Papo Rápido – Polêmicas do mercado editorial, os X-Hickman e a controversa história sobre Musashi!

Bem-vindos a mais um Papo Rápido, a coluna na qual falo um pouco sobre coisas que eu tenha lido, ouvido ou assistido nos últimos tempos. Conversas rápidas e reflexões aleatórias sobre obras da cultura pop.

Panini e seus deslizes editoriais

Se você está inteirado sobre o que acontece no mercado de quadrinhos brasileiros, sabe que a Panini vem sendo criticada intensamente pelos leitores devido a questões como preço dos produtos e deslizes editoriais. A última polêmica envolveu o omnibus do Conan, lançado recentemente pela editora e no qual constam mais de 60 páginas de extras não traduzidos.

A editora alegou que as páginas em questões eram arquivos que não poderiam ser manipulados e traduzidos, colocando no mesmo balaio coisas como textos datilografados (o que é perfeitamente aceitável não se traduzidos) e coisas como textos extensos dos autores que ajudam a contextualizar a obra e sessões de cartas da época de publicação.

O que eu acho? Olha, tendo muito boa vontade, até dá pra entender a desculpa da Panini, mas não pra aceita-la, ainda mais se considerar que em países como a Espanha TODOS os extras em questão foram traduzidos. Isso dá a impressão que houve certa preguiça por parte do corpo editorial e piora a imagem já desgastada da editora com o público. Mais uma bola fora da editora, que já não parece ter tanto crédito com os leitores.

A tradução de  Recado a Adolf da editora Pipoca e Nanquim

Recentemente a editora Pipoca e Nanquim lançou Recado a Adolf, uma das obras mais renomadas de Osamu Tezuka, mas o que realmente chamou a atenção do público foi a tradução da obra em um trecho específico no qual há uma menção a uma fala do presidente do Brasil (não vou mencionar o nome desse cidadão aqui). Veja abaixo:

Isso gerou um enorme burburinho em grupos de leitores no Facebook entre aqueles que gostaram da referência e aqueles que reclamaram evocando o tal famigerado termo “lacração”, afirmando que a editora estava distorcendo a obra.

O que eu acho? Bom, afirmar que há distorção na mensagem do autor é no mínimo não conhecer a carreira de Tezuka e suas opiniões políticas. Nenhuma tradução é isenta e a editora acertou em alfinetar na obra, ao mesmo tempo em que o sentido da frase permaneceu o mesmo. Essa galera que quer ausência de política nos quadrinhos tem que ler mais, estudar mais, porque está difícil conviver com gente tão tacanha na comunidade de leitores de quadrinhos. Muitos, na verdade, sequer leem as obras.

Parabéns à editora Pipoca e Nanquim pelo posicionamento firme mesmo com todo o incômodo que os editores tiveram que suportar. Precisamos de mais gente assim no mercado editorial.

Os X-Men de Jonathan Hickman

Recentemente a Panini concluiu a publicação das duas minisséries, Potências de X e Casa de X, que dão início a fase de Jonathan Hickman à frente da equipe mutante e eu não poderia estar mais empolgado com isso.

O roteirista americano muda a perspectiva dos mutantes no Universo Marvel, transformando-os em verdadeiros deuses. Ele consegue reunir diversos conceitos interessantes apresentados durante décadas nas revistas dos X-Men e fazê-los soas como novidade. Ver o sonho de Xavier se tornar realidade e em como o líder da equipe está encarando o mundo é uma das melhores coisas que você pode encontrar em quadrinhos de super-heróis na atualidade.

Não perca tempo e leia. O futuro dos mutantes é muito promissor.

A controversa história de Myamoto Musashi contada por Hideki Mori

Eu já comentei algumas vezes por aqui o quanto gosto de histórias de samurai, tanto em filmes quanto em quadrinhos e games, e como a figura de Myamoto Musashi é fascinante, sendo considerando o maior guerreiro do gênero da história do Japão. Cheguei até mesmo a recomendar Vagabond, magnífico mangá escrito e desenhado por Takehiko Inoue que procura contar sobre como um jovem violento se tornou um grande samurai.

Pois bem, recentemente tivemos a publicação de A Besta, pela editora New Pop, que é uma nova perspectiva da história de Musashi contada por Hideki Mori (o desenhista escolhido por Kazuo Koike para ilustrar Novo Lobo Solitário). E essa releitura é boa? Sendo muito direto, não chega nem perto disso.

Mori tem um traço espetacular e uma narrativa muito primorosa, mas peca demais em distorcer a história de maneira que quase nada do personagem histórico permanece no protagonista de sua trama. Ele insere polêmicas super desnecessárias (como um caso de incesto jamais mencionado em qualquer outra obra sobre Musashi), não chega a lugar nenhum e ainda deixa uma sensação de que não contou tudo que queria. O posfácio, escrito pelo próprio autor, explica que a publicação foi cancelada por baixas vendas. Não me surpreende.

Olha, se você quer conhecer a história de Musashi fique com Vagabond ou com os livros escritor por Eiji Yoshikawa. Não perca seu tempo e dinheiro com A Besta.

E é isso. Você tem algo que gostaria de comentar sobre? Deixe aí nos comentários, vamos trocar ideias e recomendações. Até a próxima!

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.