Como é tradicional aqui no site, é hora da tradicional lista de melhores quadrinhos lidos no ano aqui no Justiça Geek (um pouco atrasada, é verdade). Os quadrinhos não estão organizados em ordem de qualidade e todos os textos sobre os quadrinhos em questão já produzidos estarão linkadas ao longo do texto, que será atualizado conforme novas resenhas forem sendo publicadas. Sem mais explicações, vamos à lista!
Um Bairro Distante – Jiro Taniguchi
Originalmente publicado entre 1998 e 1999 na revista Big Comic da editora Shogakukan, Um Bairro Distante apresenta a história de Hiroshi Nakahara, um executivo de meia idade que certo dia faz uma viagem de negócios a Quioto, mas, sem querer, pega o trem expresso na direção contrária e vai parar em sua terra natal, Tottori. Enquanto espera o próximo trem de volta a Tóquio, onde atualmente mora, ele aproveita para visitar o túmulo de sua mãe, onde perde a consciência. Ao despertar, Nakahara está 34 anos no passado, em pleno início da década de 1960! No corpo e na época dos seus 14 anos de idade, mas com a cabeça de 48, ele interage com sua família e colegas de escola sob uma nova perspectiva, ora matando a saudade de tudo, ora sentindo-se como um estranho no próprio ninho. Mas o ponto que mais lhe traz ansiedade é que esse é o exato ano que seu pai saiu de casa e nunca mais voltou.
Um Bairro Distante é um quadrinho belo e sensível, aquele tipo de obra que te deixa pensando por dias depois da leitura e que é mais um exemplo da excelência de Jiro Taniguchi como autor. Acho impossível que ao ter contato com seu trabalho ele não se torne um de seus quadrinistas favoritos, como aconteceu comigo. Leia e se emocione.
Confira nosso texto sobre Um Bairro Distante!
As Guerras de Lucas – Laurent Hopman e Renaud Roche
O quadrinho se inicia com Lucas tendo um princípio de infarto, tamanho o estresse que estava passando durante a produção de Star Wars. A partir desse acontecimento os autores aproveitam para voltar no tempo e contar a história dele desde a infância, quais eram suas influências e ambições e como ele tinha certeza do que queria fazer, como um acidente de carro quase tirou sua vida, sua amizade com Spielberg, Coppola, Brian de Palma e Scorsese e a importância de sua esposa à época, Marcia, para o seu trabalho sendo sua principal conselheira.
As Guerras de Lucas é leitura indispensável para fãs de Star Wars e para quem gosta de cinema em geral e quer saber como funciona o processo de uma grande produção como essa. Gostaria que os autores também produzissem quadrinhos sobre a produção dos outros filmes da franquia, há ainda muitas histórias interessantes envolvendo as ideias de George Lucas e como ele consolidou seu império, e também gostaria de ver histórias originais dessa dupla, talento eles já demonstraram que tem de sobra.
Confira nosso texto sobre As Guerras de Lucas!
Risca Faca – André Kitagawa
Em três histórias interligadas que se passam no submundo de São Paulo, somos apresentados a todo tipo de personagens: prostitutas, moradores de rua, donos de bares, trabalhadores da madrugada, entre outros, que possuem os mais diversos motivos para odiar o mundo, buscarem vingança e alimentarem sua sede de viver. Com essas histórias, o autor procura apresentar um mundo desconhecido, o qual muitas vezes recusamos enxergar a existência ao nosso redor.
Risca Faca é um quadrinho visceral, impactante e que coloca um holofote em pessoas consideradas invisíveis. André Kitagawa é um talentoso autor que ficou muito tempo afastado dos quadrinhos (seu último antes deste havia sido lançado em 2006) e espero que esse seja um retorno em definitivo, os leitores agradecem.
Confira nosso texto sobre Risca Faca!
Supergirl – A Mulher do Amanhã – Tom King, Bilquis Evely e Mat Lopes
Kara já viveu muitas aventuras e onde quer que ela vá no universo o símbolo em seu peito é um sinal de esperança e combate à injustiça, ainda que muitas vezes ela apenas seja vista como prima do Superman. Quando uma garota alienígena a procura para que ajude a vingar o assassinato de seu pai e a destruição de seu planeta tudo muda e a Supergirl embarca em uma jornada de muito aprendizado que mudará a sua vida e de sua companheira para sempre.
Supergirl – A Mulher do Amanhã é um quadrinho que mistura fantasia e ficção científica em uma obra que discute o que é ser um super-herói e os perigos da busca incessante por vingança. Não à toa, o quadrinho foi escolhido por James Gunn como principal referência para o futuro filme da personagem, protagonizado por Milly Alcock. Quadrinho de super-herói bem feito tem se tornado cada vez mais raro, então recomendo que sempre que você tenha a oportunidade de ler uma obra como essa não perca tempo.
Confira nosso texto sobre Supergirl – A Mulher do Amanhã!
A Noite dos Palhaços Mudos – Laerte
Originalmente publicada nas páginas da revista Circo no ano de 1987, essa história aborda uma dupla de palhaços que vai resgatar um terceiro membro de sua trupe da casa de homens que parecem uma mistura de burocratas com seguranças de shopping. E é isso, não há muito mais a se contar.
A Noite dos Palhaços Mudos é uma pérola dos quadrinhos, uma ótima oportunidade para contemplar o talento da Laerte e um exemplo de como publicar um clássico para a maior quantidade de leitores possíveis. Laerte sempre tem muito a dizer e acho importante que todos ouçam.
Confira nosso texto sobre A Noite dos Palhaços Mudos!
Bórgia – Alejandro Jodorowsky e Milo Manara
Publicada originalmente na França em quatro volumes entre os anos de 2004 e 2010, o quadrinho mostra como o espanhol Rodrigo Bórgia, por meio de de intrigas, subornos, ameaças e outros crimes, se torna o papa Alexandre VI (durante os anos de 1492 a 1503) e dá início a um dos períodos mais controversos e deturpados da Igreja Católica. A sede de poder de Rodrigo se espalha por sua família, os filhos César, Lucrécia, Giovanni e Godofredo, que juntos reunem acusações de nepotismo, venda de cargos eclesiásticos, fratricídio, incesto, envenenamento e manipulação política. Não à toa, Jodorowsky afirma que eles são o primeiro clã mafioso da história.
Quando autores do nível de Alejandro Jodorowsky e Milo Manara se unem, os leitores podem imaginar que um ótimo trabalho será produzido e Bórgia é basicamente isso. Uma obra com várias camadas, que envolve o leitor e que é um grande espetáculo visual. Eu te entendo Jodo, quadrinhos também são minha mídia favorita para se contar uma história e esse é um exemplo do porquê disso.
Confira nosso texto sobre Bórgia!
Cage! – Genndy Tartakovsky, Stephen DeStefano e Scott Wills
A minissérie em quatro edições parte de uma premissa bastante simples: Luke Cage, o clássico herói de aluguel, após o desaparecimento de sua amiga e também heroína Misty Knight começa a investigar o sumiço de outros heróis menos conhecidos, acaba sendo sequestrado e forçado a lutar um torneio entre esses heróis que dará direito a um valioso prêmio em dinheiro. Basicamente um Mortal Kombat (não tão mortal assim…) entre personagens de menor expressão da Marvel.
Cage! é um quadrinho de super-herói em sua essência, uma leitura divertida que você não cansa de repetir. É uma pena que Genndy Tartakovsky não produziu outro quadrinho desde então, espero que um dia ele possa fazer mais um projeto com a Marvel ( o que estão esperando para entregar o Punho de Ferro ou o Homem-Aranha para ele?). Enquanto isso, leia e releia esse quadrinho, o entretenimento é garantido.
Confira nosso texto sobre Cage!
Namor – As Profundezas – Peter Milligan e Esad Ribic
Você deve conhecer Namor, seja como clássico inimigo do Quarteto Fantástico, membro dos Illuminati, nos Defensores ou por sua representação cinematográfica. Em As Profundezas temos uma abordagem diferente do personagem, em que ele é tratado como uma espécie de lenda, assim como a Atlântida, lugar o qual ele é o monarca. Na trama vemos uma tripulação liderada por um cientista que tem o objetivo de investigar o desaparecimento de outra tripulação que tinha a missão de descobrir se o mito da Atlântida é real. Quanto mais esses homens chegam às profundezas do mar, mais eles são envoltos em mistérios que os farão questionar a própria sanidade, sempre cercados por uma figura cujo a existência rompe as barreiras da imaginação.
Namor – As Profundezas é um quadrinho que demonstra que autores talentosos podem trazer abordagens diferentes para os super-heróis, fazendo com que os leitores os vejam sob outra perspectiva. Um respiro de criatividade em uma indústria que devido ao seu ritmo de produção sufoca cada vez mais histórias como essa. Leia e divirta-se.
Confira nosso texto sobre Namor – As Profundezas!
As Muitas Mortes de Laila Starr – Ram V e Filipe Andrade
A história é iniciada com a demissão da Morte, já que nascerá o humano que está destinado a inventar a imortalidade e com isso seus serviços não são mais necessários. Obviamente ela não aceita muito bem a situação e após uma série de acordos acaba sendo relegada à terra, encarnando no corpo de Laila Starr, uma jovem que vive em Mumbai. Confrontando sua recém mortalidade, Laila está buscando maneiras com as quais possa confrontar o criador da imortalidade e impedir que seu trabalho se torne obsoleto, mas será que ela irá conseguir impedir o fim do ciclo da vida ou a Morte realmente se tornará algo do passado?
As Muitas Mortes de Laila Starr com uma pegada “cool”, que lembra o que era feito na Vertigo nos anos 90, mas com uma linguagem mais moderna. Ao final da leitura você se pega pensando na mensagem do quadrinho, a felicidade não está na imortalidade, mas em aproveitar cada momento da vida pois eles são únicos, o que pode soar clichê, mas um pouco de otimismo não faz mal pra ninguém, certo?
Confira nosso texto sobre As Muitas Mortes de Laila Starr!
Mulher-Maravilha Absolute – Kelly Thompson, Hayden Sherman e Jordie Bellaire
Recentemente a DC gerou certo barulho no mundo dos quadrinhos com a publicação do selo Absolute, uma espécie de versão da editora para o que o Marvel fez no selo Utilmate, com o objetivo de captar uma nova parcela de leitores inserindo seus mais famosos personagens em um novo universo, com origens bem diferentes das que estamos acostumados. Para iniciar o selo a editora escolheu a trindade Superman, Batman e Mulher-Maravilha, e definitivamente o melhor título dessa primeira leva é o da guerreira amazona produzido pela roteirista Kelly Thompson, o artista Hayden Sherman e a colorista Jordie Bellaire.
O primeiro arco, que aliás foi concluído recentemente em cinco edições, nos apresenta Diana, uma guerreira criada pela feiticeira Circe que logo descobre pertencer a antiga linhagem das amazonas, guerreiras que caíram em completa desgraça de modo que até pronunciar seu nome é uma heresia. Munida de suas habilidades ancestrais e o conhecimento de magia de sua mãe adotiva, ela vai até a cidade de Gateway City combater uma terrível criatura ancestral que ameaça não só a cidade, mas também o planeta como um todo.
Thompson é hábil em apresentar elementos da cronologia da Mulher-Maravilha que são reconhecíveis para os leitores, mas sempre com uma pitada que torna aquilo diferente. Sherman tem um traço muito bonito e se utiliza de uma narrativa arrojada, que quebra padrões do que estamos acostumados a ver em quadrinhos de super-heróis (me lembrou bastante o trabalho de Davi Rubin, que você deve conhecer de Beowulf e Black Hammer) e as cores de Bellaire são a cereja do bolo para criar o clima de Dark Fantasy que a obra se propõe a apresentar. Não é só um dos melhores quadrinhos da iniciativa Absolute, como uma das coisas mais legais feitas com super-heróis nos últimos tempos. Muito superior, por exemplo, ao trabalho de Tom King na revista regular da personagem, que começou até bem, mas que se tornou enfadonho ao longo do tempo.
Quarteto Fantástico – Ryan North e vários artistas
O Quarteto Fantástico é uma super-equipe que sempre teve algumas peculiaridades que fizeram com que apenas escritores muito habilidosos conseguissem extrair tudo que ela pode oferecer, gente do calibre de Stan Lee, Jack Kirby,John Byrne e Jonathan Hickman. Não dá pra fazer apenas uma história em que os heróis descobrem um plano do vilão, vão para o confronto na base da porrada e no final resolvem a questão. Não, o Quarteto em seus melhores momentos sempre foi uma mistura de Ficção Científica da melhor qualidade com tramas que envolvem um profundo relacionamento familiar, visto que de fato além de uma super equipe, eles são uma família. E é nesse ponto que o roteirista Ryan North acertou em cheio.
O quadrinho começa com a equipe dividida após um catastrófico evento em Nova York pelo qual Reed Richards levou toda a culpa. Eles vivem suas aventuras separadamente, até que devem se unir em Nova York para resgatar alguns membros de sua família. Sei que essa descrição soa bem vaga, mas estou evitando ao máximo dar qualquer tipo de detalhe que possa estragar a experiência.
Além disso, o brilho dessa fase de North não está especificamente na resolução desse primeiro arco, mas em como ele consegue entregar uma história empolgante a cada nova edição. Seja em um combate contra o Doutor Destino (que aliás tem uma de suas melhores histórias publicadas nesta fase), seja com Johnny Storm e Ben Grimm trabalhando como vendedores numa loja de eletrônicos, o autor consegue entreter o leitor em uma mistura de sitcon, hard scifi e uma boa aventura de super-heróis. É uma pena que os artistas que o ajudam a contar essas histórias não sejam tão bons (a Marvel parece ter gasto todo o orçamento da revista nas ótimas capas de Alex Ross), mas ainda assim a revista do Quarteto é o melhor quadrinho de super-heróis publicado atualmente.
Ultimate Homem Aranha – Jonathan Hickman, Marco Checchetto e Matthew Wilson
Desde meados dos anos 2000 os fãs do Homem-Aranha sentem falta de uma série regular do herói que de fato mantenha alguma qualidade, trate de sua vida como adulto e casado com Mary Jane como era entre os anos 80 e 90. Embora isso seja de fato um apelo nostálgico, é notório que o aracnídeo vem sofrendo com as intervenções editoriais em seus títulos que tentam manter o status quo, embora com raras exceções como o arco do Homem-Aranha Superior. Em um selo alternativo é possível ter mais liberdade e com isso apresentar histórias que de certa forma levam o personagem adiante. Foi isso que Jonathan Hickman, ao lado da equipe artística composta por Marco Checchetto e Matthew Wilson, provou.
Em um mundo no qual não há super-heróis devido a uma interferência na linha do tempo, Peter Parker está casado com Mary Jane e tem dois filhos, tendo que trabalhar como fotógrafo no Clarim Diário para arcar com suas responsabilidades. Ele tem seus poderes despertados tardiamente pois descobre sua a interferência que o impediu de ser picado pela aranha radioativa quando tinha quinze anos e tem que equilibrar a nova vida super-heróica com os deveres da vida adulta.
Hickman acerta em cheio ao apresentar uma versão do personagem que os fãs estavam ansiosos para ver, ao mesmo tempo que adiciona mistérios a trama que mantêm a atenção a cada edição. O leitor fica curioso para conhecer as novas versões dos personagens que rodeiam a vida de Peter, alguns causam grande surpresa. E a arte de Marco Checchetto com as cores de Matthew Wilson é a cereja do bolo, adicionando a dinâmica narrativa necessária para as histórias do Homem-Aranha.
É um dos gibis de super-heróis mais legais dos últimos anos. Aproveite que a Panini está publicando a série por aqui e não perca a oportunidade de ler.
Liga da Justiça – Grant Morrison e Howard Potter
Os anos 90 ficaram marcados pelos quadrinhos de super-heróis com o estilo Image, mesmo os que não eram publicados pela editora. Personagens que fugiam completamente de qualquer noção de anatomia, cores berrantes e tramas com a profundidade de um pires. Porém se engana quem acredita que essa época se resumia apenas a isso, houveram vários quadrinhos que fugiam desse estereótipo e que são verdadeiras pérolas. Dentre eles, um dos melhores quadrinhos de super-heróis de todos os tempos, extremamente influente e um marco para a DC: A Liga da Justiça de Grant Morrison, com arte de Howard Potter (em sua maioria).
Após a fase da Liga Cômica, conhecida por aqui como Liguinha, Morrison assume a revista da equipe mais importante da DC e sua primeira decisão é que ela seja composta pelos sete maiores heróis da editora: Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Aquaman e Caçador de Marte. Esses heróis enfrentam desafios dignos a imensidão de seus poderes, indo de invasões alienígenas até batalhas interdimensionais que envolvem viagem no tempo e Os Novos Deuses.
Morrison revolucionou os quadrinhos de super-heróis, ditando como esse tipo de história seria narrada nos anos seguintes. Com narrativa épica que mescla elementos da Era de Prata, pitadas de Jack Kirby, ficção científica, combates massavéio e as maluquices típicas de suas obras, o escritor escocês produziu um de seus melhores trabalhos. Se você gosta de coisas como Authority e Supremos, saiba que tudo começou aqui.
O único ponto baixo é a arte de Howard Potter, que nem de longe acompanha a qualidade do roteiro, já que é bem pouco inventiva, mas mesmo o impacto das histórias permanece. É importante mencionar que há alguns arcos fillers bem legais entre as histórias escritos por Mark Millar, em início de carreira, e Mark Waid.
A série foi publicada na íntegra por aqui no primeiro volume de A Saga da Liga da Justiça pela Panini, o que torna mais fácil encontrar para ler do que ficar garimpando as diversas revistas pelas quais a Abril picotou a publicação da série.
Se você tem alguma birra com os trabalhos de Morrison, sua Liga da Justiça é o quadrinho que fará você mudar de ideia.
A Estrada – Manu Larcenet
Terra arrasada. Isso é tudo o que restou após uma catástrofe reduzir a fauna e a flora do planeta a cinzas. Neste cenário infeliz, um pai e seu filho caminham em direção ao sul para escapar do frio. Seus poucos pertences estão reunidos em um carrinho de supermercado, incluindo um revólver com apenas duas balas. Eles não sabem muito bem para onde vão nem o que esperam encontrar, mas sabem que é preciso seguir em frente, evitando os vários perigos no caminho.
Manu Larcenet é um dos grandes nomes dos quadrinhos da atualidade e em A Estrada ele adapta o livro de Cormac McCarthy em um trabalho colossal em que cada virada de página gera um grande impacto no leitor. Seu traço é algo difícil de descrever com palavras, a forma com a qual ele constrói as ambientações faz com que você fique imerso na trama, é como se você estivesse junto dos personagens vagando pela estrada sem saber o que vai encontrar pela frente.
Um quadrinho de Manu Larcenet é sempre uma leitura indispensável.
O Eternauta – Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López
Tenho a impressão que nos últimos tempos o termo “clássico” foi banalizado, visto que tem sido usado para classificar algo que simplesmente fica acima da média, que foge pouco do comum. Entretanto, há obras que só podem ser definidas por esse termo, seja pelo seu impacto, influência ou qualidade e, sem sombra de dúvidas, O Eternauta, quadrinho escrito por Héctor Germán Oesterheld e desenhado por Francisco Solano López, é um desses casos, aliás, deveria estar listado como significado dessa palavra no dicionário.
Ambientado em Buenos Aires no final dos anos 1950, o quadrinho começa com um roteirista, que logo percebemos ser um alter ego de Oesterheld, recebendo a visita de um homem que simplesmente se materializa na frente dele. Espantado e curioso, esse roteirista ouve todo o relato desse misterioso sujeito, que se chama Juan Salvo e se denomina como Eternauta, o viajante da eternidade. O relato de Salvo é chocante: ele diz que em breve Buenos Aires será assolada por uma nevasca fluorescente capaz de matar tudo que toca, que inicialmente possuía origem desconhecida, mas que a humanidade logo descobre ser obra de uma invasão alienígena com o objetivo de dominar todo o planeta terra. Salvo se une a um grupo de amigos para tentar sobreviver essa invasão, sendo que a cada dia que passa novos perigos aparecem, o desespero consome sua mente e parece não haver saída para aquela situação. Mas como esse homem sabe de tudo isso sobre o futuro? Como ele voltou ao passado? A humanidade conseguiu superar a invasão? Bom, você vai ter que ler para descobrir.
Leia O Eternauta. Leitura indispensável também é um termo que foi banalizado de certa forma, mas não há como indicar esse quadrinho de outra forma. Este é o resultado da união de dois gigantes que produziram uma obra atemporal, que manteve sua importância nos últimos 60 anos e que a preservará nos próximos 600. Você ouvirá muito sobre a obra pois há uma adaptação da Netflix programada para estrear em 2025, pela qual já estou ansioso, mas eu sempre indico que você corra atrás do material original. Como disse no início do texto, esse é simplesmente um clássico na acepção da palavra.
Confira nosso texto sobre O Eternauta!
Menções Honrosas
Preciso citar algumas HQs que por razões que não consigo explicar ficaram de fora da lista principal. Todas também apresentam alto nível de qualidade.
Batman & Robin – Ano Um – Mark Waid, Chris Samnee e Mat Lopes
Mark Waid, Chris Samnee e Mat Lopes produzem um arroz e feijão muito bem feito nesse quadrinho que mostra as primeiras aventuras de Batman e Robin, apresentando como a dinâmica da dupla foi criada em tramas que são simples e divertidas. Quadrinho de super-herói bem feito que está cada vez mais difícil de ser encontrado em uma indústria que massacra a criatividade de seus autores.
Batman Absoluto – Scott Snyder e Nick Dragotta
Esse é o quadrinho que deu início ao selo Absolute da DC. Embora não seja o melhor (esse posto é da Mulher-Maravilha que comentei anteriormente), Scott Snyder e Nick Dragotta apresentam uma interessante nova perspectiva sobre o Batman e seus coadjuvantes, com bastante ação como é característico dos trabalhos de Snyder. Pra quem é fã do Homem Morcego e quer ler algo diferente, Batman Absoluto é o quadrinho ideal.
Colorado Train – Alex W. Inker
Colorado Train é um quadrinho que ao mesmo tempo que é uma história de aventura com adolescentes se unindo para enfrentar um grande mal, ao mesmo tempo que encaram seus problemas de relacionamento familiar, também é uma crítica nada sutil à forma com que os EUA lidam com a guerra. Alex W. Inker é um autor para se ficar de olho, espero que mais trabalhos dele sejam publicados por aqui.
Confira nosso texto sobre Colorado Train!
Cage: Max – Brian Azzarello, Richard Corben e José Villarrubia
Cage foi um dos primeiros quadrinhos publicados no selo adulto da Marvel, que acabou sendo esquecido ao longo dos anos, mas que merece ser lido, nem que seja para apreciar o trabalho de Richard Corben na arte. Eu recomendo que você escave o catálogo deste selo, tem muita coisa legal publicada que merece a atenção, e que eventualmente vou comentar por aqui, de uma época em que a Casa das Ideias merecia esse título.
Confira nosso texto sobre Cage: Max!
God Country – Donny Cates, Geoff Shaw e Jason Wordie
God Country é um quadrinho divertido e emocionante, um trabalho que mostra que a fama de Cates é justificável. Para os leitores que querem uma leitura descompromissada, com certa substância, é uma ótima pedida.
Confira nosso texto sobre God Country!
Finalmente chegamos ao fim deste top 15 (que na verdade é um top 20 rs) de melhores leituras do ano de 2024. E você, quais foram suas melhores leituras em 2024? Tem alguma coisa em comum com a minha lista? Deixa aí nos comentários, vamos trocar recomendações. Sempre descobrimos algo novo nesse tipo de discussão.
Lucas Araújo
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