A morte é uma das certezas da vida. Por mais sombria ou pessimista essa afirmação possa ser, não deixa de ser verdadeira. No dia 12 de novembro desse ano perdemos Stan Lee, uma das figuras mais importantes da indústria de quadrinhos mundial. Ao lado de outras lendas, como Jack Kirby e Steve Ditko, criou alguns dos personagens mais importantes da cultura pop, verdadeiros ícones da sociedade atual.
Eu poderia fazer todo um histórico da carreira de Lee, sobre como ele começou na Marvel (que nem tinha esse nome na época) como uma espécie de faz tudo, teve que demitir diversos amigos nos anos 50 devido a problemas financeiros da editora, revolucionou a indústria nos anos 60, tanto como criador como quanto editor, foi à Holywood nos anos 70 tentar levar as propriedades da Marvel para o cinema, etc. Isso você pode encontrar em livros, como o ótimo Marvel – A História Secreta, ou em outros relatos jornalísticos (como feito pelo Roberto Sadovski, que você pode ler neste LINK). Aqui quero apresentar uma perspectiva sobre essa figura e em como Lee foi importante para o meu amor aos quadrinhos e, com isso, ao surgimento do Justiça Geek.
Vamos para 2004, ano no qual eu estava fazendo um curso de informática, como outros diversos que ficaram super famosos no fim dos anos 90 e início dos anos 2000. A instituição de ensino na qual eu estudava possuía uma ótima biblioteca, que tinha um interessante catálogo de quadrinhos, o qual explorava sempre enquanto esperava o início das aulas. Foi lá que li meu primeiro gibi do Homem-Aranha, algum formatinho da fase de Tom DeFalco, que apresentava o famigerado “Stan Lee Apresenta” antes da história. Na época eu já conhecia este nome, já que era um grande fã da animação que era exibida na Globo e na Fox Kids, que boa parte da galera que está lendo isso com certeza deve ter visto, e na qual Stan Lee aparecia em um episódio bem legal em que conhecíamos um pouco mais sobre um dos co-criadores do personagem.
Muito tempo depois, tive contato com a Trilogia de Galactus, famosa trinca de edições do Quarteto Fantástico na qual a equipe encontra pela primeira vez o Surfista Prateado e o devorador de mundos. Fiquei fascinado com a explosiva arte de Kirby, mas algo naquela história se destacava das demais. A abordagem mais humanizada de Lee fazia toda diferença para a história, impedindo-a de se tornar apenas mais uma história de super-heróis. Quem aqui não se lembra da incrível sequência na qual o Tocha Humana viaja por diversas dimensões e universos para conseguir encontrar o Nulificador Total, o único dispositivo capaz de amedrontar Galactus, e em como ele fica chocado por tudo que viu nesta jornada, assim como o leitor. Este foi meu primeiro contato com uma história escrita por Lee e que me motivou a procurar outras coisas escritas por ele, como sua excelente fase no Homem-Aranha, Thor e a ótima Graphic Novel do Surfista Prateado, Parábola.
Foram as criações de Lee e a sua forma de abordar os personagens que me fizeram gostar de quadrinhos, me apaixonar pelos personagens e preferir Marvel à DC. Não só isso, mas essa abordagem também me ajudou a construir uma espécie de bússola moral, já que Lee sempre se preocupou em abordar questões como representatividade, preconceito e justiça social. O que essa galera estúpida e reaça chama de mimimi hoje, Lee já fazia nos anos 60, em meio a um cenário intenso de lutas por direitos civis na sociedade americana. Ele sempre estava ligado ao que acontecia ao mundo real e procurava colocar isso em suas histórias, nunca ficou alheio a essas questões.
Bom, tudo que eu queria dizer é: Obrigado Sr. Lee, foram graças à suas histórias e personagens que aquele garoto na biblioteca se apaixonou por quadrinhos e decidiu disseminá-los para cada vez mais pessoas através desse site. O homem se foi, mas suas histórias e suas ideias viverão para sempre. E ainda bem, já que nos dias de hoje elas se tornam cada vez mais necessárias. Excelsior!
Lucas Araújo
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