Recomendação da Semana – As Duas Faces de Um Crime

Bem-vindos a mais uma Recomendação da Semana, a coluna na qual recomendamos livros, HQs, filmes, séries e álbuns que achamos interessantes. A recomendação de hoje é um filme que discute coisas como violência, fé, a crueldade humana e o sistema de justiça norte-americano numa trama repleta de mistério. A recomendação de hoje é As Duas Faces de Um Crime, filme dirigido por Gregory Hoblit, escrito por Steve Shagan e Ann Biderman(baseado no livro de William Diehl) e estrelado por Richard Geere e Edward Norton.

Tudo começa quando, em Chicago, um arcebispo é assassinado com 78 facadas e um jovem chamado Aaron Stampler (Edward Norton) é visto fugindo da cena do crime coberto com o sangue do arcebispo. Aaron é então considerado o principal suspeito do assassinato e é aí que entra em cena Martin Vail, um renomado advogado que resolve defender o jovem visando toda a repercussão que o caso irá gerar na mídia. Conforme a trama vai avançado, conhecemos mais sobre o passado de Aaron e percebemos que as coisas podem não ser tão simples quanto parecem.

O filme é muito bem conduzido pela direção de Gregory Hoblit, que sabe inserir tensão e mistério nos momentos certos, envolvendo cada vez mais o expectador na trama conforme ela vai se tornando mais complexa. Ao enxergar Aaron pelos olhos de Martin, somos induzidos a inicialmente duvidar do aparentemente frágil rapaz com problemas neurológicos que sofreu muito na infância, mas aos poucos vamos enxergando sua inocência e duvidamos que uma pessoa com esse perfil tenha cometido um crime tão bárbaro.

É claro que apenas uma boa condução não é o suficiente para manter o suspense, e aqui somos apresentados também a grandes atuações. Richard Geere se sai muito bem como um advogado que ama fama, pouco se importando se seus clientes sejam inocentes ou não, contanto que ele se destaque no julgamento e saia em capas de revista e jornais. Embora, aos poucos, ele realmente vá acreditando na inocência de Aaron e transforme seu ponto de vista. Também são muito interessantes seus embates com a promotora Janet Venable, interpretada de forma competente por Laura Linney, que tem que provar que o cliente de Martin é culpado e que utiliza um antigo relacionamento amoroso e profissional com o advogado para prever sua estratégia e destruí-la.

Embora todos tenham boas atuações, é difícil não afirmar que Edward Norton é quem se destaca no filme. A forma como ele desenvolve Aaron para cativar o expectador é brilhante, fazendo com que você não tenha dúvida sobre sua inocência embora todas as provas digam o contrário. Vamos conhecendo cada vez mais o personagem, seus sofrimentos que deram origem a seus problemas neurológicos e percebemos como ele pode ser a verdadeira vítima de toda a situação. Entretanto há momentos em que ele age como um legítimo culpado, o que mexe ainda mais com a cabeça de quem está acompanhando a trama. Essa dualidade é muito bem trabalhada na atuação de Norton e responsável pelo clímax do filme. O mais impressionante é que esse é o primeiro trabalho de Norton, que o levou a ganhar o Globo de Ouro e lhe conferiu uma indicação ao Oscar de melhor Ator Coadjuvante, e demonstra que ele já era talentoso em início de carreira.

Aproveite que, ao menos no momento em que redijo esse texto, o filme se encontra no catálogo do Amazon Prime Video e com isso o acesso fica mais fácil. Com certeza é um dos melhores filmes policiais que eu já assisti, se você curte o gênero, As Duas Faces de um Crime é indispensável.

Ficha Técnica

Duração: 130 minutos
Estúdio: Rysher Entertainment
Direção:
Gregory Hoblit
Roteiro: Steve Shagan e Ann Biderman (baseado no romance homônimo de William Diehl)
Elenco: Richard Gere Laura, Linney, John Mahoney, Alfre Woodard, Frances McDormand, Edward Norton

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.