X-Men: Grand Design Vol.1 – Simplificando a cronologia mutante!

A complicada cronologia dos X-Men já virou uma espécie de piada entre os leitores de quadrinhos. Ao longo dos anos, diversos autores passaram pelos personagens estabelecendo suas histórias, que não raramente são difíceis de serem interconectadas e terem alguma ordem lógica de fatos, principalmente se levarmos em consideração o que aconteceu nos anos 90, quando tudo descambou de vez. Embora haja alguns pontos de partida para novos leitores, ainda existem alguns pontos pouco esclarecidos. Ed Piskor definiu para si a missão de dar coesão à cronologia mutante, produzindo um dos trabalhos mais interessantes já feitos com os personagens em toda a história. Disso surgiu X-Men: Grand Design.

Ed Pìskor ganhou fama no mercado de quadrinhos ao produzir Hip Hop Genealogia, um trabalho que procura explicar a origem do respectivo gênero musical, traçando sua história até os dias de hoje. Foi essa mesma ideia que ele aplicou nos X-Men, procurando estabelecer uma lógica desde as histórias de Stan Lee e Jack Kirby até as mais recentes tramas. Por mais difícil que possa ser isso, pode-se dizer que ele fez um ótimo trabalho.

O roteiro de Grand Design é um verdadeiro prato cheio para os fãs de X-Men, de modo que quanto mais você conheça os mutantes e sua cronologia, mais você vai se divertir com a história. Neste volume acompanhamos a história do início dos personagens até um pouco antes da equipe chegar à Krakoa e é muito interessante ver como Piskor consegue relacionar fatos até então isolados, que explicam coisas que durante décadas pareceram sem sentido. Tudo isso é feito numa narrativa com estilo retrô, que remete diretamente aos anos 60 e 70.

Por falar em clima retrô, muito disso se deve à arte, que é espetacular. Tanto no traço, com um preciso uso de retícula, desde as cores que dão um aspecto mais envelhecido às páginas, fazendo com que você se sinta lendo um quadrinho da época em que as histórias que ele referencia foram publicadas. É praticamente impossível ler esta obra e não se tornar fã do trabalho de Piskor.

A edição da Panini é muito bonita, em um formato maior que valoriza a arte, capa cartão um pouco mais rígida e papel offset. A edição é repleta de extras, desde depoimentos de Piskor sobre como foi produzir o quadrinho e do quão fã ele é dos personagens desde a infância, até a primeira edição dos X-Men pintada por ele, o que mostra o quão em sintonia o artista está com o traço de Jack Kirby e o roteiro de Stan Lee.

X-Men: Grand Design pode agradar novos leitores, mas é inegável que a obra foi produzida para os fãs mais veteranos dos personagens. Ao terminar a leitura, você fica ansioso para ver como será a versão de Ed Piskor para os próximos eventos. Quero só ver o que ele vai fazer quando a história chegar nos loucos anos 90…

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Ficha técnica

Editora: Panini Tradução: Lívia Koeppl Ano de lançamento: 2020 Páginas: 120 Preço: R$ 120,00

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.