Por que Stranger Things tá fazendo tanto sucesso?

Salve, Justiceiros!

Essa análise é livre de spoilers, ok? Fiquem tranquilos.

Stranger Things, a mais nova série do Netflix, tá bombando. Se você usa Facebook, provavelmente seu feed foi atingido em diversos momentos desde o meio de Julho com manifestações de amor pela série. Se você usa Whatsapp, é bem provável que a série já tenha sido tema de discussão em alguns dos grupos de que você participa, e é possível que você já tenha levado algum spoiler antes mesmo de saber do que a série tratava. Eu não uso muito Twitter, mas ouvi dizer que por lá não foi diferente.

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A primeira coisa que se comenta em qualquer artigo, post ou conversa sobre Stranger Things é o grande número de referências a filmes e toda a cultura dos anos 80. Vou pular essa parte então, ok? Não que eu não concorde, pelo contrário: acho que trazer esses elementos foi uma sacada genial da produção, que elevou à enésima potência o sentimento de nostalgia latente em todo mundo que viveu aquela década.

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Um cartaz que poderia muito bem ser de um filme de Steven Spielberg nos anos 80

Mas Stranger Things fez sucesso para um público muito maior, incluindo gente que nasceu (até bem) depois dos anos 80 (sim, é foda pensar isso, mas quem nasceu em 2000 hoje tem 16 anos e já é consumidor de Netflix e usuário de Facebook). E essa molecada provavelmente nem assistiu Os Goonies (1985), Poltergeist (1982), E.T. (1982) e a maioria dessas grandes lendas da cultura pop daquela época que estão sendo referenciadas pela série. Então a grande questão, para mim, é como os Irmãos Duffer conseguiram agradar ao mesmo tempo os Gregos, Troianos, Egípcios, Mesopotâmios e a galera toda.

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Matt Duffer, Ross Duffer e Winona Ryder

E a resposta para essa questão é relativamente simples: houve um equilíbrio muito bom entre diversos elementos como suspense, terror (de leve), aventura, humor (de qualidade) e ficção científica (bem de leve). Tudo isso aliado a personagens carismáticos com os quais é fácil nos identificarmos (notadamente as crianças) e atuações bem competentes (especialmente Millie Bobby Brown, que interpreta a menininha perturbada com poderes psíquicos, e Winona Ryder, a mãe do menino que desaparece, dando início ao suspense da série).

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Millie Bobby Brown como Eleven, a misteriosa menina com poderes psíquicos que foi objeto de bizarros experimentos científicos
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Winona Ryder como Joyce Byers, a mãe de Will Byers, cujo desaparecimento dá início ao mistério

Indo um pouco mais além, dá pra refletir: Game of Thrones e Vikings, outros dois hypes dos últimos anos, são pra quem gosta de medievalismo e aventuras épicas (embora GoT acabe sendo visto por praticamente todo mundo). House of Cards, bem mais sóbria, é pra quem gosta de uma parada mais pé no chão. Arrow, Flash, Daredevil e outras séries de super-heróis são voltadas para o público nerd/geek em geral, mas especialmente para os consumidores de quadrinhos, que são a mídia original desses personagens. Enfim, eu poderia ficar aqui até amanhã citando séries e seus focos de público, mas a questão é: Stranger Things é feito pra quem?

Pra todo mundo!

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A cena de abertura da série mostra os meninos jogando D&D, outro ícone dos anos 80

Numa época em que as séries em geral tem um status cada vez maior como forma de entretenimento, o Netflix vem protagonizando essa revolução. E com Stranger Things eles acertaram em cheio, produzindo uma história contada de forma a agradar e entreter vários nichos de público ao mesmo tempo.

Matthew Modine como Dr. Brenner, o vilão da série

Se você é um cinéfilo de qualquer idade que assistiu todos aqueles filmes, a série é um baita combo de referências e easter eggs que vai te deixar impressionado. Se você tem idade pra ter vivido os anos 80, visto esses filmes no cinema e ouvido o The Clash no rádio, a série vai te transportar de volta no tempo num furacão de nostalgia saudosista. Mas conhecer ou ter vivido essas coisas nem de longe é requisito pra se divertir com a série, pelo contrário: ela é extremamente acessível, e vai dar pano pra manga em conversas de amigos mesmo entre quem não gosta de esquentar muito a cabeça com detalhes.

David Harbour como Jim Hopper, chefe de polícia da pacata cidade de Hawkins

Isso quer dizer que Stranger Things vai destronar Game of Thrones (pegou o trocadilho? Haha) como a série obrigatória a se assistir se você quiser fazer parte de qualquer círculo social e ter assunto pra comentar com a galera? Duvido. Game of Thrones é uma produção biliardária com um apelo comercial muito maior. Por outro lado, eu não encontrei na internet informações sobre o orçamento da produção de Stranger Things, mas não é necessário ser nenhum super especialista pra perceber que foi uma série bem mais barata de se fazer. Ou seja, uma produção relativamente barata com um sucesso alto entre público e crítica– o sonho de qualquer estúdio.

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Se você ainda não assistiu, fica a dica, pois vale a pena. São somente 8 episódios, cada um com pouco menos de uma hora de duração. Como quase toda série do Netflix, é mais como um filme que foi dividido em várias partes do que como uma série mesmo. Dá pra assistir em um final de semana. E não espere reflexões existenciais profundas: é puro entretenimento.

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Em breve, se der, pretendo fazer um artigo discutindo as teorias sobre o que aconteceu na série e as pontas soltas deixadas pelo último episódio.

É isso! Flw!

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Rafael Esteque

Advogado por formação, narrador por paixão, redator por vocação e músico por opção. Minhas anteninhas de vinil nunca funcionam. No 50º dia do meu nome, só espero que Gandalf me chame para uma aventura. Citação favorita: "In the game of thrones, a wizard is never late." Não, pera... ahn... "Do or do not. There is no Hakuna Matata." Não... ahn... Ok, vocês entenderam.