Matar ou Morrer – Quem vigia os vigilantes?

Ed Brubaker e Sean Phillips formam uma das duplas mais prolíficas e renomadas dos quadrinhos nos últimos anos, tanto por seus trabalhos em grandes editoras, quanto, principalmente, por seus trabalhos autorais. Ao lado da colorista Elisabeth Breitweiser, a dupla concebeu Matar ou Morrer, série que mistura sobrenatural e questões sociais, que foi lançada em quatro volumes no Brasil pela editora Mino.

O quadrinho nos mostra a história de Dylan, um jovem atormentado mentalmente pelos traumas de sua vida que certo dia tenta tirar sua própria vida e acaba sendo impedido por um demônio. Entretanto, esse demônio exige um alto custo para manter Dylan vivo: ele deve assassinar ao menos uma pessoa má por mês. Isso acarretará na transformação de Dylan em uma espécie de justiceiro, fazendo com que a polícia inicie uma perseguição contra ele e que suas ações como vigilante comecem a impactar nos relacionamentos com sua mãe e seus amigos.

Um dos grandes acertos do roteiro de Brubaker é fazer com que a história seja contada em primeira pessoa, fazendo com que o leitor entre na mente de Dylan e comece a ver o mundo por seus olhos. O autor aproveita a oportunidade para fazer o leitor se questionar sobre o que é real na trama, se demônios realmente existem ou se tudo é apenas uma consequência da debilitada saúde mental do protagonista. Há também um relacionamento muito bem trabalhado de Dylan com Kira, uma amiga/namorada que apresenta um outro ponto de vista sobre a história e que em alguns capítulos se torna uma espécie de co-protagonista.

É claro que, além de colocar o leitor no ponto de vista do protagonista, o roteirista aproveita para discutir questões a respeito das ações de Dylan. Quem decide quem são os maus e quem pode morrer ou não? Esse tipo de punitivismo funciona? Ao invés de glorificar esse tipo de coisa e transformar a história em uma espécie de filme de Charles Bronson, Brubaker conhece muito bem os temas com os quais está lidando e apresenta opiniões muito contundentes e críticas sobre tudo isso.

Com relação a arte, Sean Phillips pode não ter um dos traços mais belos da indústria, mas possui um grande domínio da narrativa, sabendo alternar entre um estilo mais cinematográfico e algo mais intimista. É interessante também notar seu trabalho com expressões faciais, em vários momentos é possível saber o que um personagem está pensando mesmo que não haja nenhum balão no quadro. Tudo isso é muito bem complementado pelo trabalho de cores de Elisabeth Breitweiser, que imprime o clima de história noir que o quadrinho busca seguir.

A editora Mino teve um grande acerto quando anunciou que havia adquirido todo o catálogo de obras autorais de Brubaker e Phillips. A publicação de Matar ou Morrer é composta de quatro volumes em capa dura e papel couché, sendo que nenhum dos volumes possui extras, com exceção das capas da série. Há alguns erros de revisão ao longo dos volumes, mas nada que impacte profundamente na leitura. A editora vem fazendo ótimas adições ao seu catálogo nos últimos tempos, algo que a torna forte concorrente a marcar presença de peso nas listas de melhores quadrinhos do ano.

Matar ou Morrer é mais uma demonstração do talento de Ed Brubaker e Sean Phillips, funcionando tanto para fãs da dupla quanto para aqueles leitores que querem conhecer seus trabalhos. Uma mistura interessante entre sobrenatural e questões sociais que prende o leitor já nos primeiros capítulos. Facilmente uma das melhores coisas que você pode ler este ano.

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Ficha técnica

Editora: Mino
Tradução: Dandara Palankof
Ano de lançamento: 2021/2022
Páginas: 144
Preço: Entre R$79,90 e R$89,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.