Liga da Justiça – Obrigado, Joss Whedon!

Se você acompanha o Justiça Geek há algum tempo sabe que eu não tinha grandes expectativas para assistir a união dos heróis da DC no cinema. Amo os personagens, mas vê-los tão descaracterizados nas mãos de Zack Snyder me gerava um profundo desgosto. O processo de produção de Liga da Justiça foi bastante conturbado, com Zack Snyder saindo da produção devido ao falecimento de sua filha e a entrada de Joss Whedon para finalizar as filmagens ao mesmo tempo em que reescrevia o roteiro. A pergunta que fica é: O produto final é satisfatório? Bom, esse texto dará a minha resposta para esta pergunta.

Antes de analisar o filme de forma mais profunda aqui vai uma breve sinopse: Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) convoca sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot) para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes – Batman, Mulher-Maraviha, Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller) -, poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.

O filme acerta em apostar numa trama simples, que em alguns momentos lembra um episódio da animação da Liga, que consiste basicamente em uma aventura de heróis contra o vilão. Muita gente reclamou que o filme devia ser mas épico e chocante, mas é compreensível que o estúdio não queira se arriscar muito depois de ter se ferrado várias vezes com a megalomania conhecida de Zack Snyder.

Mas calma, esta resenha não tem o objetivo de criticar Snyder por suas conhecidas manias, mas sim exaltar o trabalho de Joss Whedon que teve a difícil missão de dar coesão ao que Snyder já havia gravado e suas próprias ideias. É notável sua influência de seu trabalho na caracterização dos personagens, principalmente a trindade, aspecto no quão o filme se sai melhor. Aliás é uma canalhice enorme a Warner não ter creditado Whedon como co-diretor, apenas como co-roteirista, já que basicamente o que tem de bom no filme saiu de suas mãos.

O Batman de Ben Affleck é obstinado em corrigir os seus erros e montar uma equipe que possa salvar o mundo. O personagem também é mais leve, menos soturno e amargurado como mostrado em Batman Vs Superman. Isso é muito benéfico para o personagem, as pessoas tem que entender que Cavaleiro das Trevas é uma versão muito restrita do personagem criada para um determinado fim e não a versão definitiva do Batman. Aqui ele não mata, não marca bandidos com ferro e coisas desse tipo.

A Mulher-Maravilha de Gal Gadot possui uma trama simples mas que funciona para seu arco no filme. Ela é questionada por não liderar a equipe, por ter abandonado a humanidade por muito tempo mas acaba percebendo sua função no mundo, muito devido a influência de Bruce Wayne e, de certa forma, do Superman.

Finalmente acertaram o Superman! Isso realmente me deixou empolgado. Aqui ele sorri, é responsável, altruísta. Ele salva civis! Coisas simples mas que não haviam sido entendidas até então. As cenas em que ele aparece realmente me empolgaram pois é um dos meus personagens favoritos. Sob certo aspecto é meio triste comemorar tanto que o básico foi feito, mas é um acontecimento importante para os próximos filmes desse universo. O Superman é com certeza o maior acerto de Whedon no filme junto com a presença de Danny Elfman na trilha sonora.

O Aquaman de Jason Momoa diverte, mesmo que não tenha absolutamente nada a ver com sua contraparte nos quadrinhos. Cheio de trejeitos é mais Jason Momoa vestido de Aquaman do que o soberano dos sete mares. O Flash de Ezra Miller é um completo insulto para os fãs do personagem, faz piada toda hora e é completamente burro. Em nenhuma versão o personagem é burro, não sei de onde tiraram essa maluquice. O Ciborgue interpretado por Ray Fisher tem um papel importante para o andamento da trama, mas não é muito explorado. Acho que veremos mais sobre ele em futuros filmes.

Uma coisa que não é possível tirar de Snyder é sua capacidade em filmar cenas de ação muito empolgantes e há algumas delas neste filme. O uso dos poderes e o trabalho em equipe é bem feito nas cenas de batalha e uma muito específica que envolve o Superman é um dos pontos altos do filme. Outra cena em que o diretor acerta é a sequência que mostra o impacto da morte do Superman no mundo, lembrando a abertura do filme Watchmen.

O filme tem seus problemas? Sim e alguns infelizmente são bem graves. O vilão Lobo das Estepes é um boneco de CGI que serve apenas para disparar clichês e bater e apanhar dos heróis. Tem a profundidade de um pires, mas entendo que o foco aqui não era a batalha contra o vilão e sim mostrar os heróis trabalhando juntos.

O roteiro do filme tem alguns buracos inexplicáveis, algumas coisas acontecem e você sente sua inteligência sendo ofendida nas resoluções de algumas situações, como, por exemplo, na volta do Superman e na forma como o Lobo das Estepes atinge um de seus objetivos. Talvez isso tenha relação com a turbulenta produção do filme.

O CGI do filme chega a ser vergonhoso em alguns momentos e isso é muito sério. Eu raramente fico incomodado por efeitos especiais nessas grandes produções, mas aqui em algumas cenas o nível beira ao apresentado no Chapolin. Sério, tela verde muito evidente e tenho uma teoria de que isso acontece porque não há cenários reais em primeiro plano, o que acontece na maioria desses filmes e diminui a sensação de falsidade. Ah, o efeito para esconder o bigode de Henry Cavill nas refilmagens ficou horrível.

Também é triste ver grandes atores como JK Simons e Jeremy Irons serem desperdiçados, pois o Comissário Gordon e o Alfred são pouquíssimo explorados. O mesmo se aplica à Amy Adams em seu papel como Lois Lane.

No geral, Liga da Justiça é um filme que diverte e vale a ida ao cinema. Poderia ser bem melhor, mas a mensagem final do filme nos traz esperança para um futuro melhor do Universo DC nos cinemas. O filme tem duas cenas pós-créditos. A primeira é divertida e remete a uma disputa muito antiga. A segunda é uma prévia ao que está por vir nos próximos filmes da Liga.

Nota: 7,5/10

Ficha Técnica

Duração: 120 minutos
Estúdio: Warner Bros.
Direção:
Zack Snyder e Joss Whedon (não creditado)
Roteiro: Chris Terrio e Joss Whedon
Elenco: Henry Cavill, Ben Affleck, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Gal Gadot, Diane Lane, Laurence Fishburne, Jeremy Irons, Ezra Miller, Jason Momoa e Ray Fisher, Connie Nielsen, J.K. Simmons, Amber Heard.

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.