Henri Désiré Landru – A perspectiva de Chabouté sobre o maior Serial Killer da França!

Histórias de Serial Killers, independente da mídia em que são contadas, sempre atraem a atenção do público, muito pela curiosidade em entender como essas mentes funcionam e o que os levam a praticar os mais terríveis crimes. Quando um renomado quadrinista resolve contar sua versão sobre a história do maior Serial Killer da história da França, isso cria a expectativa de uma boa trama para os leitores. É o que aconteceu em Henri Désiré Landru, quadrinho escrito e desenhado por Cristophe Chabouté.

Numa época em que a França sofria pelas mazelas causadas pela Primeira Guerra Mundial e povo se encontrava fragilizado pela criminalidade e falta de recursos, Henri Désiré Landru, que até então era um golpista profissional acostumado a praticar pequenos estelionatos, se viu no cenário ideal para praticar seus piores crimes e enriquecer de forma ilícita. Ele seduzia viúvas que haviam perdido seus maridos na guerra, as assassinava e roubava todos seus bens. Landru atuou por anos até que a polícia o capturasse, chamando a atenção da imprensa, ávida por assuntos que distraíssem a população da situação desoladora na qual viviam, e se tornou o assunto mais comentado na França. Ao todo, ele foi culpado pela morte de dez mulheres e um adolescente, mas estima-se que possa ter cometido muitos mais crimes.

Chabouté cria uma trama que não é exatamente fiel aos fatos, já que o autor procura estabelecer uma nova perspectiva sobre o caso que não tem nenhuma comprovação, entretanto isso ajuda a tornar a obra ainda mais atrativa. Lembra, de certa forma, o trabalho feito por Alan Moore em Do Inferno, quadrinho no qual o escritor britânico explorou uma teoria sobre a identidade de Jack Estripador.

Embora seja um bom roteirista, é perceptível como o ouro dos trabalhos do autor francês está em sua arte e narrativa. Chabouté é brilhante tanto em enquadramentos e expressões quanto em explorar os silêncios como poucos autores conseguem. Se você leu obras como Um Pedaço de Madeira e Aço e Solitário, com certeza sabe do que estou falando. Não é à toa que ele é um dos mais renomados quadrinistas europeus da atualidade.

Depois de tantos elogios, você deve estar se perguntando se há algo de negativo a ser dito sobre o quadrinho. Bom, sempre que há um anúncio de um trabalho de Chabouté há sempre uma grande expectativa, gerada pelos lançamentos pregressos, e neste caso sinto que elas não foram atendidas. Não que a obra não tenha qualidade, como você percebeu pelos meus comentários anteriores, mas Henri Désiré Landru não tem o mesmo brilho das obras publicadas anteriormente pelo autor. Há uma certa condução apressada conforme a trama vai chegando ao fim, o que prejudica um pouco seu impacto.

O trabalho da editora Pipoca e Nanquim é muito competente, tanto em aspectos gráficos quanto editoriais. O quadrinho tem capa dura, papel de boa qualidade e um texto que ajuda a entender quem foi Landru, quais foram os impactos de suas ações na época e o que o autor adicionou e retirou da história.

Henri Désiré Landru é um quadrinho muito competente em sua proposta e mais um exemplo do talento de Chabouté. Embora não tão bom quanto as publicações anteriores do autor por aqui, merece ser lido e com certeza irá figurar em diversas listas de melhores do ano. Quando Chabouté publica um trabalho, você não pode deixar de conferir.

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Ficha técnica

Editora: Pipoca e Nanquim
Tradução: Maria Clara Carneiro
Ano de lançamento: 2020
Páginas: 148
Preço: R$ 79,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.