Papo Rápido – O mais recente filme do Homem-Aranha, O incrível trabalho de Jeff Lemire, The Boys, Os Deuses caminhando pela América e um Superman malvado!

Bem-vindos a mais um Papo Rápido, a coluna na qual falo um pouco sobre coisas que eu tenha lido, ouvido ou assistido nos últimos tempos. Conversas rápidas e reflexões aleatórias sobre obras da cultura pop.

Homem-Aranha – Longe de Casa é um bom filme?

Faz um certo tempo que assisti o mais recente filme da Marvel, que encerra a fase três do UCM. Por causa da vida, não consegui escrever uma resenha na época de lançamento e acabei perdendo o timing para isso. De qualquer forma, vou aproveitar essa coluna para tecer alguns breves comentários sobre esse filme.

Aqui vemos as consequências das ações de Thanos na vida de Peter Parker e seus amigos, que decidem sair de férias na Europa para relaxar após as tensões causadas pelos eventos acontecidos nos filmes anteriores. Peter acaba conhecendo Quentin Beck, um suposto herói de outra dimensão chamado Mystério que o ajuda a combater criaturas místicas que estão aparecendo ao redor do mundo, mas que acaba se revelando uma figura não tão heroica quanto aparentava ser.

Tom Holland continua mandando muito bem como Homem-Aranha, ainda que eu ache que em seus filmes solos ele se torne um personagem muito diferente do que aparece quando é dirigido pelos irmãos Russo. Ele parece muito mais irresponsável e egoísta em suas aventuras solo, além do estilo pupilo de Tony Stark incomodar um pouco. Mesmo assim, a interação dele com seus amigos Ned e Michelle, com a qual acaba desenvolvendo um relacionamento amoroso neste filme, são muito divertidos.

Jake Gylenhall se sai muito bem no papel de Mystério, sendo um dos destaques do filme tanto por sua atuação quanto pelas lutas contra o protagonista, a equipe de efeitos especiais conseguiu transmitir de forma muito fiel aos quadrinhos os “poderes” do vilão.

Se você ainda não foi assistir Longe de Casa, aproveite que o filme ainda está em cartaz e vá conferir, é uma ótima diversão descompromissada. Ah, e o filme tem uma cena pós créditos sensacional, fique até o fim da sessão.

Lemire continua acertando com Black Hammer

É meio redundante ressaltar as habilidades de Jeff Lemire como escritor de quadrinhos, mas fica impossível não o fazer ao ler seus trabalhos mais recentes. Recentemente li o terceiro volume de Black Hammer, A Era da Destruição – Parte 1, e essa série continua sensacional.

Claro que não há nada de muito novo na proposta da série, uma espécie de homenagem à clássicos arquétipos de super-heróis utilizando a desconstrução do gênero como apoio, mas o trabalho de Lemire é brilhante devido ao relacionamento que ele constrói entre os personagens, em como ele faz com o que o leitor se afeiçoe a eles. Tudo isso acompanhado pela ótima arte de Deam Armostrong.

Neste volume diversos segredos são revelados, e o autor sabe muito bem como criar um gancho que te faça ficar ansioso pela continuação da história. Há ainda homenagens e menções muito interessantes à personagens da Vertigo, algo que eu particularmente não esperava.

A editora Intrínseca merece elogios por trazer esta série para o Brasil, espero que ela também traga seus spin-offs. Não perca tempo e leia.

E não é que The Boys é bom?

Recentemente, a série que adapta os quadrinhos de Garth Ennis e Derick Robertson estreou no serviço de streaming Amazon Prime. Fui conferir com um pouco de receio, já que por mais que Ennis tenha trabalhos muito interessantes como Justiceiro Max, Hellblazer e seus quadrinhos de guerra, ele se tornou famoso pelo o que eu chamo de gibi adulto para adolescentes de 15 anos, como Preacher, Crossed e o próprio The Boys. Maratonei a série e posso afirmar que é muito melhor do que eu esperava.

Os produtores e roteiristas foram muito hábeis em cortar todos os famosos excessos de Ennis, tornando a história mais coesa e menos chocante. Mesmo assim, há bastante violência, sexo e atitudes morais contestáveis por parte dos personagens.

Claro que não há nada de novo abordado aqui, já que a desconstrução dos super-heróis é um tema frequente nos últimos trinta anos, mas aqui é tudo muito bem feito. Acompanhamos a história do grupo composto por Hughie, Billy Butcher, Leitinho, Francês e Fêmea que por um motivo ou outro, tem ódios dos super-heróis que habitam seu mundo e decidem coloca-los na linha. Conforme a série vai avançando, começamos a entender porque esses heróis na verdade não têm nada de heroico, sendo seres desprezíveis que estão envolvidos numa trama política.

As atuações são bem legais, mas os destaques ficam para Karl Urban como Buthcer e Antony Starr como Capitão Pátria, o Superman deste mundo. O antagonismo dos personagens é bem intenso e a interação entre eles é sensacional.

A série é bem curtinha, são apenas oito episódios, mas a Amazon já confirmou mais duas temporadas. Se você é fã do gênero, dê uma chance à The Boys.

Os Deuses são reais se você acredita neles

Neil Gaiman é um dos meus escritores favoritos. Adoro trabalhos como Sandman, Livros da Magia, Violent Cases, as histórias curtas que ele fez para Constantine e Monstro do Pântano, entre outros quadrinhos. A primeira experiência que eu tive com seus trabalhos na literatura foi com o ótimo Oceano no Fim do Caminho, um livro que explora as memórias, de maneira semelhante com o que ele fez em Violent Cases. Depois disso, fui direto para sua obra mais aclamada e premiada nesta mídia, Deuses Americanos, mas não consegui finalizar a leitura, mesmo tentando duas vezes, por achar o último terço do livro muito chato. Recentemente, após alguns anos dessas tentativas, peguei o livro pra ler novamente e finalmente consegui finalizar a leitura. Embora ainda ache que o livro tem alguns problemas de ritmo, acho a temática e a história dele interessantíssimas e se você também é fã de Gaiman com certeza deve dar uma chance a esta obra.

Em Deuses Americanos acompanhamos a história de Shadow Moon, um cara que já passou por muita coisa na vida e acabou sendo preso por alguns erros. No início do livro ele está saindo da cadeia após cumprir sua pena, mas acaba recebendo uma péssima notícia. E meio a esse misto de liberdade e tristeza, ele acaba conhecendo Wednesday, um velho senhor misterioso que o levará a uma viagem pelos Estados Unidos em busca de velhos e antigos deuses.

Neste mundo criado por Gaiman, os deuses são personificados e vivem nos Estados Unidos como pessoas comuns, tendo sido trazidos para lá pelos imigrantes que acreditavam neles. Há divindades nórdicas, africanas, orientais e também conceitos que acabaram se tornando deuses como a mídia, a tecnologia, as estradas, ferrovias etc. A força de um deus equivale a crença que seus fiéis têm nele, ao passo que eles desaparecem quando ninguém mais crê neles. É muito interessante a forma com que o autor procura contar a origem dos Estados unidos através das crenças daquelas pessoas que construíram esta nação, ainda que ele peque um pouco no ritmo do livro, que se torna demasiadamente lúdico em seus últimos capítulos e pode acabar afastando o leitor, como aconteceu comigo algumas vezes. Mesmo assim, quando a história se encerra você tem a sensação de que leu um ótimo livro, repleto de referências e com uma escrita bastante particular.

Recentemente o livro ganhou uma adaptação em forma de série pelo Amazon Prime, que já conta com duas temporadas. Vou tentar assistir o mais breve possível e volto aqui pra comentar sobre as possíveis diferenças.

Um Superman malvado… de novo?

Mark Waid é conhecido por ser um dos maiores especialistas em cronologia dos super-heróis e uma das referências quando falamos de autores que procuram trazer a essência do gênero em suas histórias. Tentando fugir um pouco disso, ele criou a série Imperdoável, que conta a história do Plutoniano, uma espécie de Superman que por algum motivo acabou se tornando o vilão mais cruel do mundo no qual a história se passa.

O quadrinho é até bem escrito, mas acho que Waid chegou um pouco atrasado nesse tipo de história, já que qualquer leitor de quadrinhos um pouco mais experiente já viu esse tipo de proposta diversas vezes. Além disso, por ter saído por uma editora pequena lá nos EUA, no caso a Boom Studios, Waid não pôde contar com um desenhista muito renomado, o que fez com que o quadrinho tivesse a arte super genérica de Peter Krause, o que fez com que este trabalho perdesse boa parte de seu impacto.

O quadrinho vale a pena? Bom, acho que só se você for um grande fã do trabalho de Mark Waid ou se não tiver visto esse tipo de desconstrução antes. Se este não for seu caso, pode deixar passar tranquilamente. Não vai estar perdendo nada demais.

E é isso. Você tem algo que gostaria de comentar sobre? Deixe aí nos comentários, vamos trocar ideias e recomendações. Até a próxima!

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.