Dando prosseguimento à publicação de Postal, a editora JBraga Comunicação lançou o segundo volume da série que dessa vez tem roteiros de Bryan Hill (Matt Hawkins aparece apenas como co-criador neste volume), arte de Isaac Goodhart e cores de Betsy Gonia e K. Michael Russel.
Recapitulando a sinopse do quadrinho, a trama é ambientada em Éden, uma cidade aparentemente pacata escondida nos Estados Unidos. Entretanto, Éden é na verdade uma espécie de refúgio para ex-criminosos, onde eles assumem identidades falsas e são obrigados a viver seguindo a lei, correndo o risco de serem punidos pela prefeita Laura Shiffron caso descumpram essa premissa. Quando acontece um misterioso assassinato na cidade, o filho de Laura, Mark Shiffron, carteiro da cidade que possui Síndrome de Asperger, passa a investigar o acontecimento e acaba esbarrando em segredos sombrios que estão ligados ao seu passado.
Neste segundo volume, Bryan Hill adiciona novos personagens que trazem mais contornos para a história, com destaque para a perigosa Molly, filha de um membro do FBI que ajuda a acobertar Éden, que possui uma estranha afeição à Mark. A relação entre os dois personagens irá desencadear uma série de acontecimentos que trarão novos perigos à cidade. Além disso, o Agente Bremble do FBI está cada vez mais mergulhado nas investigações sobre a misteriosa cidade, o que pode revelar terríveis segredos e trazer ainda mais problemas para a administração de Laura Shiffron.
É interessante notar também como o roteirista procura trazer cada vez mais uma temática política para a obra. O conceito da cidade que abriga ex-criminosos já é muito político, mas Hill traz uma discussão atual para a obra ao apresentar uma gangue de neonazistas que irá buscar vingança contra um dos habitantes da cidade, aproveitando para através desse acontecimento apresentar questionamentos sobre ódio e preconceitos que afloram cada vez mais em nossa sociedade. Tudo isso contornado pela narrativa que remete ao melhor que já foi feito em séries de tv com temática policial.
Com relação à arte, Isaac Goodhart apresenta evolução em seu trabalho ao apostar em uma diagramação de página um pouco mais arrojada e ao continuar com o bom trabalho de expressões dos personagens. Outro destaque que o artista merece é com relação às capas, que são belas homenagens ao trabalho de Norman Rockwell, pintor americano famoso por retratar a vida nos EUA no século XX. Sobre as cores, critiquei a inconstância do trabalho de Betsy Gonia no primeiro volume, mas dessa vez ela demonstra uma grande evolução em seu trabalho. Entretanto, quando K. Michael Russel assume as cores a situação muda da água para o vinho, com o colorista realizando um trabalho de iluminação impecável que traz nova vida para a série.
O trabalho da JBraga Comunicação continua competente, tanto no aspecto editorial, com bom trabalho de tradução e revisão, quanto no aspecto gráfico da publicação, que é muito bom. A editora ainda não possui um catálogo grande, mas os títulos publicados até então são de qualidade e acho que vale a pena prestar atenção no que eles estão publicando.
Postal continua como uma das séries de investigação mais interessantes em publicação no Brasil e é uma boa pedida para leitores que gostam desse tipo de história ou que querem uma boa leitura. A série, originalmente publicada pela Image, está prevista para ser concluída em quatro encadernados e espero que a editora continue dando andamento à publicação em um bom ritmo.
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Ficha técnica
Editora: JBraga Comunicaçã
Tradução: Thiago Lins
Ano de lançamento: 2022
Páginas: 212
Preço: R$75,00
Lucas Araújo
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