Samurais são figuras bastante enraizadas na cultura pop. Os lendários guerreiros japoneses nos causam grande fascínio, seja em narrativas mais intimistas e reflexivas, como Vagabond e Lobo Solitário, seja em histórias que tem maior foco na ação, como Samurai X e Samurai Champloo. Sejam em séries, quadrinhos ou filmes, esses guerreiros atraem a atenção do público por diversos motivos. Geralmente, são os japoneses que mais produzem histórias estreladas por samurais, mas e quando os ocidentais também se arriscam a contar histórias desses personagens? Será que também temos boas histórias? Okko – O Ciclo da Água, quadrinho escrito e desenhado por Hub (apelido de Humbert Chabuel), responde positivamente a essas questões.
Em O Ciclo da Água, acompanhamos a jornada de Okko, um ronin que lidera um grupo de caçadores de demônio, composto por Noburo, um misterioso gigante que esconde seu rosto atrás de uma máscara rubra, e o monge Noshin, um monge que adora saquê e que possui o poder de invocar os espíritos da natureza, através de um território análogo ao Japão, chamado Pajão (muito criativo não é mesmo?). Quando o jovem pescador Tikku tem sua irmã, a Pequena Carpa, sequestrada, ele contrata o grupo para ajudá-lo a resgatá-la.
É muito interessante a forma como Hub consegue mesclar o realismo e o fantástico na história. O sobrenatural é bastante presente na narrativa, mas o roteirista consegue manter os pés no chão em coisas como o código de honra dos samurais ou mesmo nas batalhas. Aliás, é interessante observar a visão do autor, enquanto ocidental, sobre a cultura oriental e histórias do gênero.
A arte acompanha a qualidade do roteiro, já que Hub pleno controle da narrativa e um traço bem diferente. Ao mesmo tempo que evoca o estilo oriental em seu traço, ele segue uma narrativa mais próxima ao que é feito na Europa, produzindo uma mescla bastante incomum entre essas duas escolas de quadrinhos. Uma curiosidade é que em diversos momentos me lembrei do fantástico desenho Avatar: A Lenda de Aang enquanto lia o quadrinho. Acho que a forma como a história é contada é muito semelhante nas duas obras.
A série completa possui 8 álbuns, sendo dois para cada ciclo (Água, Terra, Ar e Fogo), publicados na França entre 2005 e 2012. A edição da Mythos compila os dois álbuns do Ciclo da Água, que fecha perfeitamente a história, assim você não precisa se preocupar com as continuações. Porém, a editora segue firme na publicação da série, tendo lançado o Ciclo da Terra poucos dias antes deste texto ir ao ar.
Aliás, o trabalho editorial da Mythos é bastante competente. A edição possui formato europeu, capa dura, papel de ótima qualidade e uma revisão eficiente. Como crítica, acho que a editora poderia ter incluído uma biografia do autor, que ainda é desconhecido do público brasileiro (eu mesmo tive que buscar maiores informações em outras fontes). Fica a dica para as próximas publicações.
Okko – O Ciclo da Água é uma ótima leitura pra você que gosta de histórias protagonizadas por samurais ou que está apenas está procurando algo fora do nicho dos super-heróis. Espero que a série faça sucesso entre os leitores brasileiros e que tenhamos todos os quatro ciclos publicados por aqui.
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Ficha Técnica
Editora : Mythos
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 100
Preço: R$79,90
Onde encontrar: Livrarias e lojas especializadas
Lucas Araújo
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