Supergirl: A Mulher do Amanhã – A história definitiva de Kara Zor-El!!

Entre erros e acertos, Tom King já demonstrou em seus trabalhos com super-heróis que consegue capturar a essência dos personagens com os quais trabalha, explicando a razão de porque eles fazem o que fazem. Em Supergirl – A Mulher do Amanhã, ao lado da arte de Bilquis Evely e as cores de Mat Lopes, ele mais uma vez faz isso, mostrando que além dos super poderes, Kara Zor-El não é apenas uma versão feminina de seu famoso primo.

Kara já viveu muitas aventuras e onde quer que ela vá no universo o símbolo em seu peito é um sinal de esperança e combate à injustiça, ainda que muitas vezes ela apenas seja vista como prima do Superman. Quando uma garota alienígena a procura para que ajude a vingar o assassinato de seu pai e a destruição de seu planeta tudo muda e a Supergirl embarca em uma jornada de muito aprendizado que mudará a sua vida e de sua companheira para sempre.

Tom King acerta em cheio ao explorar a personalidade de Kara, mostrando que ela é uma heroína, mas de forma diferente do Superman, mais determinada, sarcástica e perspicaz. Não é para menos, já que, diferente de seu primo, ela presenciou a destruição de sua terra natal, Krypton, e isso é uma experiência que definitivamente muda sua percepção de mundo. Aliás, ela questiona essa percepção muitas vezes ao longo da trama já que ao ser confrontada com a motivação da vingança de [inserir nome da personagem que a acompanha na jornada] e é isso que a faz ser uma personagem tão única.

A série tem um total de 8 edições e é preciso dizer que o roteirista demora a “pegar no tranco”, já que seu texto é bastante floreado e a história engata mesmo a partir da terceira edição, mas a partir desse ponto você começa a entender porque King é tão aclamado. O trabalho que ele faz principalmente nas edições 5 e 6, nas quais ele explora a origem da Supergirl e as suas motivações como super-heroína, é uma verdadeira ode ao super-heróis e provavelmente a melhor sequência de histórias que a personagem já teve em toda a sua existência.

E tudo isso não seria possível sem o excepcional trabalho da equipe artística composta pelo traço de Bilquis Evely e as cores de Mat Lopes. Bilquis tem um desenho repleto de detalhes, evocando mestres como George Pérez, mas com muita identidade própria e uma narrativa dinâmica que apresenta ótimas cenas de batalhas. o trabalho de expressões também chama a atenção, principalmente no que tange ao olhar dos personagens, é possível saber o que eles estão sentindo sem precisar ler um balão sequer na página. É tudo muito bonito, numa mistura de fantasia e ficção científica que se distingue do que normalmente é apresentado nesse tipo de quadrinho.

Algumas pessoas dizem que muitas vezes as cores nos quadrinhos funcionam de forma semelhante à trilha sonora no cinema e acho que essa é uma boa analogia para o trabalho de Mat Lopes nas páginas desse quadrinho. Não se resume a deixar tudo mais agradável aos olhos, mas o trabalho do colorista aqui chega a ser parte da narrativa em diversos momentos, com o principal deles sendo uma cena na qual ele faz uma brincadeira com a ausência das cores. Não darei mais detalhes para evitar spoilers, mas com certeza você saberá o quão impactante é quando ler essas páginas.

A Panini já havia publicado essa obra em um formato padrão de encadernado capa dura, mas a edição a qual tive acesso é a mais recente que possui formato oversized, sobrecapa (na edição vendida durante a CCXP 2024) e vários extras que incluem textos dos autores, esboços e detalhamento do processo criativo de Bilquis e de Mat. Aliás, interessante mencionar que a Panini produziu conteúdo exclusivo para o Brasil com a dupla de artistas, que são brasileiros, o que não é muito comum, mas é digno de elogios, já que sempre sou a favor de extras desse tipo que ajudem o leitor a compreender como aquela obra foi concebida. Espero que sempre que possível a editora tenha esse tipo de iniciativa.

Supergirl – A Mulher do Amanhã é um quadrinho que mistura fantasia e ficção científica em uma obra que discute o que é ser um super-herói e os perigos da busca incessante por vingança. Não à toa, o quadrinho foi escolhido por James Gunn como principal referência para o futuro filme da personagem, protagonizado por Milly Alcock. Quadrinho de super-herói bem feito tem se tornado cada vez mais raro, então recomendo que sempre que você tenha a oportunidade de ler uma obra como essa não perca tempo.

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Ficha Técnica

Editora: Panini
Tradução: Erick Garcia
Ano de lançamento: 2024
Páginas: 412
Preço: R$159,90

 

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.