Alex Ross é um dos nomes mais notáveis dos quadrinhos de super-heróis. O artista é reconhecido por trazer um novo nível de realismo para esse tipo de quadrinho, tendo seu nome alçado ao estrelato após a publicação de Marvels, que ele fez ao lado do roteirista Kurt Busiek, e por Reino do Amanhã, feito ao lado do roteirista Mark Waid, transcendendo os quadrinhos, já que chegou até mesmo a fazer o pôster do Oscar em 2002. Embora muitos leitores gostem de seu estilo, é muito presente também a crítica de que ele é muito repetitivo e que seu estilo perde o frescor e gera um certo cansaço no leitor após alguns trabalhos. Em Quarteto Fantástico – Ciclos, quadrinho escrito e desenhado por Ross, além de cores dele próprio e de Josh Johnson, é possível dizer que ele reinventa seu tradicional estilo realista em uma trama que remete ao que melhor foi feito nos quadrinhos da equipe da dupla Stan Lee e Jack Kirby.
A sinopse oficial da obra é a seguinte: Quando um intruso surge no interior do Edifício Baxter, o Quarteto Fantástico se encontra cercado por um enxame de parasitas invasores. Essas criaturas carniceiras, compostas por Energia Negativa, vêm à Terra usando um hospedeiro humano. Mas com que propósito? E quem está por trás dessa invasão? Aos heróis não resta escolha senão viajar para a Zona Negativa, universo formado por antimatéria, arriscando não só a própria vida como também o destino do cosmo.
O roteiro de Ross é simples e direto, mas tem o mérito de acertar nos principais elementos que constituem um bom quadrinho do Quarteto Fantástico. Ele entende o cerne da equipe, o Quarteto não é simplesmente uma equipe de super-heróis, mas de exploradores e é isso que move a história. O grande conflito da trama não é uma simples luta entre vilão e herói, mas uma espécie de diplomacia e troca de conhecimentos entre a equipe e aqueles que eles encontram durante a aventura.
Como mencionei anteriormente, a arte de Ross está bem diferente de seus trabalhos anteriores e a narrativa, um dos maiores defeitos dele em outras obras, deu um grande salto já que ele procura ao máximo emular o layout de página que Jack Kirby fazia, aquele tipo de história de super-herói que muitas vezes os personagens parecem sair da página, além de abusar da psicodelia. Dessa forma, a narrativa fica muito mais arrojada e fluída. Para dar a sensação de impacto e um pouco de 3D, o artista imprime um forte contraste entre o traço realista de seus personagens com cenários surrealistas ou com traços mais simplificados, trazendo mais profundidade aos quadros.
A publicação da Panini é muito luxuosa, seguindo o padrão da edição americana, com capa dura, sobrecapa, formato maior que privilegia a arte e papel couché, sem extras. O trabalho editorial é competente, não encontrei erros de revisão durante a leitura, e o único ponto a se destacar negativamente é o preço, algo alheio a trama, mas nesse caso a editora não tinha muito o que fazer, já que nesse caso seguir o mesmo formato dos EUA é imprescindível para o impacto da obra.
Quarteto Fantástico – Ciclos é um quadrinho de super-herói muito bem feito, com história simples e despretensiosa, mas com narrativa arrojada que demonstra que Alex Ross está disposto a modificar seu estilo mesmo após tantos anos de carreira. Se você é fã da equipe, do trabalho de Stan Lee e Jack Kirby ou apenas gosta do trabalho de Ross, a leitura é mais do que recomendada.
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Ficha técnica
Editora: Panini
Tradução: Mario Luiz C. Barroso
Ano de lançamento: 2022
Páginas: 64
Preço: R$149,90 (cada volume)
Lucas Araújo
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