Demolidor: Redenção – Matt Murdock em busca de justiça!

Em meio ao hype da estreia da nova série do Demolidor no Disney Plus, embora não tão nova já que é uma continuação da série da Netflix, me despertou a vontade de ler algo do personagem, de preferência algo mais curto e que eu ainda não tivesse lido, o que já excluía os maiores clássicos do personagem, feito por autores como Frank Miller e Brian Michael Bendis. Foi dessa forma que cheguei em Demolidor – Redenção, quadrinho escrito por David Hine, com arte de Michael Gaydos e cores de Lee Loughridge.

O quadrinho se passa na pequena cidade Redenção, localizada no estado do Alabama, um lugar que remete a todos os clichês que você pode imaginar quando se pensa em uma cidade do interior dos EUA, muito conservadora e com grande influência religiosa. Quando o corpo mutilado de um menino é encontrado pela polícia teorias envolvendo um assassinato ritualístico assolam a cidade, causando um grande clamor por justiça e a busca por um culpado. Joel Flood, um jovem rebelde, é acusado e preso pelo crime apenas por, aparentemente, fugir de todos os padrões dos habitantes daquela cidade. No que parece ser uma caça às bruxas feita por uma comunidade indignada e desesperada, entra em cena o advogado Matt Murdock, que assume a defesa de Flood e buscará provar sua inocência.

Como você pode perceber pela sinopse, essa é uma história que foge um pouco não só do que estamos acostumados a ver nas histórias do Demolidor, como de super-heróis em geral. David Hine foca a trama muito mais no lado advogado de Matt Murdock do que em sua persona super-heróica e esse é o grande charme dessa obra. Conforme o caso de assassinato vai sendo elucidado, Matt vai percebendo que aquilo tem pouca relação com justiça, mas sim com preconceito e punição.

Hine é hábil em utilizar a história para mostrar os impactos do fundamentalismo religioso no sistema de justiça dos EUA e como a histeria que toma conta da população de Redenção pode encobrir os rastros do verdadeiro assassino. Além disso, outros segredos da cidade são revelados e logo o leitor descobre que essa acusação não é a única chaga da família Flood, na qual outros membros além de Joel passaram por um grande sofrimento.

Embora não seja um virtuoso, Michael Gaydos apresenta um bom trabalho de ambientação, com toques de terror e suspense que prende o leitor e uma estética que gera um estranhamento que condiz com a situação enfrentada por Matt Murdock. Narrativamente, seu estilo não tem a dinâmica que quadrinhos de super-heróis geralmente apresentam, mas isso casa com a proposta de dar um foco maior ao aspecto de advogado do protagonista, lembrando o que o artista fez em seu trabalho mais conhecido, o excepcional Alias. As cores de Lee Loughridge são essenciais para manter a ambientação sombria, fazendo com que o quadrinho pareça com os trabalhos publicados no selo Max.

O quadrinho foi publicado por aqui pela Panini em Demolidor Anual nº1, no longínquo ano de de 2007 em um formato bastante modesto. Foi essa a edição que li e que é relativamente fácil de ser encontrada em sebos, mas felizmente, graças ao hype da série, a editora já colocou uma nova edição à venda, dessa vez pela Coleção Marvel Essenciais, o que torna mais fácil o trabalho de encontrá-la.


Demolidor – Redenção é uma verdadeira pérola em meio às inúmeras boas histórias protagonizadas pelo demônio de Hell’s Kitchen, talvez não tão comentada por não ter um grande nome envolvido em sua produção. Uma obra que discute sobre preconceito, fundamentalismo religioso e os problemas do sistema de justiça, uma combinação pouco usual para um quadrinho de super-heróis. Sendo fã ou não do Demolidor, vale muito a pena a leitura.

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Ficha Técnica

Editora: Panini
Tradução: EduardoTanaka e Fernando Lopes
Ano de lançamento: 2007/2025
Páginas: 148(edição antiga)/160(nova edição)
Preço: R$14,90 (edição antiga)/ R$86,90 (nova edição)

 

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.