Salve, justiceiros!
Esse é mais um post da coluna Recomendação da Semana, na qual os superamig… quer dizer, os redatores do site se revezam para recomendar livros, HQs, filmes, séries, ou qualquer coisa que tenham consumido e achado interessante.
E a minha recomendação dessa sexta para vocês é um livro que eu acabei de terminar de ler (de ouvir, na verdade): O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman.
Vamos lá então – Justiça Geek, ativar!
Há muito tempo que eu queria ler Neil Gaiman. Já tive contato com ele em adaptações de suas obras para outras mídias, como o fantástico Stardust (embora todo mundo diga que o filme não é lá uma adaptação muito fiel), mas ainda não havia lido nada dele de fato (não, não li Sandman, e tá na minha lista, só não deu ainda).
Acabei decidindo começar por uma das últimas obras dele, o premiado romance O Oceano no Fim do Caminho, publicado em 2013. Um livro curtinho e com um enredo a princípio despretensioso, mas que é uma experiência fantástica. Em audiobook, que foi como eu o consumi, dá pouco menos de 6 horas.
Eu baixei o áudio pelo aplicativo Audible (que atualmente pertence à Amazon), lido por ninguém menos que o próprio Neil Gaiman, que se mostrou um narrador excelente. Você pode encontrar a mesma versão que eu ouvi neste link.
Vou falar um pouco sobre o enredo, mas podem ficar tranquilos, não haverá nenhum grande spoiler.
É a história de um cara adulto, nos seus quase cinquenta anos, recuperando algumas memórias de sua infância, de quando tinha sete, e conheceu as mulheres da família Hempstock, cuja fazenda ficava no final da rua, e atrás da qual havia uma lagoa, que a menina Lettie Hempstock insistia em dizer que era um oceano. Daí o título.
O livro é inteiro em primeira pessoa, e o narrador descreve suas emoções e impressões nas palavras de um adulto, mas nos olhos de seu eu criança. E conforme você lê, percebe que uma das mensagens do livro é justamente sobre como amadurecemos. Somos eternas crianças que guardaram seus sonhos e medos no armário para poder viver o que chamamos de vida adulta, mas eles ainda estão lá guardados, e ainda que não possamos sempre acessá-los, eles são parte do que nos forma.
“Adultos não parecem com adultos por dentro também. Por fora, são grandes e descuidados e sempre sabem o que estão fazendo. Por dentro, parecem com quem sempre foram. A verdade é que não existem adultos. Nenhum nesse mundo inteiro.”
Ao mesmo tempo, o livro fala sobre a importância das histórias, sobre como elas podem nos proteger dos perigos que há dentro e fora de nós. O narrador conta como sua infância se passou mais dentro dos livros que lia do que na vida real (traço este que provavelmente é um reflexo biográfico do autor).
O fantástico e o sobrenatural são descritos de forma sutil e enigmática ao longo da narrativa. As mulheres Hempstock são a releitura de Gaiman do arquétipo mitológico pagão da Donzela, Mãe e Anciã, aqui apresentado de forma bem carismática.
Os autores ingleses parecem ter um dom especial para tratar do fantástico, misturando a fantasia e o nosso mundo real em suas histórias, e Gaiman é um exemplo disso. Um amigo meu uma vez disse que essa é a forma deles de escapar de uma realidade fria – tanto no sentido climático quanto no sentido social da palavra – e talvez ele esteja certo.
O Oceano no Fim do Caminho é a minha recomendação da semana pra vocês, uma leitura introspectiva e reflexiva sem deixar de ser leve e reconfortante. Se decidirem ler (ou se já tiverem lido), comentem aqui o que acharam. Esse é o tipo de livro que você termina e fica doido pra conversar sobre (como eu estou agora).
Rafael Esteque
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