Recomendação da Semana – Campos de Batalha

Bem-vindos a mais uma Recomendação da Semana, a coluna na qual recomendamos livros, HQs, filmes, séries e álbuns que achamos interessantes. A recomendação de hoje é um quadrinho que aborda várias perspectivas da guerra, como as batalhas em si e seus terríveis efeitos. A recomendação de hoje é Campos de Batalha, quadrinho escrito por Garth Ennis e desenhada por Russ Braun e Peter Snejbjerg.

Eu costumo dizer que Garth Ennis é um escritor que causa bastante controvérsia. Embora tenha se popularizado por obras pueris, escatológicas e extremamente violentas como Preacher e Hitman (que eu costumo apelidar de “gibi adulto para adolescentes de 15 anos”), é notório como ele consegue escrever obras muito contundentes e sérias, que tratam de maneira muito madura os temas que ele resolve abordar, como na fantástica série do justiceiro Max (um dos melhores quadrinhos que eu já li). É este o caso em Campos de Batalha, em que o autor resolveu abordar a Segunda Guerra Mundial de maneira aprofundada sob perspectivas bastante peculiares.

O volume lançado pela Mythos reúnes duas histórias. Em Bruxas da Noite acompanhamos a história de um esquadrão bombardeiro composto por pilotas soviéticas que pilotava frágeis biplanos de madeira em letais missões noturnas sobre as linhas alemãs. Já em Querido Billy, acompanhamos a história da enfermeira Carrie Sutton, que está tentando recomeçar sua vida, após um profundo trauma ocorrido devido a invasão japonesa em Cingapura, contando com a ajuda de uma amizade com um piloto ferido.

O interessante deste trabalho é o fato de como Garth Ennis consegue construir histórias que abordam facetas bastante diferentes da guerra, desde o terror dos campos de batalha, até os traumas que são causados por esses conflitos. É tudo feito de maneira bastante séria e sóbria, em certos momentos com bastante sensibilidade, de moto que Ennis consegue tocar o leitor ao aproximá-lo da situação pela qual os personagens estão passando. Aqui ele definitivamente mostra que pode escrever boas histórias maduras quando quer.

A arte do quadrinho oscila um pouco. Russ Braun é o responsável por Bruxas da noite e possui um traço bem comum, sem nada que chame a atenção (com exceção das cenas mais violentas, em que ele se sai muito bem), e uma narrativa bastante padrão, mas que acaba não comprometendo a história. Já Peter Snejbjerg, responsável por Querido Billy, é um artista com um traço bastante interessante, bem noir, que combina bastante com o tom e a época na qual a história se passa. Além disso, o artista sabe muito bem como trabalhar as expressões dos personagens, demonstrando com bastante clareza as emoções que eles estão sentindo.

O encadernado da editora Mythos possui um bom acabamento gráfico, com capa dura e papel de qualidade, e um tratamento editorial competente, com uma revisão que não deixou escapar erros e alguns extras que mostram os estudos de personagem feitos pelos desenhistas. O único problema não tem a ver com a publicação em si, mas ao desempenho de vendas dela. Embora tenha estampado Vol.1 na lombada, a editora já adiantou que não dará continuidade à série, pois ela não vendeu bem. É uma pena, pois lá fora foram lançadas mais 6 histórias (que dariam mais 3 encadernado) dessa série. De qualquer forma, você pode ler este volume apenas tranquilamente, já que a única coisa que liga as histórias é o fato de que se passam durante a Segunda Guerra Mundial.

Campos de Batalha é um quadrinho ideal para aqueles que são fãs de histórias de guerra ou que querem conhecer uma faceta muito interessante de Garth Ennis, em histórias nas quais ele deu o seu melhor. Aproveite que a editora faz promoções constantes dessa edição e não deixe de adquirir seu exemplar, você não vai se arrepender.

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Ficha técnica

Editora : Mythos
Ano de lançamento: 2016
Páginas: 164
Preço: R$ 64,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.