.

A figura da Enfermeira Noturna, interpretada por Rosário Dawson, funciona como o “Nick Fury” das séries do Netflix, servindo de ligação entre as produções. A atuação de Dawson é sempre competente e sua personagem tem forte relação com o andamento da trama na segunda parte da temporada. Não compromete mas também não adiciona nada muito interessante.

Posto isso tudo, é preciso dizer que a série falha em diversos aspectos. Os vilões que substituíram Cottonmouth são muito fracos. Mariah Dillard (Alfre Woodard) até chega a iniciar uma trama interessante como vilã, porém os roteiristas se perdem ao definir um tom pra personagem. Shades (Theo Rossi) é completamente inexpressivo e canastrão, nesse caso não sei se foi por causa da capacidade do ator, roteiro ou as duas coisas. Willis Stryker (Eric LaRay Harvey), o Kid Cascavel, parece uma cópia mal feita do Julius de Pulp Fiction com suas citações à Bíblia, além de possuir motivações que abusam do clichê de vilão “irmão malvado”.

Mike Colter não entrega uma atuação muito satisfatória para o personagem principal. Ele demonstra ser um ator limitado e seu personagem não possui quase nada da irreverência que Luke Cage possui nos quadrinhos, na verdade, em muitas cenas, ele parece bastante inexpressivo. Não chega a comprometer muito pois, como disse anteriormente, o elenco de apoio consegue segurar as pontas muito bem mas talvez a escolha dele não tenha sido muito acertada.

Os roteiristas exploram temas como racismo e a situação do Harlem nos dias de hoje, porém acho que deveriam ter sido mais incisivos, trabalhando melhor esses temas. A série perde muito tempo focando em “como vamos penetrar a pele desse cara para mata-lo?” e acaba entrando em um marasmo lá pela metade da temporada que perdura até o final. Falta ritmo na narrativa, faltam cenas de ação e um roteiro mais inteligente. Talvez se a série tivesse menos episódios esses problemas pudessem ser resolvidos.

Mesmo sendo melhor que Jessica Jones, Luke Cage comete erros semelhantes em sua execução. Talvez algumas séries não rendam histórias suficientes para 13 episódios ou talvez os roteiristas não consigam bolar tramas que preencham todo esse espaço. Enfim, Demolidor continua sendo o maior acerto da Marvel na Netflix e espero que Punho de Ferro não cometa os erros das últimas séries dessa parceria. E você, o que acha? Concorda com a minha opinião? Deixe a sua aí nos comentários para que possamos discutir sobre o assunto. Até a próxima!

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.