Primavera em Tchernóbil – A vida está presente nos lugares mais improváveis!

Documentários são fontes de informação sobre os assuntos mais variados, desde os temas mais simples e bobos, como a forma em que um produto é feito, até temas mais complexos, como grandes desastres ocorridos na história da humanidade. Essa vertente do jornalismo pode ser feita nas mais diversas mídias, sendo os quadrinhos uma das mais prolíficas.  E é isso que Emmanuel Lepage explorou em Primavera em Tchernóbil.

20 anos após o incidente em Tchernóbil, a maior catástrofe envolvendo energia nuclear na história da humanidade, ocorrida em 1986, um grupo de artistas e ativistas visita o locam a fim de documentar a vida dos sobreviventes da tragédia que habitam as terras contaminadas. Enviado para representar paisagens brutais de desastre e a loucura do homem, Emmanuel Lepage se surpreende com a inesperada beleza que encontra naquele inóspito lugar.

O quadrinho acerta em cheio ao construir uma narrativa humanizada que traz o leitor para a história, afinal, tendo lido notícias sobre Tchernóbil, é natural que pensemos como o autor antes de sua viagem, que esta é uma região destruída pela ganância humana e que a única coisa que se encontrará nas pessoas que ali vivem é tristeza. Mas Lepage é hábil em transmitir sua mudança de pensamento sobre o assunto para o leitor, fazendo que também mudemos nossa forma de pensar ao visualizar um lugar que, por mais que tenha passado por grande sofrimento, possui beleza e felicidade.

Isso não é representado não somente no texto, que é muito impactante, mas também na arte e, principalmente, nas cores. É muito bela e sensível em como o autor vai abandonado o preto e branco com tons de cinza e adotando cores mais vivas conforme vai descobrindo que aquele local não abriga somente sentimentos negativos e que as vezes temos visões pré-concebidas sobre certos assuntos que podem ser transformadas quando obtemos mais informações sobre.

Claro que, além de um relato sobre as pessoas que ali vivem, o autor propõe reflexões sobre política e a soberba humana. Aliás, até mesmo o pensamento sobre esses assuntos é modificado quando o autor conversa mais com os habitantes de Tchernóbil, percebendo que há muito mais além do “preto e branco”, certo e errado que tendemos a conceber sobre esses temas.

A edição da Gekktopia, selo de quadrinhos da editora Novo Século, é muito bonita, com capa dura, papel couché de alta gramatura e um tratamento editorial competente no aspecto de tradução e revisão. Não há extras além de uma curta biografia do autor. Esse foi um grande acerto da editora, que andou um pouco sumida nos lançamentos de quadrinhos, mas agora parece ter voltado com mais consistência e espero que continue assim, já que é sempre bom termos mais editores apostando em quadrinhos que fujam do comum.

Primavera em Tchernóbil é um relato sobre como apesar de enormes tragédias, as pessoas acabam encontrando esperança e felicidade. Traz reflexão sobre a ganância e irresponsabilidade presente em nossa sociedade, algo muito importante. Sem dúvidas um dos melhores lançamentos deste ano, não perca tempo e leia.

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Ficha técnica

Editora: Geektopia
Tradução: Fernando Paz
Ano de lançamento: 2020
Páginas: 168
Preço: R$ 79,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.