Monstress: Despertar – É tudo isso mesmo?

Se você está um pouco mais ligado na indústria de quadrinhos, sabe que há pouco tempo aconteceu o anúncio dos vencedores do Prêmio Eisner, considerado o Oscar dos quadrinhos, e que um dos grandes vencedores foi a série Monstress (com cinco troféus, entre eles Melhor Roteirista e Melhor Série Contínua), escrita por Marjorie Liu e desenhada por Sana Takeda, que já vem chamando a atenção e angariando prêmios, como o renomado Prêmio Hugo, há algum tempo. A editora Pixel lançou o primeiro volume da série por aqui recentemente, como o subtítulo Despertar, e a pergunta que fica é: O quadrinho é tudo isso mesmo?

Em Monstress conhecemos um mundo alternativo que mistura fantasia com um clima steampunk e um pouco da cultura europeia e asiática, no qual acompanhamos a história de Maika Halfwolf, uma adolescente que sobrevive à guerra cataclísmica entre os humanos e seus inimigos odiosos, os Arcânicos. A garota deve enfrentar incríveis perigos, tornando-se tanto caça quanto caçadora ao tentar desvendar acontecimentos de seu passado, fugindo daqueles que querem usá-la.

É preciso dizer que o roteiro de Marjorie Liu exige a completa atenção do leitor, já que a maneira com que ela constrói o mundo no qual se passa a história é um pouco diferente do comum. Temos a apresentação de conceitos sem explicação imediata, os quais o leitor já deve compreender como existentes e que são detalhados em momentos posteriores da história, seja por personagens da trama, seja por divertidos apêndices de alguns capítulos. Você encontrará diversas influências na trama, como Sandman (não à toa, há um texto de Gaiman na contracapa), mas também grande originalidade, chegando até a questionamentos filosóficos sobre os monstros que cada ser humano tem dentro de si. Tudo é muito bem pensado na história, fazendo o leitor ficar ansioso para ler o próximo capítulo, tanto para saber o que aconteceu no passado, quanto para ver o que acontecerá no futuro.

A roteirista traz uma perspectiva diferente à história ao fazer com que a grande maioria dos personagens sejam mulheres. Além disso ser importante por subverter o padrão comum de histórias fantásticas em geral, também é interessante acompanharmos uma guerra sob a perspectiva feminina, algo que eu ainda não tinha visto em nenhum tipo de obra, seja ficcional ou não. Tudo isso é feito de forma natural e nos faz pensar sobre a razão de não ser feito com mais frequência.

Por mais que o roteiro de Liu seja bastante interessante e muito bem montado, é inegável que a arte de Sana Takeda é essencial para tornar a história o que ela é. Cada quadrinho é uma obra de arte, traduzindo em imagens o clima onírico que a história procura passar, fazendo o leitor ficar de queixo caído a cada virada de página. Claro que além de uma arte bela, Takeda também apresenta uma narrativa bastante ágil e dinâmica, apresentando uma mescla bastante incomum entre o quadrinho japonês e o quadrinho franco-belga.

Além do conteúdo ser de alto nível, a edição da Pixel honra a qualidade da história. Com capa dura cheia de efeitos envernizados belíssimos, papel de ótima qualidade e um trabalho editorial muito bem feito, principalmente na revisão, o quadrinho chama a atenção na prateleira. Eu espero que as vendas sejam boas e que a editora continue publicando a série. Ao menos a editora já confirmou que as negociações para a publicação do segundo volume já estão em andamento.

Monstress é uma leitura que exige bastante do leitor, mas a recompensa é garantida no final da leitura. É essencial para fãs de fantasia ou de boas histórias em geral e com certeza irá figurar em diversas listas de melhores quadrinhos desse ano. Respondendo á pergunta do título, Monstress é tudo isso e muito mais. Leia sem medo.

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Ficha técnica

Editora : Pixel
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 196
Preço: R$ 49,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.