Ogiva – Lovecraft, Mad Max e Brasil!

Já faz algum tempo que a produção nacional de quadrinhos tem se diversificado nos mais diversos gêneros, desde a ficção científica, passando por histórias de terror e ação, até algo mais “retrato do dia-a-dia”, classificado em “slice of life”. Você já imaginou uma história pós-apocalíptica ambientada no Brasil, com referências à Mad Max, The Last of Us e Lovecraft, na qual um grupo de sobreviventes tem que escapar de criaturas medonhas para salvar uma criança? É isso que você encontrará em Ogiva, quadrinho escrito por Bruno Zago e desenhado por Guilherme Petreca.

O quadrinho se passa dez anos após a misteriosa invasão de criaturas que devoram seres humanos dominar o planeta. A raça humana tenta contra-atacar, utilizando ogivas para derrotas os monstros, mas tudo fica ainda pior quando dos cadáveres das criaturas surgem diversas outras. Poucas pessoas que restaram lutam para sobreviver em uma terra devastada, entre elas está Pilar, uma mulher que assumiu a responsabilidade de cuidar de Sara, uma garota órfã, e acompanhá-la em uma longa e perigosa jornada até seu único familiar vivo.

Bruno Zago é conhecido por seu trabalho no Pipoca e Nanquim, seja no tradicional canal de youtube, seja na editora que eles fundaram em 2017, sendo Ogiva sua estreia como autor. O roteiro dele é simples, porém interessante, apresentando uma trama que diverte o leitor e que agradará àqueles que gostam de buscar referências em uma obra. O relacionamento entre os personagens é bem desenvolvido, trabalhando o apego do leitor a eles para apresentar um final surpreendente.

Entretanto, muito por ser o primeiro trabalho do autor, a obra tem sim seus problemas. Os diálogos são um pouco duros, em vários momentos não parecem falas ditas por uma pessoa, mas algo roteirizado. Algumas situações acabam sendo um pouco incompatíveis com o cenário no qual os personagens estão vivendo, como uma criança saindo para comer sozinha do lado de fora de sua casa, e por ter diversas referências a história acaba perdendo sua originalidade.

O ponto alto da obra é a arte de Guilherme Petreca, bastante suja para ilustrar os cenários devastados, mas sensível e limpa para apresentar os personagens. O trabalho de expressividade que ele faz é muito bom, você consegue saber o que um personagem está sentindo mesmo que ele não esteja falando nada. Sua narrativa é muito dinâmica, principalmente nas cenas de perseguição de carros que são sensacionais.

A edição da Pipoca e Nanquim, como sempre acontece em suas publicações, possui um belo acabamento em capa dura e com papel de boa qualidade. Além da história, temos extras que mostram como aquele mundo foi construído pelos autores através de rascunhos e alguns textos que aprofundam alguns aspectos da história.

Ogiva é um quadrinho descompromissado que diverte, mesmo apresentando alguns problemas. Lembra alguns blockbusters de médio orçamento que encontramos aos montes nas salas de cinema. Há algumas pontas soltas que indicam que ainda veremos mais histórias sendo contadas nesse universo, vamos ficar de olho nas novidades. Para um primeiro trabalho, esse foi um bom início.

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Ficha técnica

Editora: Pipoca e Nanquim
Ano de lançamento: 2020
Páginas: 220
Preço: R$79,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.