Luz que Fenece – O poder da esperança!

É muito provável que você já tenha tido algum contato com a produção literária da Era Vitoriana, marcada pelo reinado da Rainha Vitória no Reino Unido entre os anos de 1838 e 1901, seja por romances como Jane Eyre e O Monte dos Ventos Uivantes, seja a ficção científica de H.G Wells ou os derivados das obras dessa época, como a Liga Extraordinária de Alan Moore. E é muito interessante como a autora italiana Barbara Baldi transmitiu todo o clima dessa época nas páginas de Luz que Fenece, quadrinho publicado aqui no Brasil pela editora Pipoca e Nanquim.

Luz que Fenece narra a história de Clara, uma jovem aristocrata inglesa que após o falecimento de sua avó, lady Sutherland, passa por grandes transformações em sua vida junto à sua irmã, Olívia, e os criados que vivem na imensa propriedade da família, a Mansão Flintham Hall. Com a partida da provedora da família, não demora para que as relações familiares, com a sociedade e a situação econômica comecem a ser desestabilizadas, ainda mais após a divisão dos bens na leitura do testamento. Clara, até então uma jovem burguesa sem maiores preocupações e apaixonada pela música, terá que arcar com responsabilidades com as quais ela não está acostumada e passará por provações para garantir sua sobrevivência e a continuação do legado de sua família. Com tudo isso, o leitor irá se questionar: quanta dor tempo luz pode aguentar antes de fenecer?

Barbara Baldi demonstra uma incrível sensibilidade ao narrar a história de Clara, seja ao mostrar momentos mais introspectivos da protagonista, como ao mostrar sua relação com a música, seja em momentos em que a personagem precisa demonstrar toda sua força para superar as adversidades. Mesmo que a história seja simples em sua essência, ainda apresenta uma beleza singular que faz com que o leitor se envolva com a história.

A arte de Barbara é um verdadeiro desbunde, apresentando uma mescla entre aquarelas e arte digital que faz com que pareça que a história está sendo contada através de quadros produzidos na Era Vitoriana, além de uma excelente demonstração de emoções através da expressividade dos personagens. Um trabalho delicado, mas muito poderoso, visto que devido ao pouco volume de texto, esse é um trabalho mais para ser visto e sentido do que lido e nisso a autora se sai muito bem. Não é a toa que ela vem sendo premiada na Europa e onde seu trabalho é publicado.

Entretanto, nem tudo são flores neste trabalho. Este é o primeiro quadrinho de Barbara e, por causa disso, ela acaba cometendo alguns erros na narrativa. O quadrinho tem muitas passagens bruscas de tempo, não sabe como se resolver em algumas viradas de página (com algumas elipses sendo prejudicadas) e possui algumas motivações muito convenientes de alguns personagens. São pontos que comprometem um pouco a qualidade da obra, mas que são compreensíveis no caso de autores iniciantes e tenho certeza que com todo talento que a autora apresentou, conseguirá resolver isso em futuros trabalhos.

O trabalho editorial da Pipoca e Nanquim é sempre muito bom e aqui isso não é diferente. O trabalho gráfico da edição reflete completamente a ambientação da história, com um acabamento luxuoso na capa que tem uma textura que lembra convites de festas luxuosas e papel pólem que transmite certo envelhecimento nas páginas para remeter á época na qual a história se passa. É tudo muito bem pensado e por isso a editora merece os elogios que vem recebendo.

Luz que Fenece é um trabalho que merece ser lido, muito por causa de seu impacto visual e por apresentar um estilo de arte que não estamos acostumados a ver por aqui. Fico feliz que Barbara Baldi tenha sido apresentada para o público brasileiro e estou ansioso para ler seus próximos trabalhos. Ela merece a atenção que vem ganhando ao redor do mundo e espero que também a tenha por aqui.

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Ficha técnica

Editora: Pipoca e Nanquim
Tradução: Júlio Schneider
Ano de lançamento: 2019
Páginas: 124
Preço: R$69,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.