Maxwell – O Gato Mágico – Uma faceta diferente do mago dos quadrinhos!

Quando se fala sobre Alan Moore logo vem à mente trabalhos seminais dos quadrinhos como Watchmen, V de Vingança, Miracleman, entre outros que moldaram a indústria como a conhecemos hoje. Entretanto, há uma faceta de Moore que boa parte dos leitores desconhece, bem-humorada e inventiva, que pode ser apreciada em Maxwell – O Gato Mágico, um de seus primeiros trabalhos que foi publicado por aqui pela editora Pipoca e Nanquim.

Esse trabalho é uma coletânea das tiras semanais produzidas por Moore, sob o pseudônimo de Jill de Ray, para o jornal Northants Post (da cidade onde o autor mora, Northampton) entre os anos de 1979 e 1986 e protagonizadas por um gato falante que caiu na Inglaterra vindo dos céus e o garotinho que o adotou, chamado Norman Nesbitt. Durante o período em que a tira foi publicada, os leitores ingleses puderam acompanhar o humor ácido de Moore ao comentar acontecimentos que iam desde a política britânica até comerciais de fitas cassete na tv.

Moore é um dos maiores gênios que essa mídia já viu e em Maxweel presenciamos seu início de carreira e a maneira como ele estava se descobrindo como autor. Ao longo de tirinhas de meros cinco quadros, Moore explora tanto sua capacidade de reagir rapidamente à eventos que estão acontecendo ao seu redor, como também quais os limites dos quadrinhos narrativamente falando, brincando com os recursos que a mídia proporciona e arrancando boas risadas do leitor no processo.

Aliás, essa é uma das raras oportunidades de ver o trabalho de Moore como desenhista, no qual ele até que se sai muito bem, embora a tira não exija muito de seu traço na maior parte do tempo. É possível perceber como esse trabalho regular como desenhista o ajudou a aprimorar sua narrativa e que sem ele provavelmente ele não teria apresentado o apuro visual que observamos em Watchmen, por exemplo.

É claro que, embora competente, o trabalho de Moore como autor de tiras não é genial no nível de autores como Bill Waterson e Charles Schulz, e isso é até natural por ser seu início de carreira. Entretanto, é aqui que vemos da forma mais clara possível os posicionamentos de Moore sobre diversos assuntos, como política, religião, guerra, tabloides etc, proporcionando uma clara perspectiva sobre a mente do autor e seus pensamentos.

A editora Pipoca e Nanquim sempre faz um trabalho competente em suas publicações, mas aqui vários pontos merecem destaque. Além do belo acabamento gráfico, essa é uma compilação inédita no mundo e a primeira vez que essas tiras são publicadas em outro idioma que não o inglês, um belo trabalho de resgate. As notas editoriais, tanto do editor Alexandre Callari quanto, principalmente, do tradutor Érico Assis, trazem explicações muito contundentes quanto à fatos que Moore estava explorando na tira, algo muito importante para que se entenda algumas piadas que precisam de contexto.

Há também um prefácio de Eddie Campbell (o artista de Do Inferno) exaltando o trabalho de Moore, um posfácio do próprio autor comentando a obra, suas motivações e, por incrível que pareça dizendo que não acha essas tirinhas grande coisa, um texto de Flávio Pessanha, um dos maiores especialistas no trabalho do autor, sobre a carreira de Moore, sua fase como autor de tiras e a importância de Maxweel na trajetória dele, uma galeria de arte homenageando o personagens com diversos grandes nomes como Dave Gibbons e Kevin O’ Neil, e também a última tira do personagem, publicada em 2016 junto de uma carta de Moore na qual ele faz duras criticas sobre a imprensa. Enfim, um trabalho editorial excepcional e completo.

Maxweel – O Gato Mágico é indispensável para qualquer leitor que se considere fã de Alan Moore, assim como também pode funcionar como porta de entrada ao seu trabalho. É um belo exemplo de como o velho mago de Northampton sempre tem um truque novo para nos mostrar. E sempre acaba valendo a pena.

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Ficha técnica

Editora: Pipoca e Nanquim
Tradução: Érico Assis
Ano de lançamento: 2020
Páginas: 132
Preço: R$59,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.