A Arte de Charlie Chan Hock Chye – Um Verdadeiro Petardo!

Quando falamos sobre quadrinhos, logo pensamos no tradicional formato de quadros delimitados por margens e sequenciais, com closes simples nos personagens e nos ambientes. Mas de vez em quando há alguns autores que subvertem esse formato, levando a mídia à lugares pouco explorados e trazendo um frescor muito bem-vindo aos leitores. Sem sombra de dúvidas, Sonny Liew fez isso em A Arte de Charlie Chan Hock Chye.

Neste trabalho Sonny Liew conta a história de Singapura sob a perspectiva de Charlie Chan Hock Chye, um fictício cartunista septuagenário que vem produzindo quadrinhos no país desde 1954, quando tinha apenas 16 anos. Conforme Charlie Chan relembra sua trajetória ficamos sabendo mais sobre todo panorama social e político de Singapura nas últimas cinco décadas e em como isso influenciou seu trabalho.

É impressionante como Liew explora a história de Singapura de forma bastante didática, não se tornando maçante em nenhum momento e sempre mantendo a atenção do leitor. Ele aproveita a história para referenciar diversas de suas influências nos trabalhos de Charlie Chan, como Frank Miller, Osamu Tezuka, Wally Wood, Jacky Kirby, Carl Barks, entre outros. É muito natural a forma como Liew altera seu traço para referenciar estes grandes mestres, ao mesmo tempo que faz o leitor criar certa curiosidade para saber qual será a próxima homenagem que será feita.

O quadrinho é bastante político, já que Liew não deixa de tecer comentários bastante pessoais sobre diversos acontecimentos relatados durante a história. O autor analisa a atual situação de Singapura, todas as conquistas e perdas que ocorreram durante todos esses anos e questiona se tudo isso valeu a pena. Ele deixa a resposta para o questionamento nas mãos do leitor, mas ao ver tudo que aconteceu, a resposta fica bastante clara.

Além de alternar o tipo de traço e narrativa durante a obra e tecer alguns comentários, Liew também insere recortes, pinturas, esboços e estudos de personagens que teriam sido feitos por Charlie Chan durante toda sua carreira. Essas inserções ajudam a entender quais as emoções que o protagonista estava sentindo, assim como ressaltam a versatilidade de Sonny Liew. Sério, esse cara é uma das grandes mentes da atual indústria de quadrinhos. É preciso muito talento para construir uma história tão fora do comum, mas ao mesmo tempo tão atrativa ao leitor.

Além do excelente conteúdo, o aspecto gráfico do quadrinho também merece todos os elogios possíveis. O pessoal do Pipoca & Nanquim mais uma vez fez um excelente trabalho, já que além de replicar de forma perfeita a edição original (com capa dura, sobrecapa e papel de ótima qualidade), também aplicou alguns ajustes apontados pelo próprio Sonny Liew. O quadrinho é tão diferenciado que a história já começa na guarda, algo que mostra como o projeto gráfico está muito atrelado ao conteúdo da publicação. Para quem reclama do preço das publicações da editora, aqui temos um preço super justo para o material apresentado.

A Arte de Charlie Chan Hock Chye é um trabalho espetacular, que aborda os quadrinhos de uma forma pouco vista, e que se equipara a grandes obras como Maus e Persépolis. Não à toa, o quadrinho recebeu seis indicações ao Prêmio Eisner, faturando três estatuetas nas categorias de Melhor Edição nos EUA de Material Internacional – Ásia, Melhor Roteirista/Artista e Melhor Design de Publicação. Com certeza estará em diversas listas de melhores lançamentos deste ano em nosso país. O que você está esperando para garantir a sua edição?

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Ficha técnica

Editora :  Pipoca & Nanquim
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 320
Preço: R$ 69,90

 

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.