Salve, Justiceiros!
Como de costume, sexta-feira é dia de recomendação da semana, a coluna na qual os redatores do Justiça Geek se revezam para sugerir algo interessante que tenham consumido, seja uma HQ, livro, filme, série, jogo, etc.
Faz algumas semanas que eu não posto aqui no site (meus últimos textos foram as análises de cada episódio da sexta temporada de Game of Thrones), mas na semana passada eu terminei de assistir A Lenda de Korra, que é o spin-off de Avatar, e curti bastante, então achei que valia recomendar as duas séries.
A série original, chamada “O Último Dobrador de Ar”, é um pouco antiga (foi exibida entre 2005 e 2008 pela Nickelodeon), e fez bastante sucesso na época, mas continua sendo uma ótima pedida para quem gosta de desenhos e de um roteiro bonito e bem escrito.
A continuação (ou spin-off), chamada “A Lenda de Korra”, que eu terminei de assistir recentemente, foi exibida originalmente entre 2012 e 2014.
Avatar: O Último Dobrador de Ar (ou A Lenda de Aang)
Essa é a série original, que começou tudo. Como eu disse, já é um pouco antiga, mas se você ainda não viu, vale muito a pena. É um dos melhores desenhos que eu já assisti, e vou explicar por que.
Os criadores, Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzco (ambos estadunidenses), desenvolveram um universo baseado em culturas orientais, no qual há pessoas chamadas dobradores, que são capazes de manipular os quatro elementos clássicos (terra, fogo, ar e água) através de técnicas que foram baseadas em diversos estilos de artes marciais do mundo real, principalmente os diferentes estilos de Kung Fu.
O desenho é uma obra belíssima, tanto em termos de estética quanto de roteiro, e ganha um charme ainda maior pra quem já é fã de artes marciais. A técnica de animação utilizada combina os estilos dos cartoons americanos e dos animes, ao ponto de muitas pessoas pensarem se tratar de um anime japonês.
Há quatro grandes “países”: a Nação do Fogo, o Reino da Terra, os Nômades do Ar e a Tribo da Água (que por conta da guerra se dividiu em tribo do sul e tribo do norte). Nesse universo, o Avatar é um espírito que encarna uma vez em cada país, num ciclo infinito, além de ser o único capaz de dobrar os quatro elementos. A função dele é manter o equilíbrio do mundo e fazer a ponte entre o mundo material e o mundo espiritual.
O mundo está numa grande guerra iniciada pela Nação do Fogo, que deseja subjugar todas as outras. Sabendo que a próxima encarnação do Avatar seria entre os Nômades do Ar, a Nação do Fogo aniquilou todos os dobradores de ar. O único sobrevivente foi Aang, um garoto de 12 anos que é justamente a atual encarnação do Espírito Avatar. Ele já é um excelente dominador de ar, mas deverá aprender a dominar os outros três elementos para poder combater a Nação do Fogo e trazer equilíbrio para o mundo.
Embora em tese seja uma obra direcionada para crianças, o roteiro apresenta drama e complexidade bem maduros. O humor e a seriedade também são apresentados na dose certa e em ótimo equilíbrio, fazendo com que a história seja própria para crianças e adultos ao mesmo tempo.
A história foi contada em 3 temporadas, chamadas de “livros”, cada um com 20 episódios e a última com um episódio a mais. Os episódios duram uma média de 23 minutos, ou seja, é uma série relativamente curta (pouco menos de 24 horas de tela) que pode ser assistida num tempo curto. E um fator importantíssimo: o roteiro é direto e coerente, sem os famosos fillers que em outras séries só servem para encher linguiça. Há um ou outro episódio com menos importância para a trama principal, mas nenhum chega a ser maçante ou dispensável.
A série está disponível integralmente no Netflix, mas também dá pra baixar gratuitamente no site Mundo Avatar (dublado e legendado):
http://www.mundoavatar.com.br/
Avatar: A Lenda de Korra
Trata-se de uma continuação ou spin-off da série original. Já adianto que não é tão cativante quando a original, mas certamente também vale a pena.
O ambiente é 70 anos depois da série original, num clima Steam Punk de plena revolução industrial. A tecnologia evoluiu rapidamente e coisas que na época de Aang eram raras agora são comuns. Exemplos: a dominação do raio (eletricidade) era uma coisa que poucos dominadores de fogo podiam fazer, mas agora é banal; a dominação do metal, que foi desenvolvida por apenas uma dobradora de terra na época de Aang, agora é uma técnica bastante difundida.
A partir a segunda temportada, a mitologia do Espírito Avatar é mais explorada, e isso enriquece bastante o cenário.
Por um lado, os personagens não são tão carismáticos, a começar pela principal. Korra simplesmente não cativa como Aang cativava. Por outro lado, o roteiro é bem mais maduro. Os personagens principais são jovens adultos (e não crianças, como na primeira série), de forma que o enredo inclui elementos como romance e conflitos familiares. Em A Lenda de Korra, a personalidade e psicologia dos personagens é mais profunda, com conflitos reais, com os quais uma boa parte das pessoas pode se identificar.
Os personagens mais complexos nesse sentido são Tenzin, Bumi e Kya, os três filhos de Aang. Eles são mostrados já adultos, de forma que os conflitos psicológicos são elementos formadores de seus personagens. Tenzin, o mais novo, é o único dobrador de ar entre os três, motivo pelo qual recebeu muito mais atenção do pai, cujo maior sonho era reestruturar a nação dos Nômades do Ar. Kay é uma dobradora de água e Bumi não nasceu com habilidade para nenhuma dobra, de forma que ambos têm ressentimentos pela atenção que não receberam, e direcionam esse rancor a Tenzin.
Teve 4 temporadas de 12 ou 13 episódios, totalizando 50 episódios, ou seja, menor que a série original, e dividida em mais Livros. E o mesmo que foi dito em relação à série de Aang pode ser dita sobre a de Korra: é direta e sem fillers, com roteiro conciso e coerente.
Pequeno spoiler: o vilão da terceira temporada é um anarquista badass, provavelmente o melhor de toda a série.
Infelizmente o Netflix disponibilizou apenas as duas primeiras temporadas de A Lenda de Korra, mas todas as quatro podem ser encontradas no Mundo Avatar, o site que recomendei acima.
O filme feito em 2010
Após o término da série original e antes do lançamento do spin-off, foi produzido um filme que cobriu a primeira temporada (ou o “primeiro livro”) da Lenda de Aang. Você provavelmente ouviu falar desse filme e sim, ele foi horrível. Uma péssima adaptação que eu não recomendo, mas não poderia deixar de mencionar aqui.
O diretor, M. Night Shyamalan, não soube trazer para a telona nenhum dos elementos que fizeram do desenho uma obra tão bacana, infelizmente. Se você quiser, assista para tirar as próprias conclusões, mas não crie expectativas, e procure ver o desenho antes.
HQs e Graphic Novels
Por fim, foram produzidas após o término da série original diversas histórias em formato de comics e graphic novels. A maior parte teve participação da Nickelodeon e/ou de Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, fazendo com que sejam histórias canônicas.
Ainda não consegui ler essas obras, mas pretendo fazê-lo em breve, pois as temáticas são bem promissoras. São abordados, por exemplo, a história de como Korra conheceu Naga, a cadela-urso-polar que viria a se tornar seu animal guia, e a história de como Zuko conseguiu encontrar sua mãe, que é um mistério deixado em aberto no final da série original.
Todas também estão disponíveis para download no Mundo Avatar.
Conclusão
Se você anda não viu nada relacionado ao universo Avatar, comece assistindo a série original, que é uma obra praticamente irretocável. Se você já viu, dê uma chance para A Lenda de Korra, que também é bacana. Quanto ao filme de 2010, sinceramente, só vale a pena se você já tiver esgotado suas outras opções no Netflix.
Já assistiu as séries de Aang ou Korra? Deixe aqui sua opinião!
E para mais recomendações, acompanhem o Justiça Geek: toda sexta uma dica diferente.
Rafael Esteque
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